O aumento da pressão por recursos e a ausência de controle
são um dos motivos que fazem os conflitos armados uma vítima não publicizada da
guerra.
Em 2001, a Assembleia Geral da ONU declarou 6 de novembro
como o Dia Internacional para a Prevenção da Exploração do Meio Ambiente na
Guerra e no Conflito Armado. Essa semana, a página da ONU Meio Ambiente no
Brasil relembrou alguns eventos sobre a importância de proteger a
biodiversidade dos efeitos diretos e indiretos das guerras e dos conflitos
armados.
Veja:
1. Agente Laranja: por aproximadamente uma década entre 1961
e 1971, durante a Guerra do Vietnã, militares norte-americanos espalharam
milhões de litros de herbicidas e desfolhantes em vastas faixas do sul do
Vietnã. A substância química mais disseminada foi o Agente Laranja, e foi parte
de uma destruição deliberada de florestas para privar as guerrilhas vietnamitas
de sua proteção e camuflagem que permitiam atacar as forças dos Estados Unidos.
Acima, um helicóptero UH-1D espalhando agente laranja em uma floresta no
Vietnã. Foto: Wikipédia.
2. Guerras civis congolesas: desde meados dos anos 1990, uma
série de conflitos armados sangrentos na República Democrática do Congo teve um
efeito devastador sobre as populações de animais selvagens, que têm sido fonte
de carne silvestre para combatentes, civis que lutam pela sobrevivência e
comerciantes. Consequentemente, pequenas espécies como antílopes, macacos e
roedores, assim como grandes espécies como gorilas e elefantes selvagens,
tiveram que arcar com o ônus da guerra. Enquanto há muitas causas para esses
conflitos — históricas, étnicas e políticas — a busca por controle, acesso e
uso de recursos naturais e suas receitas associadas tem sido fator-chave para a
violência. Os conflitos e a ilegalidade resultante também encorajaram
criminosos a promover desmatamentos e processos prejudiciais de mineração.
Foto: Daweiding.
3. Pântanos do Iraque e poços de petróleo queimados: no
início dos anos 1990, as tropas de Saddam Hussein drenaram os pântanos da
Mesopotâmia, o maior ecossistema de terras úmidas do Oriente Médio, situado na
confluência dos rios Tigre e Eufrates, em resposta a um levante xiita no sul do
Iraque. Uma série de diques e canais reduziu os pântanos a menos de 10% de sua
extensão original e transformou a paisagem em um deserto com crostas de sal.
Mais recentemente, em 2017, militantes do Estado Islâmico incendiaram poços de
petróleo na cidade de Mosul, no sul do país, liberando assim um coquetel tóxico
de produtos químicos no ar, na água e na terra. Foto: Jonas Jordan, United States Army Corps of
Engineers/Wikimedia.
4. As florestas do Afeganistão: décadas de conflito
destruíram mais da metade das florestas do país. O Afeganistão foi
desflorestado em até 95% em algumas áreas, em parte devido às estratégias de
sobrevivência das pessoas e ao colapso da governança ambiental durante décadas
de guerra. O extenso desmatamento teve múltiplas implicações sociais,
ambientais e econômicas para milhões de afegãos, incluindo o aumento da
vulnerabilidade a vários desastres naturais, como enchentes, avalanches e
deslizamentos de terra. Foto: isafmedia/Flickr.
5. Ecossistemas do Nepal: durante o conflito armado entre
1996 e 2006, o exército, anteriormente responsável pela proteção das florestas,
foi mobilizado para operações de contra-insurgência. Isso resultou na
exploração irresponsável da vida selvagem e dos recursos vegetais, como ervas
medicinais, incluindo Yarsagumba (Cordyceps sinensis) e Chiraito (Swira
Chiraita), entre outros, por insurgentes e civis em áreas como o Parque
Nacional Khaptad, na área de Conservação Makalu Barun. DFID - UK Department for
International Development/Flickr.
6. Mineração e extração de madeira na Colômbia: décadas de
mineração de extração de ouro não regulamentada no país causaram danos
ambientais em áreas controladas pelos rebeldes das Forças Armadas
Revolucionárias da Colômbia (FARC). Mineração, juntamente com a extração ilegal
de outros recursos naturais, como a exploração madeireira, foi uma das
principais fontes de financiamento para os rebeldes. Resultou na poluição de
rios e terras com mercúrio, especialmente na bacia do rio Quito. Acima,
desmatamento na Colômbia. Foto: Klima- og miljødepartementet.
Fonte: O Eco
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