A campanha eleitoral está em pleno curso no Brasil e
bicicleta é tema central nas grandes cidades. Os motivos são bastante óbvios. O
colapso na circulação de pessoas e perda de qualidade de vida são temas que
afetam diretamente a população e que estão no raio de ação de prefeitos e
vereadores.
Com a chegada de setembro, virá logo mais o Dia Mundial Sem
Carro, efeméride que esse ano será em um sábado. É de se antecipar grandes pedaladas,
eventos de campanha e muito candidato cheio de promessas que não serão
cumpridas ao longo dos próximos quatro anos.
Por agora, a imprensa repercute notícias sobre bicicletas e
demonstra claramente que a questão cicloviária no Brasil ainda se move amparada
por rodinhas. Em notícia recente no jornal Valor Econômico, a reportagem
"Pedalar exige mais do que boas intenções" abordou a bicicleta nas
eleições e ao mesmo misturou alhos com bugalhos.
Logo no primeiro parágrafo a reportagem fala na falta de
regras para circulação e punição para bicicletas, para repetir um clichê tão
comum que "pedalar pelas ruas não faz parte da cultura dos que vivem nos
centros urbanos brasileiros" e falar sobre emplacamento de bicicletas,
questão polêmica e inócua para um bom debate sobre cidades.
O entendimento sobre o que é uma bicicleta, por incrível que
pareça, ainda não está claro para a população em geral e por conta dissopipocam
reportagens com "especialistas" que demonstram claramente o
desconhecimento de que a bicicleta é mais que veículo, é símbolo de
transformação urbana.
Por hora os políticos em campanha parecem ter entendido a
simbologia e tem usado as magrelas como bandeira. Cientes de que falar em
bicicletas e em qualidade de vida é assunto que rende visibilidade e demonstram
uma enorme dose de "bom mocismo".
Ainda assim, não existe um movimento forte o suficiente para
definir um "voto ciclístico",como especula-se já haver em Londres. No
entanto, iniciativas como a da Ciclocidade de debater uma plataforma para
acidade de acordo com os interesses dos ciclistas são fundamentais.
A democracia brasileira ainda tem um longo caminho para se
estabelecer e se consolidar. A bicicleta é um ator fundamental para o processo
democrático.
Bicicleta nesse sentido é muito mais do que uma bandeira de
aficionados pelas pedaladas ou por ativistas da sustentabilidade. Incluir a
bicicleta nas cidades é necessariamente tornar o ambiente urbano mais amigável
para as pessoas.
O discurso tem sido em favor do planejamento cicloviário,
mas as palavras em tempo de campanha vão até um limite. A realidade dos
próximos prefeitos é que a bicicleta ainda está encostada na ante-sala do
poder, funciona como um símbolo a ser levantado como "pauta
positiva", mas ainda não foi incorporada ao dia a dia e valorizada com
planejamento e execução que efetivamente mude a realidade urbana das cidades
brasileiras.
Por João Lacerda
Fonte: www.oeco.com.br
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