Cada um dos biomas brasileiros tem o seu "mais": a
Amazônia é o mais extenso, o Cerrado é o mais severo; a Caatinga, o mais
exclusivo; o Pampa, o mais esquecido. A Mata Atlântica acumula
"mais", já que é o mais populoso, o mais povoado, o mais explorado e,
em consequência disso, o mais ameaçado. Após 500 anos de ocupação, a Mata
Atlântica passou por mudanças drásticas - mais profundas no século XX - que
reduziram sua cobertura a menos de 10% do original.
O bioma se estendia por aproximadamente 1.300.000 km²,
cobrindo 17 estados do território brasileiro (Alagoas, Bahia, Ceará, Espírito
Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Pernambuco,
Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina,
São Paulo e Sergipe). Hoje, restam apenas 102.012 km² (cerca de 7,3%), faixas
de vegetação ao longo da Serra do Mar.
Esta transformação é resultado de um processo de exploração
histórico. Começou em 1500, com a chegada dos portugueses ao Brasil, cujo
interesse primordial era a exploração do pau-brasil. O desmatamento
prosseguiria durante os ciclos da cana-de-açúcar, do ouro, da produção de
carvão vegetal, da extração de madeira, da plantação de cafezais e pastagens,
da produção de papel e celulose, do estabelecimento de assentamentos de
colonos, da construção de rodovias e barragens, e da intensa urbanização, com o
surgimento das grandes capitais do país, como São Paulo e Rio de Janeiro.
Segundo dados do MMA, 849 espécies de aves, 370 espécies de
anfíbios, 200 espécies de répteis, 270 de mamíferos e cerca de 350 espécies de
peixes habitam este bioma, que considerado como a quinta área mais rica em
espécies endêmicas do mundo. Não é incomum a descoberta de novas espécies:
recentemente, foram descobertas a rã-de-alcatráses, a rã-cachoeira, os pássaros
tapaculo-ferrerinho e bicudinho-do-brejo, os peixes Listrura boticario e o
Moenkhausia bonita, e o mico-leão-de-cara-preta. Além de ser uma das regiões
mais ricas do mundo em biodiversidade, abriga aproximadamente 120 milhões de brasileiros
em seus domínios.
Estima-se, ainda, que existem cerca de 20.000 espécies
vegetais (cerca de 35% das espécies existentes no Brasil) espalhadas pelas
diversas formações florestais tropicais que formam a Mata Atlântica (Ombrófila
Densa, Ombrófila Mista, Estacional Semidecidual, Estacional Decidual e
Ombrófila Aberta) e ecossistemas associados como as restingas, manguezais e
campos de altitude.
Além disso, a área de domínio da Mata Atlântica compreende
oito bacias hidrográficas, responsáveis pelo abastecimento de 70% da população
brasileira. Lá estão os rios Paraná, Uruguai, São Francisco, Parnaíba, as
bacias do Atlântico Sudeste, Atlântica Sul, Atlântico Leste, Atlântico Nordeste
Oriental, e o Aqüífero Guarani.
O alto grau de degradação do bioma é reflexo do fato de que
compreende parcela significativa da população nacional. Apesar dos esforços de
proteção, a perda e fragmentação dos habitats, caça e extração predatória de
produtos florestais, conversão de áreas de floresta em campos cultivados e a
urbanização não diminuíram.
Apesar dos esforços de conservação, como a criação de
corredores ecológicos (corredores que unem os principais fragmentos de
floresta, possibilitando o fluxo gênico e evitando o isolamento das populações
da fauna e flora), a maior parte dos remanescentes de vegetação nativa ainda
permanece sem proteção e a falta de infraestrutura na manutenção das unidades
ainda é um problema.
Assim, fazem-se necessários além da ampliação de
investimentos, a adoção de novas estratégias para a conservação da
biodiversidade, tais como a promoção da recuperação de áreas degradadas e do
uso sustentável da vegetação nativa.
Fonte: ((o)) eco
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