A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a
Agricultura (FAO) denunciou nesta quarta-feira (2) que, em média, cada
habitante da Terra desperdiça quase 300 quilos de alimentos por ano e, ao mesmo
tempo, mais de 800 milhões de pessoas passam fome.
Durante uma conferência regional da FAO para Europa e Ásia
Central, focada no desperdício de alimentos, o diretor-geral da organização,
José Graziano da Silva, destacou que 1.300 milhões de toneladas de alimentos
são perdidas a cada ano.
“Se os desperdícios e as perdas pudessem ser reduzidos simplesmente à metade, o aumento produção de alimentos para suprir a população
mundial em 2050 seria de só 25%, em vez dos 60% estimados atualmente”, explicou
Graziano à Agência Efe.
Segundo dados da FAO, cada habitante da Terra desperdiça em
média 280 quilos de alimentos por ano, enquanto ao mesmo tempo 842 milhões de
pessoas, mais de 10% da população do planeta, passam fome diariamente.
A perda de alimentos acontece principalmente “em fazendas,
durante o processamento, o transporte e o armazenamento”, e pela “falta de
regulação” que afeta também a segurança alimentar.
A crise financeira e econômica, que impactou duramente
muitos Estados europeus, reduziu o desperdício de alimentos, embora esta
redução continue sendo insuficiente para a FAO, disse Graziano.
As perdas econômicas e ambientais desse desperdício, além de
tudo, ultrapassam as centenas de bilhões de dólares.
“O custo anual do desperdício e das perdas de alimentos,
expressado em preço ao produtor, é de US$ 750 bilhões. Se considerássemos os
preços no varejo e os custos ambientais, este número seria muito maior”,
destacou.
A conferência de Bucareste reúne esta semana mais de 300
delegados de meia centena de países da Europa e da Ásia Central, que discutem como
reduzir a perda de alimentos, como fomentar a agricultura familiar e como
combater os efeitos da mudança climática sobre a produção agrária.
“Precisamos aumentar nossos esforços para diminuir (os
efeitos), para nos adaptarmos e, principalmente, para mudar para um sistema
sustentável de alimentos”, manifestou Graziano em referência ao mais recente
relatório do Painel Intergovernamental da ONU sobre Mudança Climática, o IPCC.
“Esta é uma de nossas principais responsabilidades. Os mais
pobres do mundo são especialmente vulneráveis à mudança climática”, discursou o
diretor-geral no plenário.
Mas, por outro lado, relacionou a fome e os movimentos
migratórios vindos da África com o corte dos fundos da cooperação
internacional.
Nesse sentido Graziano pediu que os Estados europeus voltem
a ajudar mais seus países vizinhos. “A Europa deve recuperar seu papel de
importante doadora”, afirmou o ex-ministro do governo Lula e um dos
articuladores do programa Fome Zero. Fonte: UOL
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