A construção de uma economia verde só será possível quando
houver mudança no modelo de produção adotado pela maioria das nações e no
comportamento do consumidor de classe média. Essa foi a conclusão tirada da
quarta edição do Fórum Global de Crescimento Sustentável (3GF), que reuniu
cerca de 300 líderes de seis países na segunda e terça-feira (21), em
Copenhague, na Dinamarca.
No último dia de evento, a primeira-ministra da Dinamarca,
Helle Thorning Schmidt, disse que “a construção de economias verdes não é uma
tarefa fácil, e que as nações precisam trabalhar juntas”. Garantir essa
conexão, disse ela, é o que o fórum buscou fazer.
Governos de países desenvolvidos e em desenvolvimento, empresários,
instituições financeiras e organizações da sociedade civil se debruçaram sobre
os principais desafios para a construção de uma economia verde. Copenhague, a
cidade mais sustentável do mundo, serviu de inspiração para dois dias de
debates, plenárias, rodadas de conversa e negociação, que resultaram em onze
parcerias a serem aplicadas em diversas partes do mundo.
Na última plenária do evento, houve consenso de que o modelo
econômico atual, centrado na produtividade a todo custo, precisa ser mudado. O
ex-presidente do México e atual chefe da Comissão Global de Economia e Clima,
Felipe Calderón, disse que quatro medidas precisam ser adotadas com urgência
pelas nações: a redução na emissão de gases de efeito estufa, a busca de
eficiência energética na indústria, o controle da urbanização e a proteção dos
recursos naturais. “Não é uma alternativa, é algo que precisa ser feito
imediatamente”, disse. A boa notícia, segundo ele, é que é possível garantir
crescimento econômico e, ao mesmo tempo, frear as mudanças climáticas, mas
“para isso, grandes mudanças precisam ser feitas”.
O comportamento do consumidor, especialmente o de classe
média, foi alvo de preocupação no fórum. A ministra de Meio Ambiente do Quênia,
Alice Kaudia, enfatizou que o crescimento da classe média e o aumento do
consumo são tendências preocupantes. Ela disse que, “se o comportamento das
pessoas não mudar, se elas não começarem a pensar em reaproveitamento, em uso
racional e em reciclagem, em pouco tempo não vai haver recursos suficientes
para todos”. O presidente do Conselho Mundial para o Desenvolvimento
Sustentável, Peter Bakker, ressaltou que, se quiserem garantir um mundo melhor
para as futuras gerações, as pessoas terão que reconsiderar alguns hábitos
comuns. “Ter um carro é mesmo a melhor opção? Ou dividir um carro é um modelo
melhor? Os conceitos de propriedade, de compartilhamento, de viver bem, de
felicidade, todos terão que ser reconsiderados”, ressaltou.
Criado em 2011, o Fórum Global de Crescimento Sustentável
conta com a parceria de seis governos: Dinamarca, China, México, Etiópia,
Quênia e Catar. Grandes empresas multinacionais, como Hyundai, Samsung e
Siemens também são parceiras, além de organizações internacionais, como a
Agência Internacional de Energia (IEA, da sigla em inglês), o Pacto Global das
Nações Unidas e a Corporação Financeira Internacional do Banco Mundial (IFC, da
sigla em inglês).
Com o encerramento do fórum, as atenções se voltam para o
Conselho da União Europeia, que deve aprovar, na próxima quinta-feira (23), um
pacote de medidas sobre clima e energia para os próximos 15 anos, com amplos
efeitos sobre os governos dos 28 países-membros e sobre a indústria. Entre as
metas estão a redução em 40% na emissão de gases de efeito estufa e o aumento
da eficiência energética das empresas em no mínimo 30%.
Fonte: Agência Brasil
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