A Agência Internacional de Energia informou dados
preliminares que indicam estabilidade ou até leve redução das emissões de CO2
no setor de energia, a principal e mais resiliente fonte de emissões de gases
de efeito estufa do planeta.
Se confirmada, a emissão de 32,3 GtCO2 em 2014 seria a
primeira queda dissociada de forte recessão econômica (como em 2008, por
exemplo). Em 2014 a economia global cresceu 3%. Houve queda das emissões na
Europa, Estados Unidos e China, os três principais emissores mundiais.
Mas seria este um ponto de inflexão? Teríamos chegado ao tão
esperado pico das emissões de gases de efeito estufa e o inicio de uma nova era
com emissões declinantes nos próximos anos?
Ainda é cedo para estas conclusões por se tratar de números
preliminares e limitados à energia, mas alguns elementos coincidentes – como
esta redução de emissões – mostram que este ponto de inflexão, se já não está
acontecendo, deverá acontecer muito em breve.
O preço do petróleo caiu pela metade ao longo de 2014, o que
em outros tempos significaria redução de investimentos em energias renováveis.
Mas,desta vez foi acompanhado por um expressivo crescimento nos investimentos
em renováveis, que ultrapassou US$ 300 bilhões em 2014.
Nos Estados Unidos, além do óleo, o gás de xisto compete com
carvão mineral e petróleo com menos emissões relativas. A capacidade instalada
de geração de energia elétrica em novos empreendimentos de energia elétrica de
fonte renovável suplantou as novas instalações de termoelétricas.
A nova regulação do EPA para termoelétricas está provocando
o descomissionamento de milhares de MW de geração, ao mesmo tempo que os
incentivos a energias renováveis estão suplantando, com folga, as
termoelétricas que saem do sistema. Em 2015, o fenômeno deve se repetir pelas
projeções da EPA.
Na China, houve crescimento do PIB próximo a 7% mas, com
inédita queda de emissões em 1%. A capacidade instalada de energias renováveis
cresceu fortemente e houve redução do consumo de carvão mineral, motivada
principalmente pelas recentes iniciativas de regulação para redução de emissão
de poluentes locais nas grandes cidades do país.
Na União Europeia, o consumo de carvão mineral – que vinha
num período de crescimento entre 2009 e 2012 – voltou a cair em 2013 e 2014,
empurrado pelo processo de eliminação gradual dos subsídios para combustíveis
fósseis com vistas a zerar subsídios em 2020.
Em 2014, durante a Cúpula de Clima, em setembro em NY,
fundos de investimento e fundos de pensão, juntamente com o setor industrial e
seguradoras, firmaram compromissos de redução de investimentos relacionados a
combustíveis e aumentaram, significativamente, os investimentos em indústrias
de baixo carbono.
Os desinvestimentos em companhias reféns de combustíveis
fósseis começaram a ganhar escala. As desistências de construção de novas
termoelétricas já supera o numero de termoelétricas que estão sendo construídas
sendo o relatório Coalswam 2015.
Com estes sinais, não será surpresa se, em 2015, as emissões
não crescerem, mas recuarem. Uma surpresa boa para todos, pois aumenta as
chances de conseguirmos limitar as emissões ao orçamento de 1 mil GtCO2 de 2012
a 2099.
Fonte: Planeta Sustentável
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