Seiscentas mil pessoas se mobilizaram neste domingo (21) em
várias cidades do mundo contra as mudanças climáticas, entre elas Nova York,
onde uma passeata histórica reuniu 310 mil manifestantes, segundo os
organizadores, a dois dias da reunião de cúpula da ONU sobre o tema.
Ao som de bandas e exibindo flores gigantes, astros de
Hollywood, políticos, ativistas e estudantes participaram na cidade americana
da Marcha do Povo pelo Clima, que se tornou a maior da História, afirmou a
organização.
“Esta marcha marca uma pauta histórica. Para nós, serve para
que os governantes entendam que há um povo afetado, organizado e mobilizado em
nível mundial. Eles têm que nos ouvir!”, disse à AFP o peruano Juan Pedro
Chang, 57.
Trezentas e dez mil pessoas foram às ruas em Nova York,
segundo o site peoplesclimate.org, que concentrou as 1.572 organizações que
convocaram a passeata. A polícia não divulgou números.
No total, 2.808 eventos aconteceram em 166 países, entre
eles mobilizações simultâneas organizadas em Londres, Paris, Berlim, Rio de
Janeiro, Istambul e Bogotá, reunindo uma cifra de 580 mil manifestantes, entre
eles os de Nova York, segundo os organizadores.
Os protestos aconteceram dois dias antes da reunião de
cúpula do clima em Nova York, convocada pelo secretário-geral das Nações Unidas
(ONU), Ban Ki-Moon, que terá a participação de mais de 120 chefes de Estado.
Um Leonardo Di Caprio de barba espessa, óculos de sol e
boina foi o astro do protesto em Manhattan, do qual também participaram o
ex-vice-presidente americano Al Gore, Ban Ki-Moon e o prefeito de Nova York,
Bill de Blasio.
“Espero que esta voz seja realmente considerada pelos
líderes na reunião de 23 de setembro”, disse Ban. “Não há plano B, porque não
temos um planeta B. Temos que trabalhar e colocar em prática.”
Puxada por faixas que diziam “Marcha do Clima do Povo” e
“Linha de frente da crise e vanguarda da mudança”, a mobilização começou no
Central Park e seguiu até os arredores do rio Hudson, no oeste da ilha.
“Participo da marcha porque quero construir um futuro mais
belo para a minha família”, disse o minerador aposentado Stanley Sturgill, 69,
do Kentucky, que sofre com problemas pulmonares depois de ter passado mais de
40 anos trabalhando na exploração de carvão.
Na Times Square, os manifestantes fizeram um minuto de
silêncio, com o punho erguido.
“Acabamos com nossa água e nossa saúde, e nossa economia
está em declínio. As mudanças climáticas são algo real. Sei que não precisamos
destruir nosso planeta, e que podemos mudar as coisas”, assinalou Sturgill, um
dos oradores, na entrevista coletiva que antecedeu a mobilização.
Para Juan Pedro Chang, de uma delegação de 30 peruanos, as
mudanças climáticas “afetam tudo, agricultura, saúde, alimentação e emprego.
Por isso, tudo tem que ser mudado.”
Dezenas de milhares de pessoas marcharam pelas ruas de
Londres, entre elas vítimas das inundações na Inglaterra no último inverno, bem
como a atriz britânica Emma Thompson, que retornou de uma expedição no Ártico
com o Greenpeace para denunciar o derretimento das geleiras.
Em um ambiente familiar, cerca de 5 mil pessoas
manifestaram-se em Paris, segundo a polícia. “Antes, podíamos dizer que não
sabíamos. Agora, sabemos que as mudanças começaram”, disse o enviado especial
do presidente francês para a proteção do planeta, Nicolas Hulot.
Em Madri, centenas de manifestantes reuniram-se diante do
Ministério do Meio Ambiente exibindo cartazes com as mensagens “Não há planeta
B”, “Mude a sua vida, não o seu clima” e “Nosso clima é sua decisão”.
Em Cairns, Austrália, onde ministros das Finanças do G20 se
reuniam, mais de 100 pessoas usaram corações de papel verdes ao redor do
pescoço.
Outras centenas de pessoas se mobilizaram em Sydney e Nova
Délhi, onde 300 manifestantes exibiram cartazes com mensagens como “Quero
salvar as florestas” e “O carvão mata”, enquanto cantavam palavras de ordem e
dançavam ao som de tambores.
Em Bogotá, participaram 5 mil pessoas, várias de bicicleta e
outras tocando instrumentos musicais fabricados com materiais reciclados.
No Rio de Janeiro, um dos organizadores, Michael Mohallem,
disse ao jornal “O Globo” que mais de 4 mil pessoas participaram da passeata,
que aconteceu na Praia de Ipanema, debaixo de chuva. A cifra difere dos 300
manifestantes divulgados pela “Folha de S.Paulo”, que citou a Polícia Militar.
A ONU quer limitar o aquecimento global a dois graus
centígrados em relação à época pré-industrial. Mas cientistas afirmam que,
devido aos níveis de emissão de gases do efeito estufa, as temperaturas terão
aumentado no fim do século XXI mais de quatro graus em relação àquela época.
A reunião da ONU, que acontecerá na véspera da abertura de
sua Assembléia Geral, visa a preparar as negociações do ano que vem em Paris,
onde deverá ser fechado um acordo internacional que entre em vigor em 2020.
Fonte: Terra
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