A Fundação SOS Mata Atlântica e o Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais (INPE) lançaram na quinta-feira (14) dados inéditos sobre a
situação da Mata Atlântica no Estado do Rio de Janeiro. O anúncio foi feito na
abertura do Seminário do Viva a Mata – Encontro Nacional da Mata Atlântica, no
Jardim Botânico do Rio de Janeiro. A partir de uma nova metodologia, foi
reduzida de 3 hectares para 1 hectare (ha) a área mínima identificada nas
imagens, o que permitiu um raio-x mais preciso, que inclui fragmentos
florestais em estágios iniciais de regeneração (vegetação natural). A análise
revela que o estado do Rio tem hoje 30,7% (cerca de 1,3 milhão de hectares) de
sua Mata Atlântica original – na capital carioca, este número é de 29,3%
(34.803 hectares).
Realizado há mais de 25 anos pela Fundação SOS Mata
Atlântica, o monitoramento dos remanescentes florestais (Mata) do bioma incluía
apenas áreas mais preservadas, acima de 3hectares, capazes de manter a
biodiversidade original. Com a nova metodologia, foi possível incluir áreas com
vegetação de porte florestal que tenham sinais de alteração (bosqueamento,
clareiras, etc.) ou que ainda estejam em estágios iniciais de regeneração. Isto
permite que o mapeamento seja usado para análises de proteção da água e de
políticas de criação de corredores e de recuperação da vegetação nativa.
No estado do Rio de Janeiro, esta nova classe de vegetação
mapeada representa 435.530 hectares, ou 10% da Mata Atlântica original. Já os
remanescentes florestais (Mata) respondem por 18,6% (814.563 ha) – o restante
está dividido em mangues (0,3%), restinga (1,2%) e formações naturais não
florestais (0,6%). “Em meio à crise da água que atravessamos, qualquer
fragmento de floresta que garanta a proteção das nascentes e do fluxo hídrico é
muito importante. Com imagens mais precisas, é possível perceber como ainda há
áreas de preservação permanente sem proteção”, afirma Márcia Hirota,
diretora-executiva da Fundação SOS Mata Atlântica e coordenadora do Atlas.
Além da cidade do Rio de Janeiro, que possui 10,9% (12.892
ha) de vegetação natural, foram analisadas ainda as cidades de Parati, Silva
Jardim e Varre e Sai. Com execução técnica da Arcplan, este estudo conta com o
patrocínio do Bradesco Cartões.
Unidades de conservação
Com base em imagens geradas pelo sensor OLI a bordo do
satélite Landsat 8, a pesquisa traz ainda uma análise sobre a situação de
Unidades de Conservação (UCs) localizadas no Estado do Rio de Janeiro, que
cobrem uma área aproximada de 1 milhão de hectares, ou cerca de 40% da
superfície total do estado.
No âmbito federal, responsável por metade destas áreas
protegidas, o Parque Nacional da Tijuca, que protege área de 3.950 hectares no
maciço central da cidade do Rio de Janeiro, tem 17,7% (700 ha) de vegetação
natural. Somados à área de Mata (3.133 ha), a UC tem 96,8% de área preservada,
ou 3.833 ha.
Na esfera estadual, destacam-se o Parque Estadual da Pedra
Branca e o Parque Estadual do Desengano, o PE da Pedra Branca possui 23,4% de
vegetação natural (1.260 ha) e 72,9% de Mata (3.928 ha), em uma cobertura
vegetal total de 96,3%, ou 5.188 ha. Já o Parque Estadual do Desengano, com 99%
de sua área original preservada, possui 3.317 ha de vegetação natural (15,8%),
sendo os 83,3% restantes (17.829 ha) cobertos por Mata.
Na esfera municipal, o principal destaque é o Parque Natural
Municipal Montanhas de Teresópolis, criado em 2009, que protege uma área de
4.397 ha, o maior da Mata Atlântica. Graças a um programa de apoio às UCs
instituído pela Secretaria de Ambiente do Estado do Rio de Janeiro, com apoio
técnico às cidades, o parque mantém 85,2% de Mata, sendo 35,5% (1.563 ha)
compostos por vegetação natural.
Este estudo permitirá avaliar a distribuição espacial das
Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs) com mais precisão. No município
de Silva Jardim, que possui 31.516 ha de Mata, foram identificados mais 12.461
hectares de vegetação natural. Somada a 371 ha de várzea, totalizou 38.803
hectares, ou seja, 47,3% do município. Vale destacar que Silva Jardim é o
campeão brasileiro em número de RPPNs, atualmente com 22, e o estado do Rio de
Janeiro é o terceiro lugar em número de RPPNs reconhecidas. “Considerando que
grande parte do que resta de Mata Atlântica está em mãos de particulares, essa
participação é fundamental para garantir a proteção da Mata Atlântica para as
futuras gerações”, reforça Marcia Hirota.
Fonte: SOS Mata Atlântica
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