terça-feira, 22 de novembro de 2011

CECNA e ETR concluem Diagnóstico de Campo Turistico Ambiental de Nova Friburgo RJ - Bacia do Rio Macaé

O Centro de Estudos e Conservação da Natureza (CECNA) e a Equipe de Turismo Receptivo de Nova Friburgo (ETR) concluíram o Diagnóstico de Campo Turístico Ambiental de Nova Friburgo RJ, Bacia Hidrográfica do Rio Macaé. O projeto teve como objetivo percorrer a pé todos os principais caminhos da referida bacia para coletar dados e informações sobre o meio ambiente e os atrativos naturais e rurais.



Nova Friburgo já conta com uma grande quantidade de estudos e pesquisas na área ambiental e de turismo, porém são poucos os que priorizam informações e dados primários, ou seja, aqueles que são adquiridos pela primeira vez. A maioria desses trabalhos é elaborada quase que exclusivamente por consultas bibliográficas. Portanto, pode-se concluir que há um grande déficit de conhecimento da realidade atualizada e in loco do município como um todo. É essa lacuna que o presente projeto visa preencher, sendo que a metodologia adotada pode ser utilizada para as demais bacias do município (rio Bengalas e rio Grande)

O projeto contou com o apoio da ONG Uniflora e está inserido dentro do escopo da Agenda 21 Local, contribuindo também para complementar os estudos socioambientais elaborados pela mesma em Nova Friburgo.

Nas visitas técnicas, percorreu-se a pé o percurso planejado previamente através de mapas e fotografou-se todos os elementos da paisagem considerados relevantes, como: árvores, exemplares da fauna, mirantes, nascentes, rios, cachoeiras, morros, montanhas, vales, florestas, cultivos agrícolas, pastagens, fazendas, sítios, construções antigas, pontes, vilas, etc. Também foram registrados os trajetos e as coordenadas geográficas dos pontos principais com um aparelho de GPS. Após, no escritório, foram feitos os relatórios das visitas de campo, os quais contêm a seleção das melhores imagens além de mapas feitos com base nos dados coletados com o GPS. Por fim, os relatórios foram publicado na íntegra no blog do CECNA.

O trabalho teve início em 06 de setembro de 2008 e  foi concluído em 21 de abril de 2010. Foram 18 visitas que abrangeram de forma significativa a porção da bacia hidrográfica do rio Macaé que se encontra no território de Nova Friburgo, já que o rio também passa pelos municípios de Casimiro de Abreu e de Macaé, onde deságua no oceano Atlântico. Essa porção friburguense da bacia praticamente corresponde com a Área de Proteção Ambiental Estadual de Macaé de Cima, administrada pelo Instituto Estadual do Ambiente, INEA/RJ.

A escolha dos trajetos deu-se de forma a privilegiar, sempre que possível, a conexão entre duas localidades conhecidas, evitando estradas asfaltadas, com o objetivo de facilitar a logística do trabalho no que diz respeito ao transporte, abastecimento de mantimentos e facilidade de memorização do percurso posteriormente. Por esse mesmo motivo, em três visitas, foram percorridos pequenos trechos fora da bacia do rio Macaé.

Dessa forma, as visitas técnicas foram as seguintes, com suas respectivas extensões e as datas em que foram realizadas (clique em cada uma para acessar o respectivo relato):

1- Debossan - Macaé de Cima – 15,5 km (06.09.2008);

2- Rio das Flores - Rio Bonito de Cima – 18,9 km (13.09.2008);


3- Lumiar - Encontro dos Rios – 6 km (04.10.2008);


4- Rio Bonito de Baixo - Rio Bonito de Cima – 10,9 km (06.11.2008);


5- São Pedro da Serra - Lumiar – 9,2 km (20.11.2008);


6- Santiago - São Pedro da Serra – 10,4 km (13.12.2008);


7- Macaé de Cima - Santiago – 14,2 km (01.02.2009);


8- Stucky - Santiago – 9,1 km (14.03.2009);


9- Santiago - Galdinópolis – 11,8 km (19.04.2009);


10- Santiago - Encontro dos Rios – 15,9 km (14.06.2009);


11- Santa Margarida - Boa Esperança de Baixo – 7,1 km (18.07.2009);


12- Boa Esperança de Cima - Serra Queimada – 6,7 km (16.08.2009);


13- Boa Esperança de Cima - Alto Macabu – 5,2 km (20.09.2009);


14- Rio Bonito de Cima - Sertão do Rio Bonito – 5,7 km (23.10.2009);


15- Galdinópolis - Rio Bonito de Cima – 8,7 km (29.11.2009);


16- Theodoro de Oliveira - Macaé de Cima – 7 km (31.01.2010);


17- São Romão - Encontro dos Rios – 15,1 km (21.03.2010);


18- Encontro dos Rios - Toca da Onça – 12,9 km (21.04.2010).



No total, em 18 visitas técnicas, foram percorridos 190 km de estradas e trilhas, georreferenciados 231 pontos de interesse turístico, tiradas 7838 fotos, feitos 65 vídeos e elaborados 18 relatórios. Os relatórios foram publicados na íntegra, com mapas e a seleção das melhores fotos aqui no blog.



Acima, exemplo dos mapas elaborados para cada percurso, contendo distâncias e localizações e coordenadas geográficas dos principais atrativos (clique na imagem para ver com mais detalhes).


Certificado de registro do trabalho na Biblioteca Nacional (clique na imagem para ampliar)

Qualquer dúvida ou informação sobre esse trabalho, entre em contato através do email cecna.ong@gmail.com

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Eólicas têm R$ 25 bi em investimentos

20 / 04 / 2011

Os projetos de energia eólica (gerada pela força do vento) no país, com entrada em operação prevista até 2013, somam R$ 25 bilhões em investimentos, segundo a Abeeólica (Associação Brasileira de Energia Eólica).

A projeção considera empreendimentos vencedores de leilões em 2009 e 2010, a conclusão do Proinfa – programa de fontes alternativas do governo- e projetos com venda de energia prevista no mercado livre, que reúne grandes consumidores.

Fusões e aquisições não estão incluídas nessa conta, embora também passem por forte aquecimento.

A CPFL Energia anunciou, no intervalo de dez dias, a compra da líder no setor no país, a SIIF Énergies, e admitiu manter "tratativas" com a Ersa Energias Renováveis, que diz negociar uma "associação" com a CPFL. A participação das eólicas na matriz da CPFL deve passar de 7,6% em 2011 para 18,2% em 2013.

"A energia eólica ganhou competitividade nos últimos anos. O custo dos equipamentos caiu e houve melhora em eficiência", diz Gustavo Estrella, diretor de relações com investidores da CPFL. "Além do enorme potencial e do avanço da tecnologia, a energia eólica gera menos problemas ambientais", afirma Lindolfo Zimmer, presidente da Copel, que procura parceiros no setor.

Capacidade instalada – Os projetos em construção elevarão a capacidade instalada de geração de energia eólica de 900 MW em 2010 para 5.300 MW em 2013. "Apesar do crescimento, a participação das eólicas na capacidade total de geração será de apenas 4% em 2013″, diz Ricardo Simões, presidente da Abeeólica. Hoje, esse percentual é de 0,5%.

O potencial é grande. Mapeamento realizado em 2000 aponta a possibilidade de geração de 143 GW no país.

Especula-se que esse potencial seja ainda maior, caso sejam consideradas turbinas mais modernas, entre 80 e 100 metros de altura. "Ele estaria entre 300 e 400 GW, pelo menos", estima Steve Sawyer, do GWEC (Conselho Global de Energia Eólica).

A complementaridade com a energia hidráulica -os ventos são mais fortes no período seco- deixa o investimento atrativo do ponto de vista estratégico para o país.

Custos - Durante anos apontado como um dos principais entraves ao desenvolvimento do setor, o preço passou a contar a favor dessa fonte alternativa. "Os preços têm caído. No leilão de 2009, o valor médio ficou em R$ 148 o MWh e, no ano passado, em R$ 135″, diz Sérgio Marques, presidente da Bioenergy.

"É um círculo virtuoso. Quanto mais leilões você realiza, mais empresas vêm ao país, mais escala você adquire e maior é a possibilidade de o preço baixar", afirma Maurício Tolmasquim, presidente da EPE (Empresa de Pesquisa Energética).

O anúncio de novos projetos desenvolvidos exclusivamente no mercado livre -onde comprador e vendedor negociam diretamente- comprova a maior competitividade. "Mostra que essa fonte é realmente economicamente viável", diz Tolmasquim.

(Fonte: Tatiana Freitas/ Folha.com

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Os 100 dias de Dilma Rousseff

O Greenpeace fez uma avaliação de como as questões ambientais foram tratadas no período e só uma conclusão sai: cadê o verde que deveria estar aqui?

Aos novos governantes têm sido concedidos cem dias para construção de uma identidade, uma tradição inspirada na última jornada de Napoleão Bonaparte em 1815 e iniciada no governo do presidente norte-americano Franklin Roosevelt em 1930.

Na prática, a teoria é outra

Passados três meses, a presidente Dilma não mostrou ao que veio. Apesar de um artigo seu publicado na "Folha de S.Paulo" indicar preocupação com o tema ambiental, ela ainda não se posicionou na disputa entre ambientalistas e ruralistas pelo Código Florestal, ainda não deu início à construção de um marco legal para impulsionar as energias renováveis no país, não respondeu de maneira firme aos desmandos e à soberba da burocracia nuclear brasileira e ainda não foi capaz de explicar como ficam as emissões brasileiras, como previsto no Plano Nacional de Mudanças Climáticas, com o advento da exploração do pré-sal.

É certo que a fragmentação partidária não ajuda muito a presidente na missão de transformar o Brasil em um gigante da economia verde. São nada menos que dez partidos de peso político na base governista na Câmara dos Deputados, disputando cada um seu espaço: PT (88), PMDB (79), PP (41), PR (41), PSB (34), PDT (28), PTB (21), PSC (17), PCdoB (15) e PRB (8).

Muitos deles, como PMDB e PP, estão recheados de ruralistas com interesses contrários aos da agenda verde. Muitos deles trabalham para enfraquecer a proteção ambiental por meio da desfiguração do Código Florestal e do Sistema Nacional de Unidades de Conservação, e ainda trabalhando pela manutenção (e até crescimento) de fontes poluidoras na matriz energética brasileira. Além, é claro, do forte lobby nuclear que há décadas habita os corredores do Congresso e aprisiona o país em uma perigosa aventura atômica.

Dormindo com o inimigo

Durante a campanha eleitoral, a presidente Dilma respondeu a um questionário do movimento ambientalista. Nele, afirmou que vetaria mudanças no Código Florestal que levasse a anistia a desmatadores e diminuísse reserva legal e áreas de proteção permanente (APPs).

Ela sempre tão ciosa da sua autoridade e do entrosamento das diferentes áreas do seu governo, precisa esclarecer quem apita nessa discussão.

Atualmente, o líder do governo na Câmara dos Deputados, Candido Vacarezza, e o ministro da Agricultura, Wagner Rossi, estimulam a votação do projeto do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), que pretende enfraquecer a proteção das florestas brasileiras, anistiando quem desmatou ilegalmente e ampliando os limites do que pode ser cortado nas áreas de preservação permanente, situadas nas margens dos rios.

A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, disse que "o MMA vem debatendo a questão em cima de três eixos: manutenção das APPs e da reserva legal sem desmatamento; resolução da questão dos passivos ambientais, oferecendo saída para cada uma delas; e as oportunidades que o código venha a oferecer permitindo compensações dentro do mesmo bioma e da mesma bacia hidrográfica, estimulando a silvicultura com, por exemplo, o Pagamento por Serviços Ambientais". Do outro lado o ministro da Agricultura, Wagner Rossi, afirmou por diversas vezes que o relatório do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) sobre o novo Código Florestal merece "nota dez": "Não é preciso discutir melhor. Quem discute melhor é o Congresso Nacional", diz ele.

A presidente precisa entrar em cena e deixar claro qual é a proposta do governo para o Código Florestal.

Descaso em relação às renováveis

Apesar da mensagem com pinceladas verdes ao Congresso na abertura do ano legislativo, o governo ainda não trabalhou para impulsionar a votação do projeto de lei das energias renováveis, parado na Mesa Diretora da Câmara dos Deputados desde 2009.

O projeto é vital para o florescimento de um mercado para as energias limpas, renováveis e seguras no país, como eólica e solar. Em março de 2010, o Greenpeace, esteve com a presidente Dilma, então chefe da Casa Civil, pedindo o empenho pela aprovação da lei e ouviu que o tema seria tratado pelo governo.

Enquanto prosseguimos sem um marco legal para renováveis, o governo desperdiça R$ 12 bilhões com a construção de Angra 3, abandona em nossos canaviais um potencial de geração de 28 mil megawatts, o equivalente a duas usinas hidrelétricas de Itaipu, e não consegue construir as linhas de transmissão para os 20 parques eólicos do Rio Grande do Norte, onde serão investidos R$ 8,3 bilhões até 2013.

Limpando a barra

A equipe de Dilma previa sua ida à inauguração da usina térmica de Candiota 3 (RS), no início desse ano, mas a presidente mudou de ideia em cima da hora. O projeto faz parte de um acordo internacional firmado entre China e Brasil e está localizado no município de mesmo nome, que ficou 150 dias sem chuva no último verão.

O investimento em térmicas é totalmente contrário às iniciativas tomadas para reduzir a emissão de gases-estufa, que levam ao aquecimento global. A recusa de Dilma em ir ao evento demonstra que ela pelo menos sabe que ligar sua imagem a uma fonte altamente poluente é negativo. Mas nem por isso repensou o projeto, nem o crescimento da geração térmica na matriz energética brasileira, em detrimento ao investimento em fontes renováveis.

Abrolhos com petróleo

Logo no início de seu mandato, Dilma foi informada de que a sentença judicial que impedia a exploração de petróleo e gás no entorno do principal parque nacional marinho brasileiro, Abrolhos, tinha sido derrubada.

O ato deixou o local de reprodução de baleias jubarte, maior área de recife de coral do Atlântico Sul, vulnerável a acidentes semelhantes ao ocorrido no Golfo do México no ano passado. Já se passaram três meses e nenhuma providência foi tomada para tornar a região dos Abrolhos uma zona livre de exploração de petróleo.

Soberba atômica

Como desdobramento da recente tragédia no Japão, governos do mundo inteiro, a exemplo da Alemanha, anunciaram a suspensão da construção de novas usinas nucleares e a desativação das antigas, tranquilizando seus cidadãos.

No Brasil, entretanto, o desastre foi classificado de mero "incidente" pelo ministro de Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, que também afirmou que as usinas de Angra 1 e 2 são seguras e não representam riscos para o país.

Isso não é verdade. Angra 2 funciona sem licença ambiental permanente, um laboratório com material radioativo foi soterrado por um deslizamento de terra onde as usinas estão instaladas e o plano de evacuação em caso de acidente é pífio, pois sequer existem rotas seguras para garantir a retirada da população que mora em Angra dos Reis (RJ). Se um acidente nuclear, como o que ocorreu no Japão, acontecesse no Brasil, a evacuação deveria englobar até 1,5 milhão de pessoas, em 27 municípios do Rio de Janeiro e São Paulo.

Como não consegue comprovar que tem um plano de segurança para suas atividades nucleares, o governo recebeu recentemente do Ministério da Economia da Alemanha o aviso da suspensão do financiamento de € 1,3 bilhão para a construção de Angra 3.

Reação ruim às catástrofes

Seguindo a infame tradição brasileira de correr atrás do prejuízo, após a tragédia no Rio de Janeiro no início deste ano, o governo anunciou o estabelecimento de um sistema nacional de prevenção e alerta de desastres naturais, que deve ser concluído em quatro anos – ou seja, há o risco de não ser um marco deste governo.

Parece inacreditável, mas ainda carecemos no país de um levantamento das áreas de risco. Números iniciais – e aparentemente subestimados – apontam aproximadamente 500 áreas de risco, com cerca de 5 milhões de pessoas.

Além disso, qualquer ação para minimizar os danos de eventos extremos, que tendem a se intensificar com o aquecimento global, só será bem sucedida se houver uma ampla reformulação da Defesa Civil brasileira. Hoje ela é completamente sucateada, desaparelhada e despreparada, e o desembolso de recursos para municípios atingidos por catástrofes é freado por burocracias intermináveis. A ex-secretaria nacional de Defesa Civil, Ivone Valente, reconheceu publicamente que os auxílios destinados a comunidades afetadas por catástrofes acabam não se convertendo em melhorias ou prevenção a novos eventos.

O Fundo Nacional de Mudanças Climáticas destinou R$ 10 milhões para o desenvolvimento do sistema nacional de alerta. O fundo, entretanto, nem começou a sair do papel.

Dito e meio feito

Na sua mensagem ao Congresso Nacional, a presidente se comprometeu a implementar a Política Nacional de Mudanças Climáticas. Foi aprovada a proposta de aplicação de recursos para 2011: R$ 200 milhões em financiamento e R$ 29 milhões em doação de recursos.

Ao mesmo tempo, descobriu-se que o Programa de Agricultura de Baixo Carbono (ABC), que poderia dar um grande incentivo ao controle das emissões de gases-estufa produzidos por atividades agrícolas, até hoje não gastou um só centavo dos R$ 2 bilhões destinados. Lançado em junho de 2010, ele visa a recuperar 15 milhões de hectares de pastagens degradadas, entre outras atividades, o que ajudaria o país a cumprir seu compromisso internacional de redução em 36,8% a 38,9% de suas emissões até 2020.

Corte no orçamento

Dilma ordenou um corte de R$ 50 bilhões no orçamento de 2011. O Ministério do Meio Ambiente, que já tem o menor orçamento entre todos os ministérios, recebeu uma tesourada de 40%: foi de R$ 1.078.490 para R$ 680.335, um dos cinco enxugamentos mais drásticos entre seus pares.

Esse corte vai dificultar as operações de combate ao desmatamento e medidas positivas como o programa Mais Ambiente. Isso também vai dificultar o cumprimento das metas brasileiras de redução de emissões de CO² - metas essas que foram reafirmadas por Dilma na sua mensagem ao Congresso na abertura dos trabalhos legislativos em 1º de fevereiro.

Licenças 'fantasmas'

Para tentar adiantar a obra da usina de Belo Monte, foi emitida uma licença de instalação de canteiro de obra para o consórcio vencedor do leilão. Esse tipo de licença não existe no Sistema de Licenciamento Federal.

Expedientes estranhos como esse provocaram um grande constrangimento internacional ao Brasil, com o pedido da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), da Organização dos Estados Americanos (OEA), pela suspensão imediata da obra.

Fonte: Greenpeace

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Investimentos em energia limpa têm resultado recorde; Brasil é 6º

30 / 03 / 2011

Os investimentos mundiais em energia limpa alcançaram o valor recorde de US$ 243 bilhões em 2010, com alta de 30% ante 2009, segundo pesquisa divulgada nesta terça-feira (29) pelo The Pew Charitable Trusts.

O Brasil ficou em sexto lugar no ranking, com US$ 7,6 bilhões em investimentos ante US$ 7,7 bilhões em 2009. Nas primeiras posições ficaram a China (US$ 54,4 bilhões), a Alemanha (US$ 41,2 bilhões) e os Estados Unidos (US$ 34 bilhões).

"O setor de energia limpa está emergindo como um dos mais dinâmicos e competitivos do mundo, testemunhando 630% de crescimento em financiamentos e investimentos desde 2004″, disse Phyllis Cuttino, diretor do programa de energia limpa do Pew.

A energia eólica continuou a ser a tecnologia favorita para os investidores, com US$ 95 bilhões. Entretanto, o setor solar experimentou crescimento significativo em 2010, com investimentos aumentando 53%, chegando ao recorde de US$ 79 bilhões e mais de 17 gigawatts de novas capacidades de produção global.

A Alemanha respondeu por 45% dos investimentos mundiais em energia solar.

Os investimentos nos países do G20 (grupo formado pelas economias ricas e as principais emergentes) contabilizaram mais de 90% do total mundial.

Fonte: Folha.com


 

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Plano brasileiro “ Agricultura de Baixo Carbono” está parado

O Brasil ainda não gastou nenhum centavo de um plano de R$ 2 bilhões lançado em junho de 2010 para incentivar a redução de emissões de CO2 na agricultura.

Batizado de ABC (Agricultura de Baixo Carbono), o programa do Ministério da Agricultura é considerado uma das maiores inovações da política brasileira de mudanças climáticas.

Ele visa a recuperar 15 milhões de hectares de pastagens degradadas e expandir o plantio direto (que não revolve o solo) dos atuais 25 milhões para 33 milhões de hectares, entre outras atividades. Há ainda uma linha de crédito para florestas comerciais de pinus e eucalipto.

Isso permitiria ao setor agropecuário – um dos que mais aumentaram suas emissões nos últimos 15 anos – expandir a produção e a produtividade, poupando a emissão de 156 milhões de toneladas de CO2 até 2020.

O corte de emissões na agricultura é peça-chave para o Brasil cumprir a meta de reduzir em 36,8% a 38,9% suas emissões em 2020 em relação ao que seria emitido se nada fosse feito.

Dinheiro parado – O ABC tem os juros mais baratos do crédito agrícola brasileiro: 5,5% ao ano, com prazo de pagamento de 12 anos. O dinheiro está disponível desde setembro do ano passado no BNDES e no Banco do Brasil, mas até agora não foi utilizado.

"Não saiu dinheiro algum. Não conheço nenhum agricultor que tenha tomado o recurso", desabafou Derli Dossa, assessor do Ministério da Agricultura e coordenador do programa, durante uma reunião do Fundo Clima (Fundo Brasileiro sobre Mudança do Clima), há duas semanas, em Brasília.

O BNDES, por meio da assessoria de imprensa, confirmou à Folha que não houve "nenhuma operação" com a verba do ABC – ou seja, os R$ 1 bilhão estão parados.

Segundo o BNDES, os recursos são repassados aos bancos que operam o crédito rural à medida em que são solicitados. Até agora não houve nenhum pedido.

O Banco do Brasil, principal financiador da agricultura e responsável pela liberação de mais R$ 1 bilhão, disse que "ainda está recebendo propostas" e só terá um balanço em dois meses.

Segundo Dossa, uma provável causa do desinteresse dos agricultores é o desconhecimento das linhas de crédito. "Ainda não houve muita divulgação", afirmou.

Falta divulgação – O ministério atribui a falta de divulgação ao período eleitoral, quando o governo é proibido por lei de contratar campanhas publicitárias.

Para o ministério, outro entrave seriam as regras excessivamente rígidas dos bancos para liberar o dinheiro, e o fato de o BB ter condicionado o financiamento à liberação prévia de 50% da parcela do BNDES.

O secretário nacional de Mudança Climática, Eduardo Assad, mentor do ABC, reconhece o problema. "Precisamos superar essa burocracia", disse.

Fonte: Claudio Angelo/ Folha.com

terça-feira, 5 de abril de 2011

Novo Código Florestal deve proibir desmatamento em florestas nativas, diz ministra

02 / 04 / 2011

O projeto do novo Código Florestal busca a sustentabilidade e o desenvolvimento do país, disse nesta sexta-feira (1º) a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira. Para ela, a agricultura brasileira não será sustentável se não proteger as nascentes dos rios e outros recursos naturais. Em sua visita a Curitiba, onde foi debater com produtores rurais, empresários e parlamentares a proposta de mudança na legislação em tramitação no Congresso Nacional, a ministra adiantou que o governo não permitirá mais desmatamentos em florestas nativas.

"Temos que proteger a biodiversidade, fazendo uso de instrumentos ecológicos mais modernos que permitam aumentar renda dos que têm florestas nas suas terras", afirmou Izabella. Por isso, acrescentou, o Brasil está buscando alternativas para não ter mais desmatamentos em florestas nativas e reduzir as emissões de gases de efeito estufa.

Na manhã de sexta-feira, a ministra participou de audiência pública na Assembleia Legislativa do Paraná. "Estamos ouvindo a posição de agricultores familiares, conservacionistas e grandes produtores para que possamos avaliar se estamos no caminho certo para termos um Código Florestal moderno. A ideia é que ele resolva situações injustas do passado e propicie novas condições para a produção sustentável da agricultura brasileira e da economia florestal, além da conservação da biodiversidade."

De acordo com a ministra, desde o ano passado o governo vem apresentando propostas para as alterações do Código Florestal. "Estamos em contato permanente com o deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), autor do projeto que propõe a mudança, com deputados da bancada ruralista e ambientalistas para identificar alternativas para os problema apontados."

Uma lei mais sólida, assinalou Izabella, evitará tragédias como a da região serrana do Rio, devastada por enxurradas e avalanches de terra no início deste ano. Ela estima que 90% dos prejuízos sofridos pelos municípios da região – quase mil pessoas morreram, cerca de 500 desapareceram e mais de 8 mil ficam desabrigados – ocorreram em consequência de ocupações inadequadas em área de preservação permanente.

À tarde, Izabella se reuniu com representantes do setor industrial, na Federação das Indústrias do Paraná, para ouvir sugestões ao novo Código Florestal. Presidentes de sindicatos e empresários do setor florestal pediram que o assunto seja tratado de maneira técnica e responsável.

Eles dizem que os empresários do setor florestal devem ser vistos como participantes ativos e corresponsáveis pelo desenvolvimento e o equilíbrio ambiental. Também reclamam do tratamento dado à cadeia produtiva, responsável pela produção da matéria-prima para as indústrias de móveis, celulose, papel e para fins energéticos.

De acordo com a Fiep, a indústria de base florestal é de grande importância para a economia do Paraná. O setor é composto por 6,2 mil empresas, que geram quase 100 mil empregos diretos. No ano passado, as exportações do segmento somaram US$ 1,183 bilhão.


 

O coordenador da Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar da Região Sul (Fetraf- Sul), Neveraldo Oliboni – entidade que representa 150 mil agricultores familiares – entregou um documento à ministra sugerindo, entre outras medidas, a criação de uma política de pagamentos por serviços ambientais aos agricultores familiares.

Fonte: Lúcia Nórcio/ Agência Brasil


 

domingo, 3 de abril de 2011

ONGs pedem que governo alemão desista de financiar Angra 3

02 / 04 / 2011

Organizações ambientais pediram ao governo alemão que desista do acordo que prevê um subsídio de 1,3 bilhão de euros (cerca de R$ 3 bilhões) para a construção da usina nuclear de Angra 3, no município de Angra dos Reis (RJ). A partir dos anos 70, a Alemanha passou a colaborar com o programa nuclear brasileiro.

No caso de Angra 3, o país se comprometeu em subsidiar a empresa alemã Siemens, que forneceria equipamentos e insumos para a construção da usina.

Este tipo de subsidio do governo alemão serve para proteger as empresas do país, caso um empreendimento em outro país fracasse. Em 2010, a Alemanha reafirmou seu compromisso com Angra 3, mas nenhum contrato de financiamento nem de fornecimento de materiais chegou a ser assinado.

A ONG ambiental Urgewald e outras dez instituições assinaram uma carta enviada à chanceler Angela Merkel e aos ministros da Economia, das Finanças e das Relações Exteriores do país, pedindo que o país desista da parceria.

Na carta, as organizações argumentam que a situação da usina Angra 2, que funciona há dez anos sem uma licença permanente e que também foi resultado de uma parceria com a Alemanha, comprova que o Brasil é um país com "baixos padrões de segurança e sem uma fiscalização nuclear independente".

Os ambientalistas argumentam também que o projeto de Angra 3, feito nos anos 80, é ultrapassado e apresenta sérios problemas relativos à segurança das pessoas e do ecossistema da região.

A carta chegou às mãos dos ministros antes de um debate sobre a questão no parlamento alemão, na última semana. Após a discussão, o governo disse que voltará a discutir as condições da construção de Angra 3 com o governo brasileiro.

Segurança – A especialista em instituições financeiras da ONG Urgewald, Barbara Happe, disse que a crise nuclear na usina de Fukushima, no Japão, deve fazer com que o governo alemão repense não só sua política nuclear interna, mas também a ajuda aos projetos nucleares de outros países.

"Entre 2001 e 2009, conseguimos que a Alemanha não aprovasse nenhum financiamento na área de energia nuclear. Mas, desde que o governo mudou, usinas da China, do Vietnã, da França e de outros países receberam financiamentos. Nós só ficamos sabendo depois", disse.

Segundo Happe, uma das autoras da carta aos ministros alemães, a verba prevista para a usina de Angra 3 é a maior que todas as que Alemanha concedeu recentemente.

A especialista, que já morou no Brasil e analisou o projeto da nova usina, apontou diversos argumentos contra a construção, como os problemas de segurança do local previsto e a falta de um depósito seguro para os resíduos nucleares. Atualmente, eles são armazenados dentro do próprio complexo nuclear, em frente ao mar.

"Sabemos que aquela região sofre fortes chuvas e está sujeita a deslizamentos. Em casos como estes, a rota principal de fuga, que é a BR-101 (Rio-Santos), geralmente fica interditada", disse Barbara Happe.

"Em caso de acidentes, seria preciso retirar cerca de 170 mil pessoas dali. Sem a rodovia, fica difícil."

As instalações da usina Angra 3 já estão sendo construídas no complexo em Angra dos Reis.

A Eletronuclear, empresa que opera as usinas nucleares brasileiras, anunciou ao longo da última semana uma série de medidas de segurança como a construção de quatro píeres nas imediações de Angra 1, 2 e 3 para aumentar o número de rotas de fuga da região e facilitar a evacuação em navios.

Um porta-voz da empresa anunciou também o plano de contratar uma consultoria para avaliar o risco de deslizamentos nas encostas da BR-101.

Ele disse também que a Eletronuclear estuda a possibilidade de construir uma pequena central hidrelétrica nas bacias dos Rios Mambucaba e Bracuí, para resfriar os reatores das usinas caso os geradores existentes falhem, como ocorreu em Fukushima.

Exemplo japonês – A crise provocada pelo vazamento de radiação da usina nuclear de Fukushima Daiichi, danificada pelo tsunami e terremoto que atingiram no Japão no início do mês de março, fizeram com que diversos países europeus anunciassem mudanças em seus programas nucleares.

Na Alemanha, a chanceler Angela Merkel decidiu voltar atrás em sua decisão de estender a vida útil das usinas do país após protestos populares contra o uso da energia nuclear.

Segundo a agência estatal alemã Deutsche Welle, o ministério da Economia divulgou uma nota em que prometeu consultar o governo brasileiro para saber "em que medida os acontecimentos no Japão terão efeito nos próximos procedimentos e nos padrões a serem utilizados na futura usina".

Fonte: Portal iG


 

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Para ONU, agroecologia é a solução

Na terça-feira (08/03), a ONU – Organização das Nações Unidas – divulgou um relatório que afirma o potencial da agricultura sustentável, ou agroecologia, para rapidamente começar a alimentar as pessoas mais pobres, reparar os danos causados pela produção industrial e, a longo prazo, se tornar um padrão de produção.

O estudo, intitulado "Agroecology and the right to food" (tradução livre "Agroecologia e o direito à alimentação"), foi apresentado pelo relator especial sobre o direto à alimentação das Nações Unidas, Olivier De Shutter.

Uma das premissas do relatório, segundo declarações do De Shutter ao jornal The New York Times, é orientar a agricultura para os modos de produção que sejam mais ambientalmente sustentáveis e socialmente justos. Ele afirma que a agroecologia ajuda não somente os pequenos agricultores, que passam a ter a possibilidade de produzir num método menos oneroso que o industrial e mais produtivo, mas beneficia a todos nós.

O modelo desacelera o aquecimento global (com pouca emissão de gases de efeito estufa) e a erosão ecológica, ou seja, os impactos ambientais causados pela mecanização dos cultivos. Além disso, processos agroecológicos promovem a descentralização da produção, com práticas agrícolas em pequena escala em várias regiões, o que torna as culturas mais democráticas e menos sucetíveis aos choques climáticos.

Se comparada com a agricultura industrial, que requer uma enorme quantidade de água para a irrigação e combustíveis fósseis para o transporte e produção de fertilizantes químicos, a agroecologia usa menos recursos.

Para que ela seja colocada em prática de forma plena é preciso ter disponível trabalho, seja ele intelectual, aumentando o número de pesquisas sobre o tema, ou físico, já que precisará de mais agricultores e menos mecanização das lavouras.

O relator da ONU ainda enfatiza que é mais fácil e rápido adotar a transição para a agroecologia em países em desenvolvimento, como a África, que ainda podem ser orientados em seus métodos, do que nos países desenvolvidos, que já tem as suas indústrias alimentares estabelecidas. No entanto, declara que mesmo estes países 'viciados em fertilizantes químicos' devem mudar para a agricultura sustentável a fim de preservar o planeta.

Dentre as recomendações aos governos, para criação de políticas públicas em sustentabilidade, o estudo afirma que é preciso reorientar os gastos públicos na agricultura, priorizando os serviços de extensão e infra-estrutura rural, bem como a pesquisa em métodos agroecológicos.

O próximo passo seria a difusão dos conhecimentos sobre as melhores práticas de agricultura sustentável, com a colaboração das organizações e redes de agricultores existentes. (Flávia Moraes)

Para fazer download do documento segue o link:

http://www.srfood.org/index.php/en/component/content/article/1174-report-agroecology-and-the-right-to-food

Fonte: O ECO - www.oeco.com.br/sala-verde


 


 

quarta-feira, 9 de março de 2011

Campanha da Fraternidade tratará de aquecimento global

09 / 03 / 2011

A Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) lança nesta quarta-feira (9) a Campanha da Fraternidade 2011. Com o tema "Fraternidade e a vida no planeta", a campanha será lançada pelo secretário-geral da CNNB, dom Dimas Lara Barbosa, no auditório dom Hélder Câmara, em Brasília, a partir das 14h30.

Entre os principais objetivos da campanha deste ano, está a conscientização sobre o aquecimento global e as consequências nas mudanças climáticas. Esta é a 47ª edição da campanha, criada em 1964. Com o tema, a igreja pretende incentivar ações que preservem a vida no planeta.

Segundo o secretário-executivo da campanha da Fraternidade, padre Luiz Carlos Dias, a preocupação da igreja com o meio ambiente está relacionada com a defesa da vida. "A igreja demonstra suas preocupações com o estado do nosso planeta, que precisa de cuidados para que possa oferecer as condições necessárias para a vida nele instalada", disse o padre ao site da CNBB.

O tema meio ambiente já foi tratado em outros campanhas da Fraternidade. A primeira vez foi em 1979. A mais recente, em 2007, tratou da Amazônia com o tema "Fraternidade e Amazônia – vida e missão neste chão".

Fonte: G1

quarta-feira, 2 de março de 2011

Pará: Começa a valer acordo entre MPF e fazendeiros por desmatamento zero

02 / 03 / 2011

O Ministério Público Federal do Pará informou que começou a valer nesta terça-feira (1º) acordo por meio do qual alguns dos maiores frigoríficos do Brasil, como o Minerva e o Bertin, farão negócios apenas com proprietários rurais com pedido de licenciamento ambiental e com terrenos em municípios signatários da medida. O objetivo é acabar com o desmatamento ilegal.

Um total de 58 municípios, de 144 no estado do Pará, assinaram o termo de compromisso com o MPF até esta segunda-feira (28), data limite para a adesão ao acordo. Municípios que assinaram o termo garantiram maior prazo a produtores rurais para pedirem licenciamento.

Com o novo termo, propriedades com mais de 3 mil hectares terão até 30 de agosto para pedir licenciamento. Terrenos com área entre 500 e 3 mil hectares terão até 31 de dezembro. Propriedades menores poderão pedir licenciamento até meados de 2012, segundo o MPF.

O termo também foi assinado por 80 empresários, que se comprometem a não fazer negócios com fazendas fora dos municípios comprometidos com desmatamento ilegal na Amazônia. A restrição amplia-se a fazendeiros que estimulem trabalho escravo, que tenham invadido terras públicas ou praticado outros crimes ambientais.

Apenas cerca de 900 propriedades rurais tinham cadastro ambiental no início de 2009, quando o MPF do Pará começou a propor novos acordos. Em janeiro de 2011, 48,3 mil áreas já estavam registradas.

Fonte: G1


 

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Produção brasileira voltada para exportação gera grandes impactos ao meio ambiente, diz Ipea

23 / 02 / 2011

A produção brasileira de commodities – produtos básicos cotados internacionalmente – para exportação gera impactos negativos ao meio ambiente ao usar de forma intensiva diversos recursos naturais, aponta estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

"Na produção de cana-de-açúcar, de soja, há uma grande utilização de parcelas do solo que pode ter impactos como o deslocamento de populações rurais, redução de terra para produção de alimentos, uso intenso de agrotóxicos que contaminam o solo e em consequência contaminam a água", explicou o pesquisador e um dos autores do estudo Jorge Hargrave.

Ele disse ainda que falta no Brasil uma cultura que leve em conta as questões relativas ao meio ambiente na gestão pública. Para os gestores, as questões ambientais são vistas como um entrave ao desenvolvimento.

Hargrave disse ainda que há soluções que agregam a manutenção da produção e a redução de impacto para o meio ambiente. Ele citou, como exemplo, a produção de alimentos orgânicos que tem baixo impacto ambiental.

"É possível continuar produzindo soja sendo uma parte com agrotóxico e outra sem agrotóxico, por exemplo. Pode-se ter uma produção tão grande quanto há hoje em bases sustentáveis. É uma questão de regular o mercado dizendo que tipo de produção se que ter", analisou.

O estudo faz parte de uma série de análises cujo tema é Sustentabilidade Ambiental no Brasil: Biodiversidade, Economia e Bem-Estar Humano.

Fonte: Roberta Lopes/ Agência Brasil

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

América Latina pede ao Japão que pare com caça científica

Os países latino-americanos membros da Comissão Baleeira Internacional, do chamado "Grupo de Buenos Aires", pediram ao Japão para que pare com a caça científica da espécie nas águas antárticas, em um santuário estabelecido pelo grupo para proteger as baleias.

Os governos de Argentina, Brasil, Chile, Costa Rica, Equador, México, Panamá, Peru e Uruguai rejeitaram a caça de cerca de mil baleias, incluindo espécies ameaçadas, no Santuário de Baleias do Oceano Antártico, indicou um comunicado publicado na página oficial do governo argentino.

As nações reafirmaram o compromisso com a conservação das baleias, a manutenção da moratória comercial em vigor desde 1986, a promoção do uso não letal do recurso e o respeito à integridade dos santuários baleeiros reconhecidos pela comissão.

Acrescentaram que a continuidade das capturas realizadas ano após ano, apesar das críticas da comunidade internacional, não contribui para manter o ambiente de confiança para um diálogo construtivo, único fórum multilateral reconhecido para o manejo e a conservação das baleias.

Fonte: Folha.com

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Regularização ambiental não depende de programa federal, diz MMA

09 / 02 / 2011

O diretor de Políticas de Combate ao Desmatamento do Ministério do Meio Ambiente, Mauro Pires, rebateu nesta terça-feira (8) as críticas da presidenta da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, Kátia Abreu, às exigências de regularização ambiental para produtores rurais.

Segundo a senadora, os agricultores correm o risco de ficar sem financiamento porque o programa de regularização ambiental do governo, o Mais Ambiente, "só existe no papel". A partir de junho, o Banco do Brasil não vai mais emprestar dinheiro para produtores que não apresentarem a averbação da reserva legal ou aderirem ao programa.

No entanto, Pires argumenta que a regularização das propriedades pode ser feita "com o sem o Mais Ambiente", porque é executada pelos órgãos estaduais de meio ambiente. "O Mais Ambiente é um estímulo, mas não é uma condição para a regularização dos passivos".

A averbação da reserva legal das propriedades também não depende do programa federal. O proprietário apresenta a proposta de localização da reserva ao órgão estadual de meio ambiente e formaliza o mapeamento em cartório. A reserva legal é o percentual de floresta que deve permanecer intacto em propriedades rurais e que varia de acordo com os biomas: 80% na Amazônia, 35% no Cerrado e de 20% nos demais.

O diretor do MMA reconhece que o Mais Ambiente, criado por decreto em 2009, ainda está em fase inicial de operação. "A primeira fase é alcançar a adesão dos estados, que vão organizar os requisitos para a adesão dos proprietários. Depois disso é que virão as outras ações: de capacitação e de criação de um sistema para que as informações sejam repassadas dos estados para o governo federal".

Segundo Pires, vários estados da Amazônia já têm programas de regularização ambiental em andamento. No Pará, primeiro do ranking de desmatamento, mais de 30 mil propriedades já começaram a se adequar à lei.

Fonte: Luana Lourenço/Agência Brasil

sábado, 29 de janeiro de 2011

Campanha do MMA evita consumo de 5 bilhões de sacolas plásticas

Cerca de cinco bilhões de sacolas plásticas deixaram de ser consumidas em um ano e meio de campanha Saco é um Saco. A meta da campanha era atingir 10% de redução de sacolas plásticas até o final de 2010, tendo como base o ano de 2009, quando foram produzidas 15 bilhões de sacolas no Brasil. A meta foi ultrapassada, chegando a 33% de redução. De acordo com a coordenadora técnica da campanha no Ministério do Meio Ambiente, Fernanda Daltro, trata-se de um "resultado coletivo motivado pelo debate nacional sobre o consumo de sacolas plásticas".

Esse número reúne as estimativas levantadas pelas três maiores redes de supermercado no País (Walmart, Pão de Açúcar e Carrefour), pelas cidades que baniram as sacolas voluntariamente, como Xanxerê (SC) e Jundiaí (SP) e pelo Programa de Qualidade e Consumo Responsável de Sacolas Plásticas, da indústria do plástico.

Durante a campanha foram produzidos 19 spots de rádio, três filmes para TV e cinema – exibidos no canal Futura e nas salas de cinema da rede Rain -, e dois concursos culturais. Além disso, o uso de ecobags foi estimulado por vendas e distribuição gratuita. A rede Pão de Açúcar, por exemplo, vendeu 200 mil sacolas retornáveis em 2010.O Ministério do Meio Ambiente, por sua vez, distribuiu outras 200 mil ecobags.

Com criatividade os supermercadistas buscaram voluntariamente alternativas para favorecer a mudança de comportamento do consumidor. O WalMart criou o programa "Cliente Consciente Merece Desconto", oferecendo desconto de R$ 0,03 a cada cinco itens adquiridos. O desconto é calculado diretamente nos caixas das lojas. Para ganhar o desconto, pode-se utilizar qualquer embalagem alternativa às sacolas plásticas, como sacolas retornáveis, caixas de papelão ou carrinhos de feira.

Já o Pão de Açúcar passou a oferecer pontos no cartão fidelidade aos clientes que recusarem sacolas plásticas e a empresa de produtos de higiene Kimberly-Clark incluiu alças às embalagens de papel higiênico, para que o consumidor não precise de uma sacola plástica para carregar seu pacote

Além dessas empresas, a campanha contou com outros parceiros que agregaram esforços, como Carrefour, CPFL, Livraria Saraiva, CNT, Rádio Câmara, Vivo, Gol Linhas Aéreas e instituições de referência no tema consumo consciente como Instituto Akatu e WWF.

Vários artistas se engajaram na campanha. Entre eles, a apresentadora Xuxa, as atrizes Maitê Proença, Christiane Torloni e Carla Camurati, e personalidades como José Júnior do Afroreggae e o surfista Teco Padaratz, que gravaram spots veiculados em mais de duas mil rádios comunitárias e comerciais.

Consciência ecológica coletiva – Durante os 18 meses de campanha, reduzir o consumo de sacolas plásticas passou a ser consequência do debate promovido com a sociedade brasileira sobre a tragédia socioambiental causada pelo consumo excessivo de sacolas plásticas, bem como do engajamento dos consumidores e do setor varejista na causa.

Para a secretária de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental, Samyra Crespo, ao mobilizar a sociedade brasileira em torno do tema 'consumo consciente de sacolas plásticas', "a campanha estimulou o pensamento crítico acerca de como consumimos e que impacto este consumo tem no meio ambiente e em nossa qualidade de vida. Provocou varejistas, industriais, o poder público em vários estados e municípios, e também consumidores, a encontrar soluções".

Com a mobilização, foi possível estimular ações de governo e do setor produtivo para o consumo consciente de embalagens e ainda atuar de forma convergente aos objetivos e compromissos do Brasil no Plano de Ação para Produção e Consumo Sustentáveis, ligado ao Processo de Marrakech, coordenado pelas Nações Unidas, do qual o País participa desde 2007 para apoiar e fortalecer iniciativas que promovam mudanças nos padrões de consumo e produção.

A campanha foi citada pela Consumers International em seu site como um bom exemplo de prática voltada para o consumo sustentável e no cenário internacional colocou o Brasil no grupo de países que já estão fazendo algo para minimizar o impacto ambiental das sacolas plásticas. O uso de ecobags promove a diminuição do consumo de petróleo e sua conseqüente emissão de CO2, bem como a produção de lixo que viaja pelas correntes marinhas por todo o Planeta.

"O ciclo de mudança dos padrões de produção e consumo no Brasil começou", comemora Samyra. "Colocando o País em sintonia com os esforços internacionais e proporcionando aos brasileiros compartilhar a consciência ecológica coletiva."

O que vem por aí – Com o pontapé inicial dado pela campanha, a Associação Brasileira de Supermercados (Abras) se animou e estipulou metas de redução para o setor varejista, atingindo aproximadamente 76 mil estabelecimentos espalhados por todo País. Trata-se de pacto setorial firmado com o MMA que prevê a redução em 30% das sacolas plásticas nas lojas de todo o País até 2013 e 40% até 2014, tendo como base os números de produção de 2010, estimados em aproximadamente 14 bilhões.

Algumas redes de supermercados estabeleceram suas próprias metas, como o Walmart que pretende reduzir em 50% até 2013 e o Carrefour que deseja banir as sacolas plásticas em suas lojas até 2014.

E a conscientização continua, pois como alerta o slogan da campanha: "Saco é um Saco: pro Planeta, pra Cidade, pro Futuro e pra Você".

Fonte: MMA

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Desastres climáticos levam à falta de água e comida no mundo

21 / 01 / 2011

O aquecimento do planeta, chuvas além do normal no Brasil e em outros continentes e desastres naturais revelam um reflexo preocupante das mudanças climáticas: falta de água e comida para milhões de pessoas.

Nos últimos anos, têm sido cada vez mais frequentes protestos isolados por causa do preço dos alimentos. Especialista em agronegócios, o britânico Richard Warburton diz que a guerra do futuro pode ser para conseguir água e comida e não, como se pensava, a disputa por petróleo e territórios.

Em Nova York, nos Estados Unidos, as Nações Unidas estudam os efeitos do aquecimento global. As pesquisas indicam uma reação em cascata. As mudanças climáticas afetam a produção agropecuária. Com isso, a oferta diminui e os preços dos alimentos disparam.

Em Teresópolis, no Rio de Janeiro, as chuvas destruíram 80% da produção agrícola. O Quênia acaba de enfrentar a terceira pior estiagem em mais de uma década. Nessa época do ano, era para o capim estar verde e alto, mas os produtores locais reclamam que perderam centenas de cabeças de gado porque não havia o que comer.

Mesmo em países onde o clima é favorável à agricultura, os efeitos do aquecimento global são sentidos pelos produtores. Os recursos naturais estão diminuindo e a explosão da população mundial indica que o problema pode se agravar nas próximas décadas.

O chefe do painel da ONU sobre mudanças climáticas, Rajendra Pachauri, prevê um futuro sombrio. "Inicialmente os preços vão subir. Depois haverá escassez de produtos no mundo", disse ele. As fontes naturais para produção de alimentos estão sob ameaça. Do petróleo também se tira o plástico usado para processar e empacotar a comida.

A alternativa, o biocombustível, ainda provoca polêmica. Nos Estados Unidos, a estimativa é de que um terço do plantio de milho seja usado para produzir etanol. O risco é que a produção de biocombustível consuma o que poderia servir de comida e inflacione o preço dos alimentos.

A falta de água também preocupa. Mais de um bilhão de pessoas não têm acesso à água limpa, e o consumo deve dobrar nos próximos 20 anos. Em Punjab, na Índia, o uso da água para irrigar plantações de trigo secou parte dos rios. Os fazendeiros antes cavavam poços rasos e logo encontravam água. Agora estão se endividando para comprar equipamentos que consigam perfurar poços profundos. Nem assim têm encontrado água. Os recursos naturais são limitados.

A população do mundo dobrou nos últimos 40 anos para quase sete bilhões de pessoas. Especialistas alertam que, usando as técnicas atuais de agricultura, não vamos conseguir produzir para tanta gente. Em 2050, precisaremos ter o dobro da quantidade de comida que é produzida agora. É como se criássemos uma fazenda do tamanho do Brasil apenas para alimentar a nova população mundial.

Nos mares e rios, as previsões também são pessimistas. A pesca predatória está levando peixes e mariscos à extinção. Especialistas acreditam que os estoques acabariam a partir de 2048. "Precisamos mudar nossos hábitos alimentares. A quantidade de comida consumida em países ricos não é sustentável, e o consumo em países em desenvolvimento vai continuar aumentando", diz Pachauri.

Fonte: Globo Natureza

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Tragédia no Rio ilustra negligência criminosa das autoridades, diz ‘Le Monde’

As enchentes e deslizamentos de terra que deixaram mais de 700 mortos na região serrana do Rio são mais um exemplo da 'negligência criminosa' das autoridades brasileiras, segundo afirma um artigo publicado nesta quinta-feira (20) pelo diário francês Le Monde.

'A nova tragédia, como outras no passado, ilustra a negligência criminosa de algumas autoridades eleitas. Por demagogia ou interesses eleitorais, eles deixaram que o concreto tomasse os morros, ou mesmo encorajaram a especulação imobiliária', afirma o artigo.

Para o jornal, 'a fúria da natureza tropical' pode ter sido a responsável inicial pelo desastre, mas 'os céus têm menos culpa que os homens'.

'Não há fim no inventário das muitas falhas que levaram à tragédia', diz o artigo, citando falta de capacidade para previsões meteorológicas precisas, inexistência de sistemas de alerta e a ocupação irregular em áreas de risco.

Regra – O diário observa que dados oficiais indicam que 5 milhões de brasileiros vivem em áreas de risco e que a própria presidente, Dilma Rousseff, admitiu que a situação é 'mais a regra do que a exceção'.

Para o jornal, as responsabilidades pelo problema estão em todos os níveis do Estado. 'A prevenção não faz parte dos discursos dos políticos, totalmente focados em ações imediatas, porque isso daria pouco retorno a eles nas eleições', afirma.

O artigo observa ainda que o próprio governo brasileiro havia admitido, em novembro do ano passado, que não havia implementado nenhuma das medidas recomendadas para informar, educar e alertar comunidades sob risco. 'Nem mesmo com a criação de um banco de dados ou um site na internet', diz.

O jornal cita ainda a consultora da ONU Debarati Guha-Sapir, do Centro de Pesquisas sobre a Epidemiologia de Desastres (Cred), de Bruxelas, na Bélgica, para quem é um absurdo que o Brasil, com 'apenas um perigo natural para administrar', não consiga fazê-lo.

'Este foi o 37º deslizamento de terra no Brasil em menos de dez anos', observa. 'Imagine se o país também enfrentasse terremotos, vulcões ou furacões. O Brasil não é Bangladesh, não tem desculpas', afirma.

Fonte: G1 / Ambiente Brasil

domingo, 16 de janeiro de 2011

80% dos antibióticos vendidos nos EUA são destinados a animais

Por Luana Caires, em 05.01.11

Antibióticos são largamente usados na criação de gado, suínos e aves, foto: J. Bernardes

Uma pesquisa da Food and Drug Administration (FDA) revelou que 13 mil toneladas dos antibióticos produzidos no país são utilizadas em animais produtores de alimento (como carne e leite), enquanto apenas 3,3 mil toneladas são consumidas por humanos. Desde 1977, o FDA tem tentado limitar o uso dessas substâncias na produção animal, mas a iniciativa encontra oposição, principalmente entre os mais interessados: os produtores e a indústria farmacêutica.

Inicialmente, esses medicamentos eram usados para tratar doenças nos animais, mas, com o avanço do conhecimento e desenvolvimento de novos compostos, passaram a ser amplamente utilizados nas criações também como promotores de crescimento. Nesse caso, são adicionados à ração ou à água do gado, das aves e dos suínos. A prática é adotada internacionalmente. Na China, 91 mil das 210 mil toneladas dos antibióticos produzidos localmente, ou 43% do total, são destinada a rebanhos.

Administrados com moderação, esses remédios melhoram a produtividade e reduzem a mortalidade das criações. Porém, o uso indiscriminado é apontado como um dos responsáveis pela aumento da resistência das bactérias. Muitas das substâncias dadas aos bichos são igualmente usadas para tratar humanos —­ como a penicilina, a tetraciclina e sulfonamidas. Por isso, para nossa saúde, são graves as consequências do possível aumento da resistência de microorganismos causado pela prática. Embora a associação entre o uso de antibióticos na produção animal e bactérias a eles imunes não esteja firmemente estabelecida, vários estudos epidemiológicos sugerem que ela existe.

As indicações levaram a Organização Mundial de Saúde a declarar que o uso de antibióticos em rebanhos é um risco para a saúde humana. Na União Européia, o uso para promover o crescimento mais rápido foi banido depois que a avoparcina foi associada ao aparecimento, em animais domésticos, de Enterococci resistente. Na Austrália, após proibir a utilização de ciprofloxacina, cientistas registraram uma queda da resistência — para 2% — da bactéria Campylobacter jejuni ao medicamento. Ela é responsável por infecções intestinais humanas e o seu índice de resistência nos países em está liberada para o uso em rebanhos é de 20%, ou dez vezes maior.

Como exportador de carne, o Brasil respeita as legislações dos países com que comercia. Desde maio de 1998, proibiu no território nacional o uso de clortetraciclina, oxitetraciclina, penicilinas e sulfonaidas sistêmicas para alimentação animal. O uso da avoparcina também foi desautorizado por tempo indeterminado. Para a venda no mercado interno, há classes ainda legais de antibióticos estimuladores do crescimento, desde que tenham seu uso registrado no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e modo de utilização, dosagem e período de carência sejam respeitados.

Fonte: Ambiente Brasil

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Campanha do MMA evita consumo de 5 bilhões de sacolas plásticas

Cerca de cinco bilhões de sacolas plásticas deixaram de ser consumidas em um ano e meio de campanha Saco é um Saco. A meta da campanha era atingir 10% de redução de sacolas plásticas até o final de 2010, tendo como base o ano de 2009, quando foram produzidas 15 bilhões de sacolas no Brasil. A meta foi ultrapassada, chegando a 33% de redução. De acordo com a coordenadora técnica da campanha no Ministério do Meio Ambiente, Fernanda Daltro, trata-se de um "resultado coletivo motivado pelo debate nacional sobre o consumo de sacolas plásticas".

Esse número reúne as estimativas levantadas pelas três maiores redes de supermercado no País (Walmart, Pão de Açúcar e Carrefour), pelas cidades que baniram as sacolas voluntariamente, como Xanxerê (SC) e Jundiaí (SP) e pelo Programa de Qualidade e Consumo Responsável de Sacolas Plásticas, da indústria do plástico.

Durante a campanha foram produzidos 19 spots de rádio, três filmes para TV e cinema – exibidos no canal Futura e nas salas de cinema da rede Rain -, e dois concursos culturais. Além disso, o uso de ecobags foi estimulado por vendas e distribuição gratuita. A rede Pão de Açúcar, por exemplo, vendeu 200 mil sacolas retornáveis em 2010.O Ministério do Meio Ambiente, por sua vez, distribuiu outras 200 mil ecobags.

Com criatividade os supermercadistas buscaram voluntariamente alternativas para favorecer a mudança de comportamento do consumidor. O WalMart criou o programa "Cliente Consciente Merece Desconto", oferecendo desconto de R$ 0,03 a cada cinco itens adquiridos. O desconto é calculado diretamente nos caixas das lojas. Para ganhar o desconto, pode-se utilizar qualquer embalagem alternativa às sacolas plásticas, como sacolas retornáveis, caixas de papelão ou carrinhos de feira.

Já o Pão de Açúcar passou a oferecer pontos no cartão fidelidade aos clientes que recusarem sacolas plásticas e a empresa de produtos de higiene Kimberly-Clark incluiu alças às embalagens de papel higiênico, para que o consumidor não precise de uma sacola plástica para carregar seu pacote

Além dessas empresas, a campanha contou com outros parceiros que agregaram esforços, como Carrefour, CPFL, Livraria Saraiva, CNT, Rádio Câmara, Vivo, Gol Linhas Aéreas e instituições de referência no tema consumo consciente como Instituto Akatu e WWF.

Vários artistas se engajaram na campanha. Entre eles, a apresentadora Xuxa, as atrizes Maitê Proença, Christiane Torloni e Carla Camurati, e personalidades como José Júnior do Afroreggae e o surfista Teco Padaratz, que gravaram spots veiculados em mais de duas mil rádios comunitárias e comerciais.

Consciência ecológica coletiva – Durante os 18 meses de campanha, reduzir o consumo de sacolas plásticas passou a ser consequência do debate promovido com a sociedade brasileira sobre a tragédia socioambiental causada pelo consumo excessivo de sacolas plásticas, bem como do engajamento dos consumidores e do setor varejista na causa.

Para a secretária de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental, Samyra Crespo, ao mobilizar a sociedade brasileira em torno do tema 'consumo consciente de sacolas plásticas', "a campanha estimulou o pensamento crítico acerca de como consumimos e que impacto este consumo tem no meio ambiente e em nossa qualidade de vida. Provocou varejistas, industriais, o poder público em vários estados e municípios, e também consumidores, a encontrar soluções".

Com a mobilização, foi possível estimular ações de governo e do setor produtivo para o consumo consciente de embalagens e ainda atuar de forma convergente aos objetivos e compromissos do Brasil no Plano de Ação para Produção e Consumo Sustentáveis, ligado ao Processo de Marrakech, coordenado pelas Nações Unidas, do qual o País participa desde 2007 para apoiar e fortalecer iniciativas que promovam mudanças nos padrões de consumo e produção.

A campanha foi citada pela Consumers International em seu site como um bom exemplo de prática voltada para o consumo sustentável e no cenário internacional colocou o Brasil no grupo de países que já estão fazendo algo para minimizar o impacto ambiental das sacolas plásticas. O uso de ecobags promove a diminuição do consumo de petróleo e sua conseqüente emissão de CO2, bem como a produção de lixo que viaja pelas correntes marinhas por todo o Planeta.

"O ciclo de mudança dos padrões de produção e consumo no Brasil começou", comemora Samyra. "Colocando o País em sintonia com os esforços internacionais e proporcionando aos brasileiros compartilhar a consciência ecológica coletiva."

O que vem por aí – Com o pontapé inicial dado pela campanha, a Associação Brasileira de Supermercados (Abras) se animou e estipulou metas de redução para o setor varejista, atingindo aproximadamente 76 mil estabelecimentos espalhados por todo País. Trata-se de pacto setorial firmado com o MMA que prevê a redução em 30% das sacolas plásticas nas lojas de todo o País até 2013 e 40% até 2014, tendo como base os números de produção de 2010, estimados em aproximadamente 14 bilhões.

Algumas redes de supermercados estabeleceram suas próprias metas, como o Walmart que pretende reduzir em 50% até 2013 e o Carrefour que deseja banir as sacolas plásticas em suas lojas até 2014.

E a conscientização continua, pois como alerta o slogan da campanha: "Saco é um Saco: pro Planeta, pra Cidade, pro Futuro e pra Você".

Fonte: MMA

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

2011 é o Ano Internacional das Florestas

Intenção da ONU é sensibilizar a sociedade mundial para preservação das matas, essenciais para a vida sustentável no planeta

Rogério Ferro, da equipe Akatu

Com o objetivo de sensibilizar a sociedade sobre a importância da preservação das florestas para uma vida sustentável no planeta, a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), declarou 2011, oficialmente, o Ano Internacional das Florestas. O tema da celebração é "Florestas para o Povo".

Segundo a entidade, a intenção é promover ações que incentivem a conservação e a gestão sustentável de todos os tipos de floresta do planeta, mostrando à população mundial que a exploração das matas sem um manejo sustentável pode causar uma série de prejuízos, como a perda da biodiversidade, o agravamento das mudanças climáticas, migrações desordenadas para áreas urbanas e o crescimento da caça e do desmatamento ilegal.

A exploração predatória e o desrespeito ao ciclo de vida natural das florestas têm como consequência a ameaça da sustentabilidade econômica, das relações sociais e da vida humana no planeta. Isso acontece porque as floretas são a fonte, entre outros, de água potável e alimentos. Por outro lado, fornecem também matérias primas para indústrias essenciais como a farmacêutica e da construção civil, além de desempenhar um papel vital na manutenção da estabilidade do clima e do meio ambiente globais.

Atualmente, segundo dados do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), as florestas cobrem 31% da área terrestre total do planeta, abrigam o lar de 300 milhões de pessoas ao redor do mundo e têm responsabilidade direta na garantia da sobrevivência de 1,6 bilhão de pessoas e de 80% da biodiversidade da Terra. Só em 2004, o comércio mundial de produtos florestais movimentou US$ 327 bilhões (algo em torno de R$ 588,8 bilhões).

Para saber mais, consulte o site oficial do Ano Internacional das Florestas (sem versão em português). Lá, o consumidor é convidado a divulgar ações que pretende promover no próximo ano em defesa das florestas.

No Brasil

O Brasil abriga 60% dos aproximadamente 5,5 milhões de km² da área total da Floresta Amazônica, a maior do planeta. A mata se estende por mais oito países: Venezuela, Colômbia, Peru, Bolívia, Equador, Suriname, Guiana e Guiana Francesa. A Amazônia é também a maior floresta úmida e com maior biodiversidade.

Dentro do Brasil, ela se estende por nove Estados: Amazonas, Pará, Roraima, Rondônia, Acre, Amapá, Maranhão, Tocantins e parte do Mato Grosso, representando mais de 61 % do Território Nacional.

Esta riqueza natural, no entanto, tem sido alvo de exploração predatória e ilegal, ameaçando assim o ciclo natural da reprodução dos recursos, bem como a subsistência das comunidades indígenas que habitam a região.

O estudo Quem se beneficia com a destruição da Amazônia, realizado em 2008 por iniciativa do Fórum Amazônia Sustentável e do Movimento Nossa São Paulo, mostrou que as populações urbanas são as que mais se beneficiam dos recursos extraídos da floresta.

O levantamento cita dados do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) que apontam o Estado de São Paulo como o principal comprador da madeira extraída legalmente da Amazônia: "os paulistas absorvem 23% (12,7 milhões de metros cúbicos de madeira) do total que se extrai na floresta. A quantidade representa mais do que a soma do volume adquirido pelos dois estados que aparecem em segundo lugar, Paraná e Minas Gerais, ambos com 11%", diz o estudo.

No entanto, apesar dos esforços do poder público, o Ministério do Meio Ambiente (MMA) estimou, em 2008, que o volume de madeira ilegal da Amazônia que abastece o mercado pode chegar a 90% do total consumido no país. A indústria da construção civil, segundo o estudo, é a que mais se beneficia dessa matéria prima.

O título de maior exportador mundial de carne do Brasil também acarreta problemas para as florestas nacionais, já que a expansão das pastagens é um dos principais motivos para a derrubada das matas nativas. De acordo com o levantamento, "entre dezembro de 2003 e o mesmo mês de 2006, apenas 4% dos 10 milhões de novos animais adicionados às fazendas do país não estavam pastando sobre terrenos que um dia já foram floresta". Ou seja, "o crescimento da criação de bois fora da Amazônia é praticamente insignificante" conclui o levantamento.

Outra atividade listada por estar relacionadas ao desmatamento é o cultivo da soja. Na safra de grãos de 2008, a cultura de soja no país ocupou 21,3 milhões de hectares – o que corresponde a 45% de toda a lavoura brasileira de grãos – que também é formada por arroz, feijão e café, entre outros. No entanto, segundo o estudo, "5% da produção de soja brasileira era proveniente de terras localizadas no bioma amazônico". Além disso, os prejuízos aos rios e transtornos à população indígena são outras consequências indesejáveis da ocupação sojeira na Amazônia.

A divulgação desses dados resultou na criação, em 2008, dos pactos empresariais da madeira, da carne e da soja, iniciativa desencadeada por entidades da sociedade civil organizada, visando o combate à degradação da floresta amazônica. Ao assinarem os pactos, as entidades assumem a responsabilidade de não se beneficiar nem comercializar produtos provenientes da exploração predatória da Amazônia, além de adotar ações de combate à exploração ilegal da floresta.

Para saber se determinado produto ou empresa assinou cada um dos pactos, o consumidor pode consultar a lista das empresas e entidades que assinaram os Pactos Setoriais da Madeira, da Soja e da Carne.

Outro problema relacionado à exploração da Amazônia diz respeito à utilização de mão-de-obra escrava. Para se informar se determinado produto envolve o trabalho escravo em sua cadeia produtiva, antes de comprar, o consumidor pode consultar a Lista Suja do Trabalho Escravo, do Ministério do Trabalho. A relação lista as empresas e pessoas autuadas por exploração do trabalho escravo.

O Pacto Nacional Pela Erradicação do Trabalho Escravo, formado por empresas, associações e entidades da sociedade civil, disponibiliza para consulta pública, uma lista das entidades que se comprometeram e não se beneficiar do trabalho escravo.

Fonte: www.akatu.org.br