sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

6ª visita técnica do projeto Diagnóstico de Campo Turístico-Ambiental de Nova Friburgo: Santiago - São Pedro da Serra

No dia 13/12/2008 foi realizada a 6ª visita técnica do Projeto Diagnóstico de Campo Turístico-Ambiental de Nova Friburgo, parceria CECNA/ETR/UNIFLORA. O caminho percorrido foi pela estrada que liga a localidade de Santiago, no distrito de Lumiar ao centro de São Pedro da Serra. O tempo estava nublado e com uma leve precipitação, com temperatura média de 18°C.
 


Detalhes do trajeto (clique na imagem para ampliar).

 O início do percurso, no entanto, se deu a partir da RJ-142 (trecho Mury - Lumiar) no começo da estrada de terra que leva à localidade da Sibéria, 5 km adiante aproximadamente. No asfalto, mais ou menos 300 m à frente, tem início a estrada que leva à localidade de Galdinópolis.
 

Como se pode verificar pelo mapa essa estrada margeia a Serra da Sibéria. Do asfalto avista-se o Pico da Sibéria, com 1700 m de altitude. Nos primeiros 5 km a estrada sobe até chegar ao divisor de águas. Nessa parte ela passa por dentro de uma floresta densa e de grande porte. Verifica-se alguns impactos apenas próximos da estrada, como algumas construções e pequenas limpezas de terreno. Há também pequenos eucaliptais e bananais, como se constata em toda a bacia do Rio Macaé. Daí em diante, já em outra micro-bacia, no distrito de São Pedro da Serra, a vegetação nativa diminui em porte e extensão, dando lugar a um uso do solo mais intenso, sobretudo por pastagens, mas ainda assim com remanescentes significativos de floresta em manchas nos topos de morros. Não há grandes rios no percurso, apenas alguns córregos e nascentes que compõem uma parte mais alta da rede de drenagem do rio Macaé.

 

Na primeira metade do caminho há predominância de sítios de recreação, alguns a venda. Na segunda metade, a ocupação humana aumenta, com a presença das localidades da Sibéria propriamente dita e, 2 km a frente, de Bocaina dos Blaudts. Nesta, além dos cultivos e pastagens nas vertentes próximas, há serviços como telefone público, mercearia, pousadas e ônibus.


No km 8, já a caminho do centro de São Pedro da Serra, há uma bifurcação. Por um lado, à esquerda, é o caminho mais curto e pelo qual passa o ônibus. À direita, o caminho é mais longo, porém com uma paisagem mais atraente, segundo os moradores locais que passaram informações sobre a região, e, portanto, com maior apelo turístico. Nesses últimos 2 km, verifica-se algumas pastagens e, à medida que se aproxima de São Pedro, uma maior presença de residências de classe média alta e grandes pousadas em meio à áreas de capoeira, florestas de médio porte em regeneração e de grande porte no topo dos morros e alguns cultivos nas áreas planas próximas à estrada.


 

sábado, 6 de dezembro de 2008

5ª visita técnica do Projeto Diagnóstico de Campo Turístico-Ambiental de Nova Friburgo, RJ - São Pedro da Serra - Lumiar via Boa Esperança de Cima

O Projeto Diagnóstico de Campo Turístico-Ambiental de Nova Friburgo, parceria CECNA, ETR e UNIFLORA, teve continuidade em sua 5ª visita técnica realizada no dia 20 de novembro de 2008 na qual o trajeto percorrido foi São Pedro da Serra - Lumiar, via Boa Esperança de Cima. Foram 9,2 quilômetros percorridos com um tempo parcialmente nublado, temperatura média aproximada de 23° C e sem precipitação.


Detalhes do trajeto (clique na imagem para ampliar).

São Pedro da Serra, onde teve início a visita técnica, é uma localidade muito conhecida do município de Nova Friburgo. Juntamente com Lumiar, tem um histórico de colonização suíço-alemã que remonta ao século XIX e que se faz presente até hoje nos traços físicos de grande parte da população local. Também no século XIX e início do século XX, toda a região passou pelo devastador ciclo do café. No entanto, devido às características do relevo e da organização social com forte base familiar, as pastagens não dominaram o espaço após o fim dos cafezais, como aconteceu em praticamente todo o resto do sertão fluminense e a floresta conseguiu se regenerar em grande parte da região. Devido ao longo período de tempo de isolamento em relação aos grandes centros, por causa da dificuldade de acesso, a agricultura de subsistência foi a principal forma de uso da terra, destacando-se os cultivos de inhame, mandioca, banana, entre outros.

Praça de São Pedro da Serra.
 
Atualmente, com seus ecossistemas locais relativamente bem preservados, a abundância de recursos hídricos e grandes belezas cênicas, além de bons acessos viários e serviços básicos de eletricidade, telefonia, TV e internet e uma boa rede hoteleira, o crescimento do turismo vem se destacando, dinamizando a economia local e colocando a localidade de São Pedro da Serra como um dos principais destinos do interior fluminense, juntamente com Lumiar. Porém, essas mesmas facilidades têm proporcionado o aumento da população fixa dessas localidades, o que aumenta a demanda por infra-estrutura básica de saneamento, habitação, educação e saúde e obriga o poder público a tomar providências para que a situação não fuja ao controle.
 
Outra questão vital para a região, assim como em todo o mundo, é a ambiental. Se por um lado a agricultura de subsistência tradicional garantiu uma melhor conservação dos ecossistemas em relação à outras regiões do Estado, por outro, ela, da maneira como é praticada hoje (inclusive com a utilização de agrotóxicos) aliada ao crescimento das áreas de pastagens, não está garantindo a proteção das áreas de floresta remanescentes. E o poder público, por sua vez, até hoje, não tem feito um bom papel de mediador da relação sociedade-ambiente na região. A criação de Áreas de Proteção Ambiental tanto pelo poder público municipal quanto pelo estadual foi feita de forma arbitrária e, o mais grave, sem consulta às comunidades diretamente afetadas. A atuação do Estado, em um passado recente, através da FEEMA, foi ainda pior, multando e até agredindo agricultores com a alegação de estar cumprindo a legislação ambiental que, por sua vez, está em grande parte fora da realidade de sobrevivência vivida no dia-a-dia no meio rural. Por fim, muito pouco faz o poder público em oferecer meios, recursos financeiros e suporte técnico aos agricultores locais para a adoção de práticas de cultivo ambientalmente sustentáveis, como a agricultura orgânica e agroflorestal.
 
No início do percurso, vê-se uma grande quantidade de pousadas, indicador da força da atividade turística. Constatam-se também várias pequenas propriedades com cultivos agrícolas, configurando uma mescla muito interessante de atividades econômicas no local.
 
Flagrante da utilização de agrotóxicos na região.
 
A medida que a estrada vai subindo, descortinam-se belas paisagens do vale onde São Pedro da Serra está inserida, dentre as quais destaca-se a serra onde se localiza o Pico da Sibéria. A cobertura florestal predomina na maior parte, porém existem grandes áreas de pastagens que necessitam ser monitoradas para que não avancem sobre a mata.
 

Quando a estrada cruza o divisor de águas, entra-se no vale de Boa Esperança, onde, logo de início, avista-se um belíssimo cenário, composto por matas, plantações e tendo como destaque o Pico da Boa Vista, o terceiro mais alto de Nova Friburgo, com 1980 m de altitude, e uma série de picos adjacentes a ele. Desse lado, a atividade agrícola é mais intensa, onde pôde-se verificar cultivos de banana, mandioca, couve, tomate, milho, eucalipto entre vários outros. Algumas pequenas pastagens também puderam ser verificadas em áreas bastante íngremes, completamente inapropriadas para o local.

Pico da Boa Vista, 1980 m de altitude.

 

Mais abaixo, depois de cerca de uma hora de caminhada, chega-se à localidade de Boa Esperança de Cima. Inserida no mesmo contexto histórico de São de Pedro da Serra e Lumiar descrito anteriormente, Boa Esperança vive um acelerado crescimento urbano que agora estará mais facilitado do que nunca com o asfaltamento da estrada que a interliga com Lumiar. Ao longo dessa estrada percebe-se claramente o aumento no número de construções, sobretudo próximas ao asfalto, situação essa que requer uma atenção redobrada por parte do poder público para evitar que se fuja ao controle, principalmente na questão da ocupação irregular de encostas e morros, tanto pela classe média quanto pela população de baixa renda. Ao longo dessa estrada também verifica-se novamente a presença de pastagens de pequeno e médio portes amplamente abandonadas ou pouco produtivas.
 
Mesmo com a presença de problemas sociais que necessitam de atenção, toda a região ainda se encontra numa situação ambiental privilegiada, com um potencial turístico incrível a ser explorado, mas de forma organizada e que leve, acima de tudo, prosperidade e qualidade de vida aos moradores locais e respeito à natureza local.
 
Boa Esperança de Cima.
 

Poço Belo.
 

Boa Esperança de Baixo.
 

Lumiar.

Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Dois Rios é implantado com a posse de seus membros em Nova Friburgo

Nesta terça-feira (02/12/08), às 14h, ocorreu a cerimônia de instalação do Comitê de Bacia Hidrográfica Rio Dois Rios e posse de sua diretoria colegiada, no Senai de Nova Friburgo. No evento, estiveram presentes o presidente da Serla, Luiz Firmino Martins Pereira, membros do Conselho Estadual de Recursos Hídricos e representantes de prefeituras da região de abrangência do colegiado. Criado através do Decreto Estadual nº. 41.472, de 11 de setembro de 2008, a entidade recebeu apoio técnico e financeiro da Serla até sua implementação. O colegiado é composto por oito representantes de usuários de águas, oito da sociedade civil (incluindo o CECNA, que ficou com a secretaria-executiva através de sua associada Viviane Suzey) e mais cinco membros de poder público municipal. A mobilização para a criação do Comitê Rio Dois Rios começou em 2001, quando o Consórcio para a Recuperação Ambiental dos Rios Bengalas, Negro, Grande e Dois Rios (BNG2) criou um grupo de trabalho em parceria com a Serla e ONGs da região. Sua área de atuação abrange os municípios de Bom Jardim, Duas Barras, Cordeiro, Macuco, Cantagalo, Itaocara, São Sebastião do Alto e parte de Nova Friburgo, Trajano de Moraes, Santa Maria Madalena e São Fidélis. Atualmente, existem sete comitês de bacia hidrográfica atuando no Estado do Rio de Janeiro: Baía de Guanabara, Piabanha, Guandu, Lagos São João, Macaé, Médio Paraíba do Sul e Rio Dois Rios. O objetivo dos colegiados é gerenciar o uso dos recursos hídricos com a participação da sociedade, garantindo a deliberação de decisões que influenciem na melhoria da qualidade de vida e no desenvolvimento sustentado das bacias que abrangem.

Adaptado de SERLA - 06.12.2008