sexta-feira, 24 de abril de 2009

O Dia da Terra e a Carta da Terra

No dia 22 de abril foi comemorado o Dia da Terra. O CECNA, através do seu presidente Daniel Lopes, participou do programa da Fundação Natureza na Rádio Comunidade de Nova Friburgo especial para a data.
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Abaixo transcrevemos a Carta da Terra, uma declaração de princípios éticos fundamentais para a construção de uma sociedade global justa, sustentável e pacífica e que surgiu como uma iniciativa da Organização das Nações Unidas (ONU) e que contou em sua elaboração com representantes da sociedade civil de todo o mundo, tendo sido apresentada no final do século XX. Para mais informações acesse http://www.cartadaterra.com.br/.
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A Carta da Terra -Versão Integral
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PREÂMBULO
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Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro. À medida que o mundo torna-se cada vez mais interdependente e frágil, o futuro enfrenta, ao mesmo tempo, grandes perigos e grandes promessas. Para seguir adiante, devemos reconhecer que no meio da uma magnífica diversidade de culturas e formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos somar forças para gerar uma sociedade sustentável global baseada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura da paz. Para chegar a este propósito, é imperativo que, nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade da vida, e com as futuras gerações.
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Terra, Nosso Lar.
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A humanidade é parte de um vasto universo em evolução. A Terra, nosso lar, está viva com uma comunidade de vida única. As forças da natureza fazem da existência uma aventura exigente e incerta, mas a Terra providenciou as condições essenciais para a evolução da vida. A capacidade de recuperação da comunidade da vida e o bem-estar da humanidade dependem da preservação de uma biosfera saudável com todos seus sistemas ecológicos, uma rica variedade de plantas e animais, solos férteis, águas puras e ar limpo. O meio ambiente global com seus recursos finitos é uma preocupação comum de todas as pessoas. A proteção da vitalidade, diversidade e beleza da Terra é um dever sagrado.
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A Situação Global
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Os padrões dominantes de produção e consumo estão causando devastação ambiental, redução dos recursos e uma massiva extinção de espécies. Comunidades estão sendo arruinadas. Os benefícios do desenvolvimento não estão sendo divididos eqüitativamente e o fosso entre ricos e pobres está aumentando. A injustiça, a pobreza, a ignorância e os conflitos violentos têm aumentado e é causa de grande sofrimento. O crescimento sem precedentes da população humana tem sobrecarregado os sistemas ecológico e social. As bases da segurança global estão ameaçadas. Essas tendências são perigosas, mas não inevitáveis.
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Desafios Para o Futuro
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A escolha é nossa: formar uma aliança global para cuidar da Terra e uns dos outros, ou arriscar a nossa destruição e a da diversidade da vida. São necessárias mudanças fundamentais dos nossos valores, instituições e modos de vida. Devemos entender que quando as necessidades básicas forem atingidas, o desenvolvimento humano é primariamente ser mais, não, ter mais. Temos o conhecimento e a tecnologia necessários para abastecer a todos e reduzir nossos impactos ao meio ambiente. O surgimento de uma sociedade civil global está criando novas oportunidades para construir um mundo democrático e humano. Nossos desafios, ambientais, econômicos, políticos, sociais e espirituais estão interligados, e juntos podemos forjar soluções includentes.
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Responsabilidade Universal
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Para realizar estas aspirações devemos decidir viver com um sentido de responsabilidade universal, identificando-nos com toda a comunidade terrestre bem como com nossa comunidade local. Somos ao mesmo tempo cidadãos de nações diferentes e de um mundo no qual, a dimensão local e global estão ligadas. Cada um comparte responsabilidade pelo presente e pelo futuro, pelo bem estar da família humana e do grande mundo dos seres vivos. O espírito de solidariedade humana e de parentesco com toda a vida é fortalecido quando vivemos com reverência o mistério da existência, com gratidão pelo presente da vida, e com humildade considerando o lugar que ocupa o ser humano na natureza. Necessitamos com urgência de uma visão de valores básicos para proporcionar um fundamento ético à emergente comunidade mundial. Portanto, juntos na esperança, afirmamos os seguintes princípios, todos interdependentes, visando um modo de vida sustentável como critério comum, através dos quais a conduta de todos os indivíduos, organizações, empresas de negócios, governos, e instituições transnacionais será guiada e avaliada.
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PRINCÍPIOS. RESPEITAR E CUIDAR DA COMUNIDADE DE VIDA
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1. Respeitar a Terra e a vida em toda sua diversidade.
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a. Reconhecer que todos os seres são interligados e cada forma de vida tem valor, independentemente do uso humano.
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b. Afirmar a fé na dignidade inerente de todos os seres humanos e no potencial intelectual, artístico, ético e espiritual da humanidade.
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2. Cuidar da comunidade da vida com compreensão, compaixão e amor.
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a. Aceitar que com o direito de possuir, administrar e usar os recursos naturais vem o dever de impedir o dano causado ao meio ambiente e de proteger o direito das pessoas.
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b. Afirmar que, o aumento da liberdade, dos conhecimentos e do poder comporta responsabilidade na promoção do bem comum.
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3. Construir sociedades democráticas que sejam justas, participativas, sustentáveis e pacíficas.
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a. Assegurar que as comunidades em todos níveis garantam os direitos humanos e as liberdades fundamentais e dar a cada a oportunidade de realizar seu pleno potencial.
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b. Promover a justiça econômica propiciando a todos a consecução de uma subsistência significativa e segura, que seja ecologicamente responsável.
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4. Garantir a generosidade e a beleza da Terra para as atuais e as futuras gerações.
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a. Reconhecer que a liberdade de ação de cada geração é condicionada pelas necessidades das gerações futuras.
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b. Transmitir às futuras gerações valores, tradições e instituições que apóiem, a longo termo, a prosperidade das comunidades humanas e ecológicas da Terra. Para poder cumprir estes quatro extensos compromissos, é necessário:
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II. INTEGRIDADE ECOLÓGICA
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5. Proteger e restaurar a integridade dos sistemas ecológicos da Terra, com especial preocupação pela diversidade biológica e pelos processos naturais que sustentam a vida.
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a. Adotar planos e regulações de desenvolvimento sustentável em todos os níveis que façam com que a conservação ambiental e a reabilitação sejam parte integral de todas as iniciativas de desenvolvimento.
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b. Estabelecer e proteger as reservas com uma natureza viável e da biosfera, incluindo terras selvagens e áreas marinhas, para proteger os sistemas de sustento à vida da Terra, manter a biodiversidade e preservar nossa herança natural.
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c. Promover a recuperação de espécies e ecossistemas em perigo.
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d. Controlar e erradicar organismos não-nativos ou modificados geneticamente que causem dano às espécies nativas, ao meio ambiente, e prevenir a introdução desses organismos daninhos.
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e. Manejar o uso de recursos renováveis como a água, solo, produtos florestais e a vida marinha com maneiras que não excedam as taxas de regeneração e que protejam a sanidade dos ecossistemas.
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f. Manejar a extração e uso de recursos não renováveis como minerais e combustíveis fósseis de forma que diminua a exaustão e não cause sério dano ambiental.
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6. Prevenir o dano ao ambiente como o melhor método de proteção ambiental e quando o conhecimento for limitado, tomar o caminho da prudência.
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a. Orientar ações para evitar a possibilidade de sérios ou irreversíveis danos ambientais mesmo quando a informação científica seja incompleta ou não conclusiva.
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b. Impor o ônus da prova àqueles que afirmam que a atividade proposta não causará dano significativo e fazer com que os grupos sejam responsabilizados pelo dano ambiental.
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c. Garantir que a decisão a ser tomada se oriente pelas conseqüências humanas globais, cumulativas, de longo termo, indiretas e de longa distância.
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d. Impedir a poluição de qualquer parte do meio ambiente e não permitir o aumento de substâncias radioativas, tóxicas ou outras substâncias perigosas.
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e. Evitar que atividades militares causem dano ao meio ambiente.
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7. Adotar padrões de produção, consumo e reprodução que protejam as capacidades regenerativas da Terra, os direitos humanos e o bem-estar comunitário.
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a. Reduzir, reutilizar e reciclar materiais usados nos sistemas de produção e consumo e garantir que os resíduos possam ser assimilados pelos sistemas ecológicos.
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b. Atuar com restrição e eficiência no uso de energia e recorrer cada vez mais aos recursos energéticos renováveis como a energia solar e do vento.
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c. Promover o desenvolvimento, a adoção e a transferência eqüitativa de tecnologias ambientais saudáveis.
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d. Incluir totalmente os custos ambientais e sociais de bens e serviços no preço de venda e habilitar aos consumidores identificar produtos que satisfaçam as mais altas normas sociais e ambientais.
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e. Garantir acesso universal ao cuidado da saúde que fomente a saúde reprodutiva e a reprodução responsável.
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f. Adotar estilos de vida que acentuem a qualidade de vida e o suficiente material num mundo finito.
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8. Avançar o estudo da sustentabilidade ecológica e promover a troca aberta e uma ampla aplicação do conhecimento adquirido.
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a. Apoiar a cooperação científica e técnica internacional relacionada à sustentabilidade, com especial atenção às necessidades das nações em desenvolvimento.
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b. Reconhecer e preservar os conhecimentos tradicionais e a sabedoria espiritual em todas as culturas que contribuem para a proteção ambiental e o bem-estar humano.
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c. Garantir que informações de vital importância para a saúde humana e para a proteção ambiental, incluindo informação genética, estejam disponíveis ao domínio público.
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III. JUSTIÇA SOCIAL E ECONÔMICA
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9. Erradicar a pobreza como um imperativo ético, social, econômico e ambiental.
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a. Garantir o direito à água potável, ao ar puro, à segurança alimentar, aos solos não contaminados, ao abrigo e saneamento seguro, distribuindo os recursos nacionais e internacionais requeridos.
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b. Prover cada ser humano de educação e recursos para assegurar uma subsistência sustentável, e dar seguro social [médico] e segurança coletiva a todos aqueles que não são capazes de manter-se a si mesmos.
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c. Reconhecer ao ignorado, proteger o vulnerável, servir àqueles que sofrem, e permitir-lhes desenvolver suas capacidades e alcançar suas aspirações.
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10. Garantir que as atividades econômicas e instituições em todos os níveis promovam o desenvolvimento humano de forma eqüitativa e sustentável.
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a. Promover a distribuição eqüitativa da riqueza dentro e entre nações.
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b. Incrementar os recursos intelectuais, financeiros, técnicos e sociais das nações em desenvolvimento e aliviar as dívidas internacionais onerosas.
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c. Garantir que todas as transações comerciais apóiem o uso de recursos sustentáveis, a proteção ambiental e normas laborais progressistas.
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d. Exigir que corporações multinacionais e organizações financeiras internacionais atuem com transparência em benefício do bem comum e responsabilizá-las pelas conseqüências de suas atividades.
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11. Afirmar a igualdade e a eqüidade de gênero como pré-requisitos para o desenvolvimento sustentável e assegurar o acesso universal à educação, ao cuidado da saúde e às oportunidades econômicas.
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a. Assegurar os direitos humanos das mulheres e das meninas e acabar com toda violência contra elas.
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b. Promover a participação ativa das mulheres em todos os aspectos da vida econômica, política, civil, social e cultural como parceiros plenos e paritários, tomadores de decisão, líderes e beneficiários.
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c. Fortalecer as famílias e garantir a segurança e a criação amorosa de todos os membros da família.
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12. Defender, sem discriminação, os direitos de todas as pessoas a um ambiente natural e social, capaz de assegurar a dignidade humana, a saúde corporal e o bem-estar espiritual, dando especial atenção aos direitos dos povos indígenas e minorias.
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a. Eliminar a discriminação em todas suas formas, como as baseadas na raça, cor, gênero, orientação sexual, religião, idioma e origem nacional, étnica ou social.
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b. Afirmar o direito dos povos indígenas à sua espiritualidade, conhecimentos, terras e recursos, assim como às suas práticas relacionadas a formas sustentáveis de vida.
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c. Honrar e apoiar os jovens das nossas comunidades, habilitando-os para cumprir seu papel essencial na criação de sociedades sustentáveis.
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d. Proteger e restaurar lugares notáveis, de significado cultural e espiritual.
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IV.DEMOCRACIA, NÃO VIOLÊNCIA E PAZ
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13. Fortalecer as instituições democráticas em todos os níveis e proporcionar-lhes transparência e prestação de contas no exercício do governo, a participação inclusiva na tomada de decisões e no acesso à justiça.
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a. Defender o direito a todas as pessoas de receber informação clara e oportuna sobre assuntos ambientais e todos os planos de desenvolvimento e atividades que poderiam afetá-las ou nos quais tivessem interesse.
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b. Apoiar sociedades locais, regionais e globais e promover a participação significativa de todos os indivíduos e organizações na toma de decisões.
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c. Proteger os direitos à liberdade de opinião, de expressão, de assembléia pacífica, de associação e de oposição [ou discordância].
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d. Instituir o acesso efetivo e eficiente a procedimentos administrativos e judiciais independentes, incluindo mediação e retificação dos danos ambientais e da ameaça de tais danos.
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e. Eliminar a corrupção em todas as instituições públicas e privadas.
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f. Fortalecer as comunidades locais, habilitando-as a cuidar dos seus próprios ambientes e designar responsabilidades ambientais a nível governamental onde possam ser cumpridas mais efetivamente.
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14. Integrar na educação formal e aprendizagem ao longo da vida, os conhecimentos, valores e habilidades necessárias para um modo de vida sustentável.
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a. Oferecer a todos, especialmente a crianças e a jovens, oportunidades educativas que possibilite contribuir ativamente para o desenvolvimento sustentável.
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b. Promover a contribuição das artes e humanidades assim como das ciências na educação sustentável.
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c. Intensificar o papel dos meios de comunicação de massas no sentido de aumentar a conscientização dos desafios ecológicos e sociais.
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d. Reconhecer a importância da educação moral e espiritual para uma subsistência sustentável.
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15. Tratar todos os seres vivos com respeito e consideração.
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a. Impedir crueldades aos animais mantidos em sociedades humanas e diminuir seus sofrimentos.
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b. Proteger animais selvagens de métodos de caça, armadilhas e pesca que causem sofrimento externo, prolongado o evitável.
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16. Promover uma cultura de tolerância, não violência e paz.
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a. Estimular e apoiar o entendimento mútuo, a solidariedade e a cooperação entre todas as pessoas, dentro das e entre as nações.
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b. Implementar estratégias amplas para prevenir conflitos violentos e usar a colaboração na resolução de problemas para manejar e resolver conflitos ambientais e outras disputas.
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c. Desmilitarizar os sistemas de segurança nacional até chegar ao nível de uma postura não-provocativa da defesa e converter os recursos militares em propósitos pacíficos, incluindo restauração ecológica.
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d. Eliminar armas nucleares, biológicas e tóxicas e outras armas de destruição em massa.
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e. Assegurar que o uso do espaço orbital e cósmico mantenha a proteção ambiental e a paz.
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f. Reconhecer que a paz é a plenitude criada por relações corretas consigo mesmo, com outras pessoas, outras culturas, outras vidas, com a Terra e com a totalidade maior da qual somos parte.
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O CAMINHO ADIANTE
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Como nunca antes na história, o destino comum nos conclama a buscar um novo começo. Tal renovação é a promessa dos princípios da Carta da Terra. Para cumprir esta promessa, temos que nos comprometer a adotar e promover os valores e objetivos da Carta. Isto requer uma mudança na mente e no coração. Requer um novo sentido de interdependência global e de responsabilidade universal.
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Devemos desenvolver e aplicar com imaginação a visão de um modo de vida sustentável aos níveis local, nacional, regional e global. Nossa diversidade cultural é uma herança preciosa, e diferentes culturas encontrarão suas próprias e distintas formas de realizar esta visão. Devemos aprofundar e expandir o diálogo global gerado pela Carta da Terra, porque temos muito que aprender a partir da busca iminente e conjunta por verdade e sabedoria.
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A vida muitas vezes envolve tensões entre valores importantes. Isto pode significar escolhas difíceis. Porém, necessitamos encontrar caminhos para harmonizar a diversidade com a unidade, o exercício da liberdade com o bem comum, objetivos de curto prazo com metas de longo prazo.
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Todo indivíduo, família, organização e comunidade têm um papel vital a desempenhar. As artes, as ciências, as religiões, as instituições educativas, os meios de comunicação, as empresas, as organizações não-governamentais e os governos são todos chamados a oferecer uma liderança criativa. A parceria entre governo, sociedade civil e empresas é essencial para uma governabilidade efetiva.
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Para construir uma comunidade global sustentável, as nações do mundo devem renovar seu compromisso com as Nações Unidas, cumprir com suas obrigações respeitando os acordos internacionais existentes e apoiar a implementação dos princípios da Carta da Terra com um instrumento internacional legalmente unificador quanto ao ambiente e ao desenvolvimento.
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Que o nosso tempo seja lembrado pelo despertar de uma nova reverência face à vida, pelo compromisso firme de alcançar a sustentabilidade, a intensificação da luta pela justiça e pela paz, e a alegre celebração da vida.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Exemplo de MG: agricultores são pagos para preservar a Mata Atlântica

O Dia Nacional da Conservação do Solo é comemorado nesta quarta-feira (15). Uma das iniciativas bem sucedidas no Brasil é o pagamento de agricultores que preservam a Mata Atlântica, em Minas Gerais.
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O aposentado Octávio de Almeida mostra com orgulho a mata que ocupa quase metade dos seis hectares de terra que herdou da família, em Matias Barbosa. Ele foi o pioneiro do projeto que paga os produtores que preservam a vegetação nativa. No ano passado, Almeida recebeu R$ 450. O dinheiro ajuda a cuidar do sítio, que não tem renda própria. Esse é o lugar que o aposentado escolheu para descansar.
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Já na propriedade vizinha, a renda foi bem maior. O produtor Hélio Domingos, que tira 220 litros de leite por dia, recebeu R$ 4.760, em 2008. Ele preserva 32 dos 105 hectares da fazenda, um número maior do que os 20% da reserva legal. “Por causa da nascente de água que refresca o terreno. É bom para tudo, para a própria natureza”, disse. Os produtores também ganham arame e mourão, para fazer cerca em volta da mata, e isca para formigas, formicida e mudas.
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O projeto é uma parceira do governo de Minas Gerais e um banco alemão. Na Zona da Mata mineira, o gerenciamento é feito por uma organização não-governamental que distribui os recursos aos produtores. “São selecionadas áreas que tenham potencial de recurso natural, como nascentes, minas e córregos. Elas são selecionadas mediante a importância que a área tem para o abastecimento de água, por exemplo”, explicou Theodoro Guerra, presidente da Associação do Meio Ambiente de Juiz de Fora.
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Nove produtores recebem de R$ 140 a R$ 400 por hectare ao ano para preservar, recompor a mata ou plantar espécies nativas. Mais sete proprietários de terra serão beneficiados este ano para que a região se torne um corredor ecológico. “A gente viu na prática que o incentivo sensibiliza muito mais o produtor do que a multa e o castigo. A gente sente que hoje eles sentem a mata mais deles e mais valorizada”, disse a agrônoma Ana Paula Mares Guia.Estima-se que 93% da Mata Atlântica já foi devastada em todo o país.
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quinta-feira, 9 de abril de 2009

Seminário Rio Eco Rural 2009

A Comissão de Agricultura, Pecuária e Políticas Agrária, Rural e Pesqueira da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, presidida pelo deputado estadual Rogério Cabral, realiza no período de 16 a 18 deste mês o seminário Rio Eco Rural, no auditório da Queijaria Suíça (RJ-130, Nova Friburgo-Teresópolis, km 18, Conquista). Autoridades, entre elas o governador do estado, Sérgio Cabral, produtores e convidados movimentarão o principal ponto turístico do Circuito Tere-Fri para o evento.
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A abertura está prevista para as 10h de quinta-feira, 16, com o governador, seguindo-se a palestra O agronegócio brasileiro, com o ex-ministro Roberto Rodrigues. À tarde será apresentado o painel Agropecuária, com os seguintes temas: Melhoramento genético, inseminação artificial e controle de manejo, com Felipe Picciani; Os problemas de produção e comercialização de leite e derivados no Estado do Rio de Janeiro, com Cláudio Meireles e Sílvio Marini; Defesa sanitária animal, com Rômulo Spinelli e Cláudio Villela; e Fontes de financiamento, com Clóvis Romário.
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Na sexta-feira, 17, a partir das 9h, será apresentado o painel Agricultura Familiar, com os seguintes temas: Políticas voltadas à volorização da agricultura familiar, com Christino Áureo, secretário estadual de Agricultura; O cultivo de pinhão manso como fator agregador de renda, com Paolo Franchetti; O papel da Abio na agricultura orgânica, com Cristina de Brito Ribeiro; e A fruticultura e a agroindústria artesanal, com Ricardo Mansur. A tarde está reservada ao painel Energias Renováveis e os temas Pesquisas voltadas para fontes de energias renováveis no Brasil, com Maurício Tolmasquim; Entraves para o aumento da produtividade e comercialização da cana-de-açúcar, com Eduardo Crespo; A experiência industrial de pequenos produtores de cana-de-açúcar de Campos, com Frederico Paes; e Pesquisas com oleaginosas para produção de biodiesel, com Wander Eustáquio de Andrade.
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O painel Turismo Rural e Ecoturismo será apresentado a partir das 9h do sábado, 18, tendo como temas O turismo rural e o ecoturismo no estado do Rio de Janeiro, com Márcia Lins; A experiência do turismo rural em Valença e Conservatória, com Elvio Divani e Daniel Dantas; e O projeto do trem turístico Cachoeiras de Macacu-Nova Friburgo, com Paulo Gomes.
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O seminário Rio Eco Rural será encerrado na tarde de sábado com o painel Meio Ambiente, que tem como temas As dificuldades na obtenção do licenciamento ambiental para agricultura, com Benito Igreja; Zoneamento agroecológico do estado do Rio de Janeiro, com Aluísio Granato; Fiscalização florestal e gestão de áreas de preservação ambiental, com André Ilha; e Legislação sobre o uso dos recursos hídricos, com Marilene Ramos.
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Apoiam o seminário o Sistema Firjan, Embrapa, Sebrae, Governo do Estado do Rio de Janeiro, através da Secretaria de Agricultura; Banco do Brasil e Fecomércio.
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Fonte: A Voz da Serra (07.04.2009)

quarta-feira, 1 de abril de 2009

8ª visita técnica do Diagnóstico de Campo Turístico-Ambiental de Nova Friburgo: Stucky - Santiago

No dia 14 de março de 2009 foi realizada a 8ª visita técnica do Projeto Diagnóstico de Campo Turístico-Ambiental de Nova Friburgo, realização do Centro de Estudos e Conservação da Natureza (CECNA) e Equipe de Turismo Receptivo de Nova Friburgo (ETR) com o apoio da Universidade Livre da Floresta Atlântica (UNIFLORA) e da Agenda 21 Local de Nova Friburgo. O trajeto percorrido, de 9,1 Km de extensão, foi a estrada de terra entre as localidades de Stucky e Santiago conhecida como Estrada Velha de Lumiar. O nome se deve ao fato de que um trecho do acesso à localidade de Lumiar se dava por esse caminho até a abertura e posterior asfaltamento da atual RJ-142, que segue paralelamente à primeira, conhecida como Estrada Serramar ou Estrada Mury-Lumiar no trecho que liga essa duas localidades.



Detalhes do trajeto (clique na imagem para ampliar).

Como pode-se verificar pelo mapa de vegetação, essa estrada corta uma mancha de floresta muito bem conservada, devido principalmente ao relevo bastante acidentado e de altitudes elevadas (acima de 1000 m de atitude em quase toda sua extensão). A primeira parte do percurso, de Stucky até a localidade de Alto do 50, são de subida, pois nele ainda se está na bacia do rio Bengalas, q à jusante corta o centro de Nova Friburgo. Quando se chega no Km 3,5 atinge-se o divisor de águas e começa a descida. Nesse momento, entra-se na bacia do rio Macaé e também na Área de Proteção Ambiental Estadual de Macaé de Cima, administrada pelo Instituto Estadual do Ambiente (INEA).

Início do percurso, em Stucky.



Em toda a estrada há uma ocupação humana esparsa, sobretudo por sítios de recreação e construções de padrão elevado. No entanto, há uma concentração urbana no início da localidade de Alto dos 50 com casas pequenas e simples, muitas sem acabamento em suas fachadas. Não foi verificado presença de serviços públicos como escola, posto de saúde, etc, e o único telefone público não estava funcionando. Também não foi avistado durante a visita nenhum transporte público, como ônibus ou vans. No entanto, o fluxo de veículos particulares foi pequeno mas constante, com carros de modelos novos e inclusive com placas de outros estados, comprovando o nível econômico relativamente elevado dos sitiantes locais.

Alto dos 50.

Próximo à localidade Parque das Cascatinhas.

A estrada é de terra em toda sua extensão, alguns trechos em bom estado mas como um todo encontra-se mal conservada, sobretudo no trecho final, o que deve explicar em parte a ausência de transporte público e de outros serviços. Foram verificados pouquíssimos deslizamentos de terra nas encostas, o que se deve ao bom estado de conservação da floresta e da pequena ocupação antrópica.

Quanto à vegetação, domina a formação floresta ombrófila densa em avançado estágio de regenaração. Apenas nas áreas mais planas próximas à estrada, dentro dos sítios de recreação, não se vê a mata densa devido aos gramados e terrenos “limpos”. Encontra-se alguns eucaliptais e poucas pastagens. A maior área de prática pecuária localiza-se quase no final do percurso e mesmo assim limita-se ao sopé de um morro, tendo o mesmo floresta em sua parte mais alta e no topo. Também há vários pontos onde está ocorrendo a regeneração da floresta.

O que chamou a atenção da equipe foram algumas placas indicando um projeto de manejo florestal em um dos sítios localizados no trajeto percorrido. Nelas citam-se algumas práticas adotadas no projeto como “supressão de vegetação exótica”, certamente se referindo ao eucaliptal que pode ser avistado dentro da propriedade. Certamente essa constitui-se em uma bela iniciativa, podendo incentivar outros projetos semelhantes na região.


Base de campo do projeto e o eucaliptal ao fundo.

Em relação à paisagem, não há muitos pontos de vista panorâmica, destacando-se dois mirantes nos Km 5,5 e 6,0 existentes apenas porque parte da estrada caiu e portanto abriu uma clareira que através da qual pode-se observar uma bela vista para um vale coberto pela Mata Atlântica. Não há rios volumosos e, portanto, locais para banho e cachoeiras de grande porte. Vale destacar a presença constante em todo o percurso de uma grande quantidade de borboletas, de várias espécies, entre as quais destaca-se uma espécie branca esverdeada e que, na clareira citada acima, pôde-se avistar centenas delas permeando e pontilhando de branco a floresta do outro lado do vale, configurando uma cena realmente espetacular e até mesmo emocionante.

Açude.


Espécie de borboleta predominante do trajeto.


Vista do mirante 1.

No Km 5,7 aproximadamente, há uma saibreira aparentemente abandonada, sendo um dos maiores impactos ambinetais presenciados no percurso e que proporciona um aspecto muito negativo ao potencial turístico do percurso.

Saibreira.

Vista do mirante 2.

Maior área de pastagem no percurso, no entanto, o topo do morro encontra-se conservado, com uma vegetação em estágio avançado de regeneração.


Grande propriedade, com várias casas e benfeitorias do final do percurso.

Final do trajeto, na bifurcação que leva ou para Santiago ou para Galdinópolis.

Concluindo, esse percurso, pela Estrada Velha de Lumiar, ou que bem pode ser chamado de Caminho das Borboletas, devido à intensa presença desse artrópode, tem um potencial muito grande para o turismo e o ecoturismo. É um percurso relativamente leve, de fácil acesso, com muitas belezas cênicas e muito bem conservado. Portanto, merece uma atenção especial do poder público para que o mesmo providencie a melhoria dos serviços prestados, sobretudo no que diz respeito ao saneamento das localidades, em especial no Alto dos 50, e ao transporte público, além de estruturas para o recebimentos dos visitantes, que podem contribuir muito para o crescimento econômico local aliado ao respeito ao meio ambiente.