terça-feira, 28 de setembro de 2010

Estudo diz que 10% do PIB brasileiro dependem de recursos do meio ambiente

15 / 09 / 2010

Cerca de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro dependem de recursos fornecidos diretamente pelo meio-ambiente, como nutrientes do solo e água. A informação está no estudo A Economia dos Ecossistemas e da Biodiversidade (Teeb, na sigla em inglês), vinculado ao Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), que será divulgado, na íntegra, em outubro, na Conferência das Partes sobre Biodiversidade (COP-10), em Nagoya, no Japão. Mais dois países também foram analisados no levantamento. A Índia tem dependência de 16% de recursos do ecossistema, e a Indonésia, 21%.

O estudo tem intenção de mostrar a importância da preservação do meio ambiente na economia dos países. "Apesar da boa vontade e da legislação, continuamos a destruir a biodiversidade, porque não olhamos para os benefícios da conservação em termos econômicos. Àquilo que está na natureza não é dado valor econômico", afirmou o economista indiano Pavan Sukhdev, coordenador da pesquisa, em evento nesta terça-feira (14) em São Paulo.

Os dados da pesquisa mostram que a preservação do meio ambiente pode significar crescimento econômico. Segundo Pavan, a economia ligada às "questões verdes" está passando por um forte crescimento. Os "empregos verdes", relacionados à preservação, terão um incremento, de acordo com o economista, de cerca de 20 milhões de vagas nos próximos anos. O estudo estima que, em 2020, os produtos agrícolas certificados terão um mercado de US$ 210 bilhões, ante US$ 40 bilhões de hoje.

Fonte: Bruno Bocchini /Agência Brasil – Ambiente Brasil

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

MMA realiza consulta pública para avaliação ambiental estratégica

27 / 09 / 2010

Para receber sugestões e comentários, está sob consulta pública até o dia 12 de outubro de 2010, o texto preliminar das diretrizes do Ministério do Meio Ambiente para a Avaliação Ambiental Estratégica (AAE). Trata-se de um instrumento com orientações para facilitar a associação da questão ambiental no processo de planejamento das políticas públicas dos vários setores de governo.

A ideia é que o Brasil possua um instrumento voltado para sustentabilidade ambiental de programas, planos, projetos estruturantes, entre outros, e funcione como mecanismo facilitador no processo de decisão estratégica.

Com isso, a AAE permitirá fazer avaliação de risco, criar oportunidades e evitar situações de conflito, sempre que tenha implicações com mudanças climáticas, perda de biodiversidade, produção e segurança alimentar, unidades de conservação integral, uso compartilhado de recursos ambientais, entre outros assuntos.

A proposta em discussão ainda prevê a elaboração do Guia Metodológico para a Prática da AAE, no qual estarão expressos os fundamentos conceituais, técnicos e processuais para fazer a Avaliação Ambiental Estratégica.

Após o prazo de consulta pública, o Ministério do Meio Ambiente irá reunir as contribuições e publicar texto final. Contribuições e sugestões poderão ser encaminhadas para cema@mma.gov.br até o dia 12 de outubro de 2010.

Fonte: MMA

sábado, 25 de setembro de 2010

Brasil está deixando para trás fama de desmatador, diz ‘Economist’

25 / 09 / 2010

Uma reportagem publicada na edição desta semana da revista Economist afirma que o Brasil está deixando para trás a fama de desmatador, mas precisa superar entraves para virar o que um entrevistado no texto chama de "potência ambiental".

A revista explica as razões pela qual o país reduziu significativamente a sua taxa de desmatamento entre o fim dos anos 1990 e o início deste século e os últimos anos.

Segundo a Economist, entre 1996 e 2005 cerca de 19,5 mil km² da Amazônia brasileira eram desmatados a cada ano. Entre 2008 e 2009, essa área foi reduzida drasticamente, para cerca de 7 mil km².

Entre as razões apontadas para este fenômeno está uma menor demanda mundial por commodities agrícolas – que alivia as pressões para produzir alimentos na área de floresta -, combinada com ações governamentais.

Entre tais ações, está uma maior regularização da Amazônia, com a demarcação de mais áreas indígenas, parques nacionais e áreas de produção de madeira, e mais ações policiais para coibir a exploração ilegal da floresta e um acompanhamento mais minucioso do desmatamento via satélite.

A revista lembra que o país prometeu reduzir o desmatamento em 80% até 2020 e afirma que, diante dos recentes resultados, "muitos formuladores de políticas públicas agora falam de parar de vez o desmatamento até 2030, ou até revertê-lo".

"É difícil exagerar os benefícios que isto traria. Ajudaria a evitar diversas catástrofes previsíveis que têm relação com o clima, as condições de tempo e a sobrevivência de milhões de espécies. E passaria a mensagem de que este esforço está sendo realizado pelo país com a maior floresta tropical do mundo e uma grande potência emergente", diz o artigo.

Entraves – Entretanto, a revista observa que o país ainda precisa superar entraves para virar o que o ex-ministro da Fazenda, Rubens Ricúpero, imagina como uma "potência ambiental".

Embora tenham melhorado, os esforços de policiamento ainda são esporádicos e os recursos das autoridades ambientais ainda são parcos, diz a revista. Além disso, mesmo quando condenados, muitos criminosos ambientais não pagam multas.

O artigo também lembra a pressão de produtores para que haja um maior relaxamento na legislação ambiental, em especial a que requer que toda propriedade amazônica mantenha pelo menos 80% de cobertura vegetal intacta.

"Porém, acabar com o desmatamento na Amazônia é de interesse do Brasil, e muitos brasileiros o estão reivindicando, razão pela qual hoje é imaginável."

Com 40% das suas emissões de carbono provenientes da perda de floresta, e igual porcentagem de todo o seu consumo de energia oriundo de fontes renováveis, o país está em uma posição privilegiada para liderar a redução nas emissões de carbono e desenvolver tecnologia verde, diz o texto.

"Há alguns obstáculos para tanto. Mas se os líderes brasileiros optarem por removê-los, e não a floresta, eles não fariam um favor apenas ao mundo; beneficiariam a economia do seu próprio país junto."

Fonte: G1

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Mudança climática pode reduzir PIB do Brasil em 2,3% em 2050, diz Ipea

23 / 09 / 2010

A mudança do clima prevista para as próximas décadas deve se refletir no cenário econômico do Brasil no período, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

O instituto lançou nesta quarta-feira (22) a quarta edição do Boletim Regional, Urbano e Ambiental, que chama a atenção para a possibilidade de redução do PIB brasileiro entre 0,5% e 2,3% no ano de 2050 por causa de alterações no comportamento do clima.

O artigo que trata dos impactos do clima sobre a economia, intitulado 'Economia da mudança do clima no Brasil', se baseia na projeção do PIB brasileiro, para 2050, entre R$ 15,3 trilhões e R$ 16 trilhões. Se as perdas fossem antecipadas para o valor presente, com taxa de desconto de 1% ao ano, ficariam entre R$ 719 bilhões e R$ 3,6 trilhões.

O estudo ressalta que, com ou sem mudança do clima, a economia do país sempre crescerá mais, caso sejam feitas escolhas por trajetórias consideradas mais limpas. Esta opção envolve o estímulo aos mecanismos de desenvolvimento limpo (MDL).

"A atenção do país deve estar voltada para a redução das emissões de CO2. No entanto, estas medidas devem ser vistas como uma janela de oportunidades", afirmou o pesquisador do Ipea, Gustavo Luedemann, ao se referir ao desenvolvimento sustentável, do ponto de vista ambiental do parque industrial brasileiro, e às possibilidades de ganhos de créditos de carbono.

De acordo com o boletim do Ipea, a pobreza deve aumentar devido à mudança do clima, mas de forma quase desprezível. É esperada uma perda média anual para o cidadão brasileiro entre R$ 534 e R$ 1.603, em 2050.

As regiões Norte e Nordeste do Brasil são apontadas como as mais vulneráveis à mudança do clima. Em relação à região Amazônica, a elevação da temperatura poderá ser de 7°C a 8°C em 2100, o que é avaliado como uma 'alteração radical' da floresta amazônica.

No Nordeste, as chuvas tenderiam a diminuir em até 2,5 milímetros por dia até 2100. De acordo com o levantamento, esta mudança causará perdas agrícolas em todos os estados da região, reduzindo em 25% a capacidade de pastoreio de bovinos de corte.

A mudança do clima deve causar ainda impactos sobre algumas bacias hidrográficas, com a diminuição brusca das vazões nas próximas décadas. 'Tal diminuição pode gerar uma perda de confiabilidade no sistema de geração de energia hidrelétrica, com redução de 31,5% a 29,3% da energia firme', esclarece.

Como solução, é apontada a necessidade de ações nos setores de transportes, habitação, agricultura e indústria. As principais recomendações para inibir a contribuição do Brasil sobre efeitos provocados pela mudança climática são o controle do desmatamento e o investimento em opções de eficiência energética renovável.

Fonte: G1

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Revisão do Código Florestal causará perda da biodiversidade

Fábio de Castro - Agência Fapesp - 14/09/2010

Se for aprovada em sua forma atual, a revisão do Código Florestal brasileiro, em votação no Congresso Nacional, poderá levar a perdas irreversíveis na biodiversidade tropical, alertam cientistas em carta publicada na edição desta semana da revista Science.

Intitulada Perda de biodiversidade sem volta, a carta tem autoria de Fernanda Michalski, da Universidade Federal do Amapá, Darren Norris, da Universidade Estadual Paulista (Unesp), e Carlos Peres, da Universidade de East Anglia, no Reino Unido.

Na carta, os pesquisadores apontam que as propriedades privadas correspondem a 39% do território brasileiro e representam um componente essencial para a conservação da biodiversidade florestal, à parte das áreas protegidas formalmente.

Mas os "interesses de curto prazo de poderosos grupos econômicos, influentes proprietários de terra e políticos, ao diluir o Código Florestal, ignoram o valor das florestas privadas para a conservação", segundo eles.

- Redução das Áreas de Proteção Permanente

De acordo com Fernanda, a manifestação é um complemento à carta publicada na Science no dia 16 de julho, por pesquisadores ligados ao Programa Biota-FAPESP, com o título Legislação brasileira: retrocesso em velocidade máxima? Segundo ela, o objetivo foi colocar em evidência a modificação do código relacionada à redução das Áreas de Proteção Permanente (APP).

"A Science abre espaço para que possamos reforçar comentários feitos em edições anteriores. Quisemos fazer isso para enfatizar um pouco mais o problema diretamente ligado à redução das áreas de APP, que está sendo levantado na proposta de reforma do Código Florestal", disse.

"Parte do meu pós-doutorado correspondeu exatamente à avaliação do uso de áreas de APP por vertebrados de médio e grande porte. A partir dos dados obtidos nessa pesquisa achamos relevante destacar esse tópico no contexto da reforma do Código Florestal", destacou.

A carta enviada em julho pelos pesquisadores do Biota-FAPESP apontava que as novas regras do Código Florestal reduziriam a restauração obrigatória de vegetação nativa ilegalmente desmatada desde 1965. Com isso, as emissões de dióxido de carbono poderão aumentar substancialmente e, a partir de simples análises da relação espécies-área, "é possível prever a extinção de mais de 100 mil espécies, uma perda massiva que invalidará qualquer comprometimento com a conservação da biodiversidade", segundo eles.

O texto foi assinado por Jean Paul Metzger, do Instituto de Biociências da USP, Thomas Lewinsohn, do Departamento de Biologia Animal da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Luciano Verdade e Luiz Antonio Martinelli, do Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena), da USP, Ricardo Ribeiro Rodrigues, do Departamento de Ciências Biológicas da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, e Carlos Alfredo Joly, do Instituto de Biologia da Unicamp.

- Efeito de borda

A carta publicada na edição atual da revista científica norte-americana afirma que a reforma da legislação irá "efetivamente condenar remanescentes florestais e a rebrota em terras privadas no maior país tropical da Terra".

Segundo Fernanda, o texto reforça uma questão levantada na manifestação anterior, relacionada a um possível aumento do "efeito de borda" - uma alteração na estrutura, na composição ou na abundância de espécies na parte marginal de um fragmento florestal que acaba tendo impactos sobre a fauna e flora de toda a região.

"O efeito de borda se manifesta à medida que a permeabilidade da matriz aumenta e cria uma série de efeitos adversos para a flora e para a fauna. Mas, além disso, nossas pesquisas revelaram um outro dado importante que merecia ser destacado: quando a área de proteção é reduzida a menos de 50 metros de cada lado da APP, o resultado é um aumento considerável na mortalidade das árvores", afirmou.

Os cientistas brasileiros alertam que, com as modificações propostas na legislação, a redução das áreas de proteção deverá provocar mudanças nas características da paisagem que reduzirão a capacidade da floresta para reter e conectar espécies, ou para manter a qualidade dos corpos d'água.

- Ainda é possível ter esperança

Segundo o texto, os proprietários rurais que cumprirem a nova legislação aumentarão a fragmentação da paisagem e reduzirão o valor das suas propriedades, por conta da erosão do solo e pela má regulação de captação de água nas bacias hidrográficas.

Mas ainda é possível ter esperança: "a comunidade científica e ambiental, as organizações não governamentais e o Ministério do Meio Ambiente ainda podem se conciliar com os defensores da reforma do Código Florestal", ressaltam os autores.

"Para isso, será preciso melhorar a comunicação entre os segmentos da sociedade, desenvolvendo alternativas de gestão inteligente do uso do solo na matriz agropecuária existente e evitando, com isso, a expansão de novas fronteiras de desmatamento", afirmam.

Bibliografia:

No Return from Biodiversity Loss

Fernanda Michalski, Darren Norris, Carlos A. Peres

Science

10 September 2010

Vol.: 329. no. 5997, p. 1282

DOI: 10.1126/science.329.5997.1282-a

Fonte: www.inovacaotecnologica.com.br


terça-feira, 14 de setembro de 2010

Meios de transporte mais limpos podem ajudar a reduzir emissões no Brasil

14 / 09 / 2010

Pesquisa divulgada nesta segunda-feira (13), durante o Fórum Global de Sustentabilidade no Supply Chain, no Rio de Janeiro, mostra que na matriz de transporte brasileira o modal rodoviário responde pela maior quantidade de carga movimentada (62,7%) e também lidera o ranking de emissões de gás carbônico (CO2) na atmosfera (87,6%).

De acordo com a pesquisa, realizada pelo Instituto de Logística e Supply Chain (Instituto Ilos), se a matriz de transportes nacional fosse mais limpa, o país poderia diminuir de forma significativa as emissões de (CO2).

Se o Brasil conseguisse reduzir a participação das rodovias na matriz de transporte e elevasse a cabotagem, que hoje é de apenas 9,9%, como ocorre na Europa, por exemplo, as emissões poderiam diminuir em até 25%.

O mesmo ocorre em relação à China, em que a metade da matriz de transportes é cabotagem. Nesse caso, o Brasil poderia reduzir as emissões de (CO2) em até 65%.

Segundo a coordenadora de Inteligência de Mercado do Instituto Ilos, Mônica Barros, responsável pelo estudo, existe um potencial enorme no Brasil para reduzir as emissões, se ele adotar meios de transporte menos poluentes. "Qualquer dos modais, seja cabotagem, hidrovia ou até mesmo a ferrovia, você tem emissões significativamente menores do que a rodovia", afirmou.

A maioria das 109 principais empresas brasileiras consultadas (53%) afirmou que boa parte das ações de sustentabilidade ambiental implementadas na logística não tive retorno financeiro.

Mônica lembrou que existe um tripé na questão da sustentabilidade, formado por um pilar econômico – " foco principal das empresas é ter lucro", pela responsabilidade social e o pilar ambiental. "Teoricamente, você deveria tentar caminhar nessas três direções juntas, para ter uma sustentabilidade mais aderente". Custos mais elevados inibem ações sustentáveis, avaliou. "Quando você pode casar sustentabilidade ambiental com o pilar econômico, com redução de custos, é o que todo mundo quer".

Muitas empresas apresentam atitudes voluntárias e sustentáveis que resultam em redução de custos e melhoria de marca, porque lhes interessa serem vistas no mercado como empresas "verdes", constatou a pesquisa. "Isso está fazendo com que as empresas de uma forma ou de outra se mexam nessa direção."

Fonte: Alana Gandra/ Agência Brasil

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Brasil quer fazer Copa “verde” em meio a problemas ambientais

07 / 09 / 2010

Realizar uma Copa do Mundo "verde" é uma promessa do Brasil, que busca construir estádios ambientalmente sustentáveis e prepara ações para alavancar a reciclagem, a coleta seletiva, os produtos orgânicos e os parques. Mas resolver entraves ambientais de anos parece ser uma missão difícil.

Ao mesmo tempo em que busca construir ou reformar estádios utilizando o reaproveitamento da água, o uso da energia solar, a reciclagem e a ventilação natural, o Brasil tenta superar problemas como os aterros, a sujeira das cidades, o esgoto não tratado, a drenagem e os altos índices de desmatamento e emissões de gases poluentes.

"O Brasil é um país com liderança na área ambiental e também é reconhecido como uma grande potência de biodiversidade mundial, então o Brasil tomou a decisão de que essa vai ser uma agenda forte na Copa. Isso é uma prioridade", disse à Reuters Claudio Langone, coordenador da câmara temática do meio ambiente e sustentabilidade, uma das nove criadas para a Copa do Mundo de 2014, ligada ao Ministério Esporte.

Desde a Mundial da Alemanha em 2006 a Fifa recomenda que os países-sede tenham uma preocupação ambiental na preparação das competições, e o Brasil pretende fazer uma Copa "verde", como anunciou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em julho, no lançamento do emblema oficial de 2014.

"O Brasil quer fazer uma Copa mais marcada pela sustentabilidade do que as duas anteriores", explicou Langone.

A câmara temática do meio ambiente e sustentabilidade pretende equacionar os licenciamentos da infraestrutura necessária para a Copa, busca uma estratégia para alavancar a produção e distribuição de produtos orgânicos e sustentáveis até 2014 e planeja estruturar cerca de 40 parques – muitos deles deteriorados atualmente – para receber visitação no período da competição.

Como essas iniciativas são nacionais, a realização delas depende dos governos estaduais e municipais, e questões políticas podem ser envolvidas e impedir que as ações se desenvolvam por completo.

Para João Alberto Viol, presidente do Sinaenco, o Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva, o Brasil conseguirá cumprir parte do objetivo.

"Acho que vai ser mais uma missão feita mais ou menos, ao nosso estilo. Para fazer uma Copa verde nós temos que pensar no conceito da sustentabilidade: o equilíbrio do homem com o meio ambiente. E para isso, todas as soluções têm que ser pensadas sob esse aspecto: a obra, o local, o equilíbrio dela com o entorno", disse Viol.

"Nós conseguiremos fazer alguns projetos com inovações, que venham de encontro à sustentabilidade, mas isso não está num plano global, em que todas as soluções foram discutidas e colocadas."

Ele citou ainda problemas como os resíduos sólidos, os aterros, a sujeira das cidades, o esgoto não tratado e a drenagem como "pontos que afetam a visibilidade da Copa, mas não impedem a sua realização".

Estádios "certificados" – O coordenador da câmara do meio ambiente e sustentabilidade disse que todos os estádios que usarão recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) terão que ter um certificado com selos reconhecidos internacionalmente. O mesmo acontecerá para os hotéis.

Por enquanto, nove dos 12 estádios da Copa entraram em contato com o banco. Porém, as obras estão atrasadas, o que despertou a preocupação da Fifa.

"Os estádios que usarão dinheiro privado não estão obrigados a fazer (a certificação), mas há uma diretriz de que eles também façam. A tendência é que todos tenham."

Ter um estádio "certificado" significa que ele obedece a uma série de exigências ambientais, conforme explicou o arquiteto Sergio Coelho, responsável pela construção do estádio de Cuiabá.

"Toda a especificação do projeto (de Cuiabá) leva em conta a eficiência energética, a reciclagem, o uso de madeira certificada, é uma lista bastante grande de itens que tem a ver com a questão ambiental", declarou.

"Não é razoável você usar rede pública de água, então estamos fazendo no nosso projeto bastante reuso da água, seja água de chuva, a água de cobertura é toda captada, e a água de irrigação do gramado também faz parte desse sistema."

A construção da Fonte Nova, em Salvador, utilizará um processo de reciclagem dos resíduos do antigo estádio, demolido no domingo. O entulho é fragmentado em pedaços ainda menores, separado do metal e da madeira, tornando-se um tipo de material apropriado para reaproveitamento em serviços de terraplanagem e pavimentação, informou a construtora responsável pelas obras.

O arquiteto Marc Duwe, que trabalha para a empresa que projeta a reconstrução da Fonte Nova, destaca "o reuso da água, o sistema da cobertura que usa menos aço e a ventilação natural" como fatores importantes do projeto.

Fonte: G1 / Ambiente Brasil

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Catástrofes mostram necessidade gritante de ação climática, diz ONU

03 / 09 / 2010

A nova chefe do clima na ONU, Christiana Figueres, alertou nesta quinta-feira (2) que a série de calamidades climáticas demonstram a urgência de se chegar a um acordo revolucionário sobre o aquecimento global ainda neste ano.

Falando antes de uma rodada de conversações com 40 países sobre finanças, um tema que tem contribuído para paralisar as negociações climáticas na ONU, Figueres disse que as enchentes no Paquistão, os incêndios na Rússia e outros desastres ambientais são um chocante sinal de alerta.

"As notícias demonstram que um futuro de desastres climáticos intensos e globais não é o futuro que nós desejamos", disse à imprensa Figueres, recém-indicada para chefiar a secretaria-executiva da Convenção-Quadro sobre Mudanças Climáticas das Nações Unidas (UNFCCC, na sigla em inglês).

"A ciência irá demonstrar se e como estes eventos estão relacionados com as mudanças climáticas causadas pelas emissões de gases-estufa pela humanidade, mas o ponto é claro: não temos condições de enfrentar uma escalada de desastres deste tipo", acrescentou.

As conversações em Genebra, que se estendem até sexta-feira, reúnem mais de 40 países em nível ministerial, inclusive economias avançadas, grandes emergentes e países representativos de nações pobres.

O objetivo é estabelecer um "diálogo" nas linhas gerais de como arrecadar 100 bilhões de dólares ao ano até 2020.

As muitas questões incluem os recursos para este fundo, o papel dos setores público e privado e como o dinheiro seria administrado.

Sobre a mesa também está a questão de como implementar de forma rápida recursos de 30 bilhões de dólares nos próximos três anos.

As duas são promessas chave feitas pelos países ricos na Cúpula do Clima de Copenhague, em dezembro passado, um evento que esteve à beira da catástrofe por causa de disputas e trocas de acusações.

Hoje, a desconfiança impera, especialmente entre os países em desenvolvimento, em vista das poucas premissas sólidas acertadas no encontro na capital dinamarquesa.

"Ficaremos muito satisfeitos com o encontro (em Cancún) se ele começar a dar sinais de confiança, de um entendimento comum dos desafios…. Das questões importantes; isto seria um enorme avanço", afirmou o negociador suíço Franz Perrez.

Os países em desenvolvimento, em particular, querem garantias de que os 30 bilhões de dólares do financiamento de curto prazo virão de novas fontes e não serão retiradas da ajuda ao desenvolvimento ou de orçamentos já existentes, explicou o conselheiro político da organização não-governamental Oxfam, Romain Benicchio.

Figueres pediu aos governos que concordem em "quatro ou cinco" grandes suportes durante as conversações climáticas da UNFCCC previstas para o fim do ano, em Cancún, e que servirão de plataforma para um pacto global sobre o clima a partir de 2012.


 

Uma das questões para debate em Cancún será o financiamento.

Estima-se que sejam necessários centenas de bilhões de dólares para evitar futuras emissões de gases-estufa de países emergentes, e para ajudar as nações pobres a enfrentar a intensificação dos efeitos das mudanças climáticas, como seca, cheias, tempestades e elevação do nível dos mares.

Suíça e México, que partilham a organização do evento, insistiram que as conversações em Genebra não constituem um encontro de uma elite.

Ao contrário, afirmaram, seu resultado alimentará o processo no âmbito da ONU, o único meio válido, apesar de seus muitos problemas, para se tratar da ameaça das mudanças climáticas.

O próximo fórum da Convenção-quadro, integrada por 194 países, está prevista para outubro, em Tianjin, na China, antes da Cúpula de Cancún, prevista para 29 de novembro a 10 de dezembro.


 

Depois do traumático resultado da COP-15, em Copenhague, as expectativas estão baixas.

Na melhor das hipóteses, afirmam especialistas, Cancún terminará com um bom avanço nas questões chave, mas o mundo precisará esperar outro ano até que esteja pronto o esboço de um tratado.

Se tudo correr bem, o acordo entrará em vigor após 2012, quando expira o Protocolo de Kyoto – atual documento de compromissos da UNFCC -, estabelecendo uma nova diretriz para reduzir as emissões de gases-estufa de origem antropogênica – provocada pelo homem – e para se estabelecer o apoio financeiro necessário para cumprir este objetivo.

Fonte: G1 / Ambiente Brasil

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Causa de aumento de focos de queimada em 150% neste ano não é climática, diz pesquisadora do INPE

01 / 09 / 2010

Em 2010, cerca de 46 mil focos de queimadas foram registradas pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) em todo o país. O número representa aumento de aproximadamente 150% em relação aos focos detectados no ano passado. Apesar deste ano ter temperaturas mais altas, umidade relativa do ar mais baixa e menos chuvas do que 2009, não se deve creditar o aumento de incêndios às causas climáticas, de acordo com a pesquisadora do instituto, Karla Longo.

"O fato de termos uma estação seca e outra úmida, é natural, mas uma estação de queimadas é opção do país. As pessoas assumem essa sazonalidade como normal, o que não é verdade", diz a pesquisadora. Segundo ela, 99% das queimadas são provocados. As condições atmosféricas favorecem os incêndios, mas as principais causas são econômicas e culturais.

De acordo com Karla, é muito comum colocar fogo na vegetação nesta época do ano. Na Amazônia, por exemplo, a quantidade de água na vegetação é alta, por isso agricultores e pecuaristas da região derrubam a mata, esperam secar e, quando o clima fica mais propício, justamente na estação mais seca, colocam fogo completar o desmatamento da área.

Segundo ela, o modelo de produção agrícola e pecuária extensiva, bastante adotado no Brasil, contribui para esse tipo de desmatamento. Além disso, colaboram alguns hábitos da população. "É comum pessoas que colocam fogo na sujeira depois de varrer o quintal ou que jogam bituca de cigarro na estrada".

A pesquisadora explica ainda que, com a propagação de incêndios, aumenta a concentração de monóxido de carbono (CO) na atmosfera, o que traz prejuízos econômicos e ambientais. "Há redução da produtividade agrícola e alteração do ciclo da água. Estudos feitos no Acre e em Mato Grosso associam o número de internações hospitalares à concentração de fumaça na atmosfera", observa Karla.

No mês de agosto, a Região Norte foi responsável pela maioria das queimadas (65%) e chegou a registrar a emissão de 23 milhões de toneladas de monóxido de carbono. Do total, o Inpe estima que apenas 10% seja proveniente de emissões industriais e de veículos. A concentração mais alta é a do estado do Pará, seguido de Mato Grosso e Rondônia.

Fonte: Radiobrás /Ambiente Brasil