terça-feira, 29 de abril de 2014

Anda Friburgo - Circuito Tiradentes Amparo - 21.04.2014

No dia 21 de abril de 2014 foi realizado mais um evento do Projeto Anda Friburgo, no Circuito Tiradentes – Amparo, no distrito de Amparo, localizado no município de Nova Friburgo, RJ. O Anda Friburgo está inserido dentro do Anda Brasil, um projeto a nível nacional que tem como objetivo incentivar nos participantes e na sociedade o cuidado com a saúde física e promover o bem-estar através do contato com a natureza. O Anda Friburgo é realizado pela Empresa de Turismo Receptivo – ETR, e conta com a participação de representantes do CECNA. A partir dessa edição do Anda Friburgo, o CECNA elaborará uma relatório ambiental da região da caminhada, incluindo o registro fotográfico detalhado e o mapeamento com GPS, reeditando assim a parceria de sucesso dos projetos Diagnóstico de Campo Turístico Ambiental de Nova Friburgo, já encerrado, e do Levantamento das Potencialidades Paisagísticas de Nova Friburgo, atualmente em andamento.


Nesse dia, foi percorrido o citado Circuito Tiradentes – Amparo. O trajeto foi de aproximadamente 8,5 km. Todo o distrito de Amparo está inserido na bacia hidrográfica do Rio Grande, uma das duas grandes bacias hidrográficas de Nova Friburgo, sendo a outra a do rio Macaé. A região foi ocupada desde o século XIX e sofreu com a supressão da vegetação nativa para o cultivo de cafezais e, posteriormente para pastagens. Há também a agricultura familiar, porém ocupou e ocupa uma área bem menor em relação às pastagens. Nas últimas décadas de século 20 com o intenso processo de urbanização no Brasil e o êxodo rural, parte das pastagens foram abandonadas, o que permitiu a regeneração da vegetação nativa de grandes áreas.

Atualmente, observa-se na paisagem alguns núcleos urbanos adensados, como o bairro de Tiradentes, com casas muito próximas umas das outras, interligados por algumas rodovias e muitas estradas de terra, pastagens mescladas com fragmentos de floresta nativa e olericultura (cultivo de hortaliças, raízes, folhosas, tubérculos, etc).

O trajeto, do início até o ponto mais alto, tem um desnível de cerca de 350 metros, tendo o final 1030 metros de altitude. Ao longo do percurso, alguns pontos de mirante permitem observar as montanhas da região, inclusive algumas conhecidas próximas do centro de Nova Friburgo, como as Catarinas, Duas Pedras e Caledônia, uma boa amostra do relevo acidentado de Nova Friburgo e que, por isso mesmo, dificulta a ocupação humana e permite com uma certa facilidade a preservação e regeneração de áreas naturais.

Esta edição do Anda Friburgo teve a participação de noventa pessoas e contou com o apoio da Associação de Moradores do Amparo, que forneceu frutas para os participantes e apoio durante a caminhada. O final do trajeto foi em um sítio na localidade de Alto do Schuenk, que possui uma grande diversidade de cultivos agrícolas além de áreas nativas. O sítio possui também uma estrutura para visitação, com sauna e piscina natural, um bom exemplo de que a região possui um grande potencial tanto para o turismo tradicional quanto para o ecoturismo, alternativas econômicas à simples exploração do solo, e que permitem a coexistência e cooperação das comunidades locais com um meio ambiente conservado, devendo ser essa uma prioridade das políticas do poder público para a melhoria da qualidade de vida da região.

Mapa 1: Localização do percurso. Clique na imagem para ampliar


Mapa 2: Detalhes do percurso em imagem de satélite. Clique na imagem para ampliar

Imagem 1: Participantes do Anda Friburgo – Circuito Tiradentes - Amparo

Imagem 2: Praça de Amparo, início do percurso

Imagem 3: Concentração do Anda Friburgo, em frente à Associação de Moradores do Amparo

Imagem 4: Sede da Associação de Moradores do Amparo

Imagem 5: Início da caminhada

Imagem 6: Primeiro mirante do trajeto. Observa-se uma paisagem mesclada com pastagens e fragmentos de floresta nativa em processo de regeneração

Imagem 7: Trecho do percurso. A vegetação nativa valoriza a paisagem e torna-se um atrativo para a visitação à região na qual está inserida

Imagem 8: Loteamento Tiradentes. O abandono da vida rural leva ao processo de urbanização adensado. Pela região ser predominantemente montanhosa, muitas vezes os assentamentos avançam por áreas bastante inclinadas, o que pode incorrer em risco à segurança dos moradores pelo deslizamento de terra em eventos de chuvas fortes, como as ocorridas nos anos de 2007 e, principalmente, em 2011, sobretudo em áreas sem cobertura florestal.

Imagem 9: A altitude desse ponto do percurso possibilita observar as montanhas do centro do município, com destaque para as Catarinas.

Imagem 10: Detalhes dos caminhantes

Imagem 11: O mosaico da paisagem aqui permite ver as pastagens, cultivos ao fundo, fragmentos florestais e as montanhas próximas ao horizonte

Imagem 12: Nesse ponto os caminhantes se aproximam do final do trajeto. Observa-se na imagem uma das poucas pastagens com gado da região.

Imagem 13: Outro ângulo da pastagem da imagem anterior. Destaque para a área florestada no topo dos morros, o que garante em grande parte a fixação do solo e possibilita a conexão entre fragmentos de floresta, que permite a circulação da fauna com segurança, nos chamados “corredores florestais”

Imagem 14: Produção olerícola no sítio no Alto do Schuenk

Imagem 15: Outro ângulo da diversificada produção do sítio

Imagem 16: Os caminhantes percorrendo as trilhas do sítio, aqui, próximos do açude

Imagem 17: Os participantes descansando na beira da piscina natural do sítio

Imagem 18: E, por fim, no caminho de volta

CECNA no Anda Friburgo

O Projeto Anda Friburgo está inserido dentro do Anda Brasil, um projeto a nível nacional que tem como objetivo incentivar nos participantes e na sociedade o cuidado com a saúde física e promover o bem-estar através do contato com a natureza.


O Anda Friburgo é realizado pela Empresa de Turismo Receptivo – ETR, e conta com o patrocínio e a participação de representantes do CECNA, dando continuidade à parceria de sucesso entre as instituições, iniciada em 2008 com o Projeto Diagnóstico de Campo Turístico-Ambiental de Nova Friburgo.

Clique AQUI para acessar o blog do Anda Friburgo

Veja abaixo todos os eventos realizados até agora com a participação do CECNA:






segunda-feira, 28 de abril de 2014

Quem mora perto de áreas verdes é mais propenso à felicidade

Vida urbana e fadiga mental, uma dupla quase inseparável, certo? Mas um passeio no parque pode dar um jeito rápido nesse problema. O efeito do relaxamento foi comprovado por um estudo feito por pesquisadores da Universidade de Wisconsin, nos Estados Unidos.


Ao analisar os dados de uma pesquisa sobre a saúde e bem estar da população local, os cientistas observaram que os “altos níveis de espaços verdes foram associados com sintomas mais baixos de ansiedade, depressão e estresse”.

O estudo, publicado recentemente no Jornal Internacional de Pesquisa Ambiental e Saúde Pública, combina dados de saúde mental com dados de satélite que analisaram como a vegetação estava presente em cada um dos blocos do censo.

Eles descobriram que, em todos os estratos da sociedade, as pessoas que viviam em um bairro com menos de 10 por cento de áreas arborizadas eram muito mais propensas a relatar sintomas de depressão, estresse e ansiedade.

“Assim, uma pessoa pobre que vive em uma estrada próxima a uma floresta nacional é mais propícia a se sentir feliz do que uma pessoa mais rica vivendo em um lugar totalmente cinza”, diz um trecho do estudo.

O doutor Kristen Malecki, professor assistente de ciências da saúde da Escola de Medicina e Saúde Pública da Universidade, observa que o estudo dá credibilidade à “teoria da restauração atenção”, que afirma que mais tempo na natureza restaura a capacidade de concentração e reduz a fadiga mental.

A explicação é simples. Cansado de ter que ficar constantemente alerta e consciente aos estímulos do da correria do dia a dia, o cérebro humano se recupera (e põe as ideias em ordem) ao percorrer um caminho repleto de árvores e estímulos naturais.


Dentro dessa lógica, até mesmo visualizar espaços verdes da janela do escritório pode ser reconfortante.

Fonte: Exame.com

quinta-feira, 24 de abril de 2014

Suçuaranas latinas invadem a terra de tio Sam

A onça-parda, suçuarana, leão-baio, onça-vermelha ou puma Puma concolor (alguns entre muitos nomes) é o grande predador mais bem sucedido das Américas, encontrada desde a Patagônia austral (mas não em Tierra del Fuego) até o Yukon, no Canadá.

Em São Paulo existem pumas na Serra da Cantareira e na Serra do Mar, dentro do município de São Paulo, e no interior do estado são cada vez mais comuns os casos de gatos desta espécie que acabam no quintal de alguém, são atropelados ou triturados por uma colheitadeira de cana. Pumas são adaptáveis e parecem estar se mantendo em mosaicos de plantações, reflorestamentos e fragmentos de matas nativas, mas pagam o preço da convivência próxima com as pessoas.
Puma, fotografado no Zoológico de Belgrado. Foto: Bas Lammers

Seria melhor, para eles e todos os outros bichos, se as rodovias brasileiras tivessem passagens para fauna decentemente projetadas ao invés das gambiarras que os engenheiros empurram e o DNIT e similares estaduais aceitam. Isso sem falar na recuperação das matas ciliares e em encostas e áreas de mananciais que aumentaria o habitat disponível. Isso ajudaria não só a fauna, mas também a termos mais água nas represas.

Ainda sabemos pouco da ecologia dessas onças roceiras e peri-urbanas. É de imaginar que presas nativas como capivaras, comuns onde quer que haja algum brejo, sejam uma das bases da dieta dos gatos, mas a importância de animais exóticos, como a cada vez mais comum lebre-européia e de cães e gatos domésticos ainda precisa ser estudada.

Pumas com um gosto por carne canina ou por carpaccio de gato são uma boa notícia para seus ecossistemas. Cães e gatos ferais, asselvajados, de rua ou alongados são um desastre ambiental que ninguém quer encarar por medo dos pseudo ecologistas que acham lindo que os totós e bichanos que eles não querem colocar no próprio quintal massacrem a fauna nativa e ameaçam processar quem toma alguma providência.

Imigrantes

"Pumas são, hoje, encontrados exclusivamente no continente americano [...]. É estranho que esses gatos apareçam do nada, sem ancestrais óbvios no registro fóssil local."

Pumas são, hoje, encontrados exclusivamente no continente americano e ali os fósseis mais antigos datam de 400 a 300.000 anos atrás. É estranho que esses gatos apareçam do nada, sem ancestrais óbvios no registro fóssil local.

A possibilidade dos pumas serem imigrantes de outra região é fortalecida por estudos moleculares que indicam que pumas e guepardos (ou cheetahs) Acionyx jubatus, um gênero com um longo registro fóssil na Eurásia e África, compartilham um ancestral comum que viveu a mais de 8 milhões de anos. Os mesmos estudos mostram que o jaguarundi ou gato-mourisco ou gato-vermelho é um parente muito próximo do puma, daí seu nome científico Puma yagouaroundi.

Fósseis sugerem que pumas podem ter surgido na África, mas isso ainda precisa ser comprovado. Pisando em terreno mais firme, restos encontrados desde a Espanha e Inglaterra até a Mongólia mostraram que um autêntico Puma viveu nesta vasta região entre 2,4 e 0,8 milhões de anos atrás.

Puma pardoides era similar às suçuaranas atuais, especialmente na morfologia do crânio e porte (40-45 kg) e parece ter sido muito bem sucedido, vivendo em vários habitats. Sua aparente extinção na Europa, na transição entre o Pleistoceno Inicial e Médio ocorre ao mesmo tempo em que leopardos colonizam aquele continente (sim, existiram leopardos na Europa, da Espanha à Alemanha, Grécia e Ucrânia, mas isso é outra história), o que pode ser coincidência ou não.

Parece razoável supor que, junto com leões, mamutes, renas, humanos e tantos outros mamíferos, um puma ancestral estava entre os imigrantes que cruzaram da Ásia para a América e Ásia. A ponte sobre o atual Estreito de Bering ("Beringia") foi exposta várias vezes quando o nível do mar baixou durante as glaciações dos últimos milhões de anos.

Os detalhes ainda precisam ser descobertos e mais fósseis ajudariam. É bem possível que a evolução de pumas, guepardos, jaguarundis e seus primos extintos, os "guepardos americanos" (pumas adaptados para a corrida) tenha ocorrido na Ásia, a colonização da América vindo depois e em diferentes momentos. De qualquer forma, os fósseis que temos e o DNA (incluindo o extraído de fósseis) dão boas pistas nessa história de detetive.

Diversidade latino-americana

"Os genes dos pumas atuais mostram que, ao contrário do esperado, existe maior diversidade genética na América do Sul e Central do que na América do Norte."

Que não acaba aí. Os genes dos pumas atuais mostram que, ao contrário do esperado, existe maior diversidade genética na América do Sul e Central (onde 5 linhagens ou "subespécies" podem ser caracterizadas) do que na América do Norte, onde há uma única linhagem evolutiva.

Esse é o oposto do que seria de se esperar caso os pumas tivessem colonizado primeiro a América do Norte e dali se espalhado rumo ao sul acumulando mutações e diversidade genética ao longo do caminho.

É muito pouco provável que os pumas tenham colonizado a América do Sul antes da América do Norte, o que exigiria eventos incomuns como abduções alienígenas, portais espaço-temporais ou entrega especial por um bote saído da arca de Noé.

Na verdade, a entrega por um bote vindo da arca é mais fácil de descartar que a abdução alienígena, já que os criacionistas literais dizem que a Terra foi criada no ano 4004 AC e o dilúvio bíblico aconteceu em 2400 AC. Essas datas são recentes demais e não batem com o registro geológico, fóssil ou molecular (entre outras coisas), enquanto a possibilidade de intervenção de algum alien bagunçando a biogeografia terráquea não pode ser falseada (neste caso).

Como tio Ockham ensinou, invocar alienígenas é desnecessário, pois existe outra explicação mais simples e consistente com os dados.

Durante a transição entre o Pleistoceno (a "era do gelo") e o Holoceno (o período geológico em que vivemos), há c. 11.700 anos, ocorreu uma extinção em massa ao longo de poucos milhares de anos e eliminou a maior parte dos grandes mamíferos do continente americano.

Essa extinção coincidiu com uma rápida mudança climática igual a tantas que aconteceram antes sem grandes consequências. O que havia de diferente dessa vez foi a presença de populações humanas fazendo o que fazemos melhor: explorar outras espécies até a extinção e alterar habitats (não vou me alongar aqui sobre esse assunto, já tratado antes, mas este ensaio vai no ponto).

Junto com mamutes, mastodontes, leões, tigres-dentes-de-sabre, dire wolves (aqueles de Game of Thrones), preguiças-gigantes, guepardos americanos, cavalos, saigas, ursos, etc, etc a combinação entre humanos e clima volátil também vitimou os pumas norte-americanos, que sofreram uma tremenda redução populacional e consequente perda de variabilidade genética. Ou mesmo extinção.

De fato, a estrutura genética das populações norte-americanas atuais é consistente com elas sendo descendentes de um pequeno número de colonizadores vindos da América Central e, na origem, da América do Sul.

É interessante pensar nos pumas estadunidenses como legítimos descendentes de pumas latinos que foram fazer a América.

Serra da Capivara

Puma na Serra da Capivara. Foto: Fábio Olmos

"Como todas as UCs federais, a Serra da Capivara sofre com o cíclico e irresponsável "contingenciamento de verba" que faz cessarem atividades fundamentais de manejo e proteção, mas curiosamente não afetam contratos de publicidade e outros agrados a amigos."

Fiz esta foto no Parque Nacional da Serra da Capivara, no Piauí, onde uma unidade de conservação modelo e nada menos que espetacular foi implantada contra toda a probabilidade graças à visão e generosa teimosia de minha amiga Niéde Guidon, que este mês completou 81 anos.

Vi a Serra da Capivara de antes, um parque brasileiro padrão, abandonado aos caçadores, posseiros, incêndios e, o pior, aos políticos. Apesar dessas pragas ainda existirem, o parque recebeu ótima estrutura de visitação, proteção e manejo. Que não só possibilitam apreciar o patrimônio arqueológico ímpar como também permitiram a recuperação de uma fauna quase extinta, incluindo as onças.

Não só isso, o parque mudou a realidade local, tornando um canto irrelevante e esquecido do Brasil em um pólo de turismo, ensino e pesquisa.

Infelizmente o Brasil tem um governo disfuncional que prima por torrar dinheiro do contribuinte e dá muito pouco em troca. Como todas as UCs federais, a Serra da Capivara sofre com o cíclico e irresponsável "contingenciamento de verba" que faz cessarem atividades fundamentais de manejo e proteção, mas curiosamente não afetam contratos de publicidade e outros agrados a amigos.

Como a megafauna extinta e pinturas rupestres destruídas ensinam, há estragos que não podem ser reparados e, da pré-história até hoje, já deu tempo para aprendermos a sermos menos irresponsáveis. Ainda bem que existem pessoas como Niéde Guidon para mostrar que podemos fazer escolhas melhores.


Obrigado, Niéde.

Fábio Olmos
Fonte: ((o)) eco

terça-feira, 22 de abril de 2014

Entendendo a Mata Atlântica

Cada um dos biomas brasileiros tem o seu "mais": a Amazônia é o mais extenso, o Cerrado é o mais severo; a Caatinga, o mais exclusivo; o Pampa, o mais esquecido. A Mata Atlântica acumula "mais", já que é o mais populoso, o mais povoado, o mais explorado e, em consequência disso, o mais ameaçado. Após 500 anos de ocupação, a Mata Atlântica passou por mudanças drásticas - mais profundas no século XX - que reduziram sua cobertura a menos de 10% do original.


O bioma se estendia por aproximadamente 1.300.000 km², cobrindo 17 estados do território brasileiro (Alagoas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Sergipe). Hoje, restam apenas 102.012 km² (cerca de 7,3%), faixas de vegetação ao longo da Serra do Mar.

Esta transformação é resultado de um processo de exploração histórico. Começou em 1500, com a chegada dos portugueses ao Brasil, cujo interesse primordial era a exploração do pau-brasil. O desmatamento prosseguiria durante os ciclos da cana-de-açúcar, do ouro, da produção de carvão vegetal, da extração de madeira, da plantação de cafezais e pastagens, da produção de papel e celulose, do estabelecimento de assentamentos de colonos, da construção de rodovias e barragens, e da intensa urbanização, com o surgimento das grandes capitais do país, como São Paulo e Rio de Janeiro.


Segundo dados do MMA, 849 espécies de aves, 370 espécies de anfíbios, 200 espécies de répteis, 270 de mamíferos e cerca de 350 espécies de peixes habitam este bioma, que considerado como a quinta área mais rica em espécies endêmicas do mundo. Não é incomum a descoberta de novas espécies: recentemente, foram descobertas a rã-de-alcatráses, a rã-cachoeira, os pássaros tapaculo-ferrerinho e bicudinho-do-brejo, os peixes Listrura boticario e o Moenkhausia bonita, e o mico-leão-de-cara-preta. Além de ser uma das regiões mais ricas do mundo em biodiversidade, abriga aproximadamente 120 milhões de brasileiros em seus domínios.

Estima-se, ainda, que existem cerca de 20.000 espécies vegetais (cerca de 35% das espécies existentes no Brasil) espalhadas pelas diversas formações florestais tropicais que formam a Mata Atlântica (Ombrófila Densa, Ombrófila Mista, Estacional Semidecidual, Estacional Decidual e Ombrófila Aberta) e ecossistemas associados como as restingas, manguezais e campos de altitude.

Além disso, a área de domínio da Mata Atlântica compreende oito bacias hidrográficas, responsáveis pelo abastecimento de 70% da população brasileira. Lá estão os rios Paraná, Uruguai, São Francisco, Parnaíba, as bacias do Atlântico Sudeste, Atlântica Sul, Atlântico Leste, Atlântico Nordeste Oriental, e o Aqüífero Guarani.

O alto grau de degradação do bioma é reflexo do fato de que compreende parcela significativa da população nacional. Apesar dos esforços de proteção, a perda e fragmentação dos habitats, caça e extração predatória de produtos florestais, conversão de áreas de floresta em campos cultivados e a urbanização não diminuíram.

Apesar dos esforços de conservação, como a criação de corredores ecológicos (corredores que unem os principais fragmentos de floresta, possibilitando o fluxo gênico e evitando o isolamento das populações da fauna e flora), a maior parte dos remanescentes de vegetação nativa ainda permanece sem proteção e a falta de infraestrutura na manutenção das unidades ainda é um problema.


Assim, fazem-se necessários além da ampliação de investimentos, a adoção de novas estratégias para a conservação da biodiversidade, tais como a promoção da recuperação de áreas degradadas e do uso sustentável da vegetação nativa.

Fonte: ((o)) eco

sexta-feira, 18 de abril de 2014

Silvio Tendler: "agroecologia é fundamental na produção econômica e social"

O novo filme de Silvio Tendler, "O Veneno Está na Mesa 2", denuncia a barbárie do agronegócio e mostra que há saídas para produção de alimentos saudáveis

O veneno está na mesa dos brasileiros, no país que mais consome agrotóxicos no mundo. Mas há alternativas viáveis de produção de alimentos saudáveis que respeitam a natureza, os trabalhadores rurais e os consumidores. É essa mensagem que o novo documentário do diretor Silvio Tendler, O Veneno Está na Mesa 2, quer passar.

O primeiro filme, que não foi lançado nos cinemas e seguiu um caminho alternativo de exibição através da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida, teve uma recepção surpreendente e foi visto por mais de um milhão de pessoas.

Nesta entrevista, Tendler fala do novo filme, da sua relação com os movimentos sociais e da importância da alternativa agroecológica para a sociedade brasileira.


O filme será lançado nesta quarta­-feira (16), às 20h, no Teatro Casa Grande, no Leblon. A entrada é gratuita.

Porque lançar a continuação de "O Veneno Está na Mesa", o que ele traz de novo?

'O Veneno Está na Mesa' surgiu quando estive no Uruguai e o Galeno me disse que o Brasil era o principal consumidor de agrotóxico do mundo.

Voltei ao país com a missão de fazer um filme sobre isso, mas nunca imaginei que seria dessa envergadura. Conversei com o (João Pedro) Stédile (dirigente nacional do MST), e ele gostou da ideia, e nesse momento já estava sendo pensada a Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida. Conseguimos com R$ 50 mil reais fazer o Veneno 1.

A campanha foi muito bem sucedida, e o lançamento superou as expectativas de muito filme dito de mercado. É incalculável o número de pessoas que assistiram esse filme,  só no Youtube foram mais de 300 mil, fora as cópias que foram doadas, vendidas, emprestadas, copiadas, pirateadas; ele teve muito público.

Isso gerou uma discussão de que o filme deveria ser aprofundado, e de que deveríamos sobretudo buscar soluções, mostrar que existe alternativas ao veneno, que nós não somos um bando de irresponsáveis que queremos matar a humanidade de fome em nome de uma causa.

Na verdade, nós somos pessoas com sensibilidade, com uma visão de futuro. Pensamos no Veneno 2 em duas partes. Um terço do filme, que mostra os problemas, que só se agudizaram do primeiro Veneno para cá. Hoje você tem entidades científicas da maior responsabilidade que não hesitam em afirmar que existem elementos cancerígenos fortes nos agrotóxicos.

Antes nós tivemos essa dificuldade, poucas pessoas tiveram a coragem de dizer. Ao mesmo tempo dois terços do filme mostra pessoas, comunidades, sob as mais diversas formas, que lutam para preservar a natureza, garantir o alimento, o sustento de todo mundo, com qualidade de vida.

A distribuição alternativa do filme foi então um dos fatores desse alcance surpreendente?

O cinema de shopping está em absoluta crise. O cinema nacional hoje, pelas estatísticas oficiais, atinge 15 milhões de espectadores. Nós já tivemos 5 mil e tantas salas de cinema, hoje temos duas mil e novecentas, 90% delas ficam em shopping, em 9% do território nacional.

O número de espectadores que a Ancine se gaba são 15 milhões de espectadores ao ano. Se você considerar que quem vai ao cinema vai duas vezes ao ano, na verdade você reduz a metade, são 7,5 milhõs de espectadores. Num universo de 200 milhões de cidadãos, esses números não representam nada.

Ou seja, eles desconsideram o povo brasileiro como espectador, eles não contabilizam escolas, universidades, lages, comunidades, centros comunitários, assentamentos, não consideram nada disso. Eu considero espectador até mesmo aquele que assiste numa cópia pirateada.

Quem assiste o filme é espectador, não me interessa como ele assistiu, interessa que ele assistiu. E essa grande massa assiste, ela compra na Rua Uruguaiana a cinco reais, ela se vira e assiste.

Então, o Brasil tem muito mais que 15 milhões de espectadores, mas pra Ancine só conta código de barras. Eles não contabilizam cinema, espectador, contabilizam ingresso vendido, que é outra coisa. E nós partimos da premissa que nós não vendemos ingresso, a gente faz filme pra ser visto.

Vocês viajaram bastante pelo Brasil para fazer esse filme, o que você poderia destacar de aprendizado dessas viagens?

Fomos ao Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Rio Grande do Norte, Brasília, viajamos bastante. A ideia de ambos "Os Venenos" é não localizar numa região, mas mostrar que o problema da agricultura brasileira é nacional. A abertura do filme é propositadamente com o Boaventura de Sousa Santos, que é um dos maiores intelectuais do mundo, muito respeitado na comunidade acadêmica e na militância social. Ele defende algo que vem se tornando uma evidência: o respeito aos saberes ancestrais.

A gente durante muito tempo viveu emparedado pelo cientificismo, que só as ciências poderiam trazer mudanças. E ai vem intelectuais, não só ele, mas da gama dele, e dizem que não.

Você tem gente, tem culturas milenares, que praticam uma agricultura sábia, ecológica, com equilíbrio, com defesa do ambiente e do homem, e que é capaz de nutrir a humanidade. Eu acho que essa é a grande lição de moral. Se o filme tem uma alguma moral, é essa.

O filme foi feito em parceria com o movimento social. Como se deu essa colaboração?

Eu sou um parceiro dos movimentos dispostos a mudar a vida. O meu cinema é um cinema político. Eu fui acusado disso durante muito tempo, até passar essa onda das pessoas gritando que o cinema não podia ser político, que cinema político não atingia ninguém, que ninguém via, ninguém gostava.

Então essa parceria minha com o movimento social ela antecede os próprios "Venenos". Eu já fiz filme de propaganda para partido político de graça. Porque eu não tava vendendo sabonete, eu tava fazendo política, eu tava apoiando as mudanças que o Brasil pedia. Eu já fiz filmes que sei que circulam no movimento social de forma pirata, mas eu prefiro que seja pirateado do que não ser visto, do que ficar na gaveta.


Meu filme sobre o Milton Santos é um ícone, Utopia e Barbárie, Marighella, ou seja, meu cinema é ligado aos movimentos sociais. Com trabalho conjunto com o movimento social oficialmente eu tenho o Veneno Está na Mesa 1 e agora o Veneno 2. Mas já fiz muitas coisas pro MST, e tenho muito orgulho.

Eu acho que se tem um movimento importante no Brasil é o movimento pela reforma agrária, é o movimento pela reforma urbana. As coisas mais bonitas que já aconteceram na minha vida, eu já tive alguns momentos de muita emoção. Um quando eu apresentei o Milton Santos na Escola Florestan Fernandes do MST e a outra foi no Rio de Janeiro.

Tinha um cinema na Cinelândia, que era um clássico do Rio de Janeiro dos anos 50, todo de mármore, bonito, que estava abandonado. Naquela semana as pessoas tomaram aquele prédio, os sem ­teto tomaram o prédio.

Na noite, acho que era véspera de 7 de setembro, algo assim, eles ocuparam o cinema, um sem­ teto se paramentou de lanterninha, puseram uma carrocinha de pipoca dentro do cinema, e as pessoas assistiram sentadas no chão de mármore durante quase duas horas o Milton Santos.

Foi uma das coisas mais lindas que aconteceu na minha vida. Ai eu falei: esse cinema que eu faço tem sentido, é junto com o movimento social, e é isso que me interessa na vida.

Estamos descomemorando os 50 anos do golpe, e temos falado muito da história da reforma agrária, o discurso do Jango.

Agora lancei duas séries, "Os advogados contra a ditadura", e "os militares que disseram não". Falei daqueles que se opuseram ao golpe, que são setores fundamentais mas não muito conhecidos.

Você conhece o nome dos generais golpistas, dos torturadores, mas você não conhece numa escala popular, não tem o reconhecimento, os militares que foram legalistas, foram constitucionalistas, que ficaram até o final ao lado do Jango, que mesmo depois do golpe ficaram militando e resistindo.

Você não conhece os advogados que eram advogados de perseguidos políticos, num país que não tinha nem habeas corpus. E eu fiz 5 programas de tv de 50 min cada um, cada série, e dois longas metragens. Tenho muito orgulho das coisas que faço, posso falar de peito erguido das coisas que faço.

Tem algum outro filme que você está fazendo agora?

Tem, eu não paro. Se você parar vocẽ morre, atrofia. Vai ficando velho vai enferrujando. Terminei junto esses três filmes. E agora to fazendo A Alma Imoral, do Nilton Bonder, e o assunto é sobre o exílio do poeta. Você não houve falar sobre o exílio de um poeta, e eu quero falar sobre isso.

Estamos lançando o filme num momento que a bancada ruralista tem feito ataques mais fortes a legislação dos agrotóxicos e ao mesmo tempo vivendo um clima pré­-eleitoral.

Esse filme consegue ter um impacto da opinião pública e trabalhar num sentido mais amplo da luta contra os agrotóxicos?

Eu acho que sim. A política não se faz a luz do dia, a política é uma coisa que você negocia, não é muito clara. Você tem hoje vertentes da sociedade que estão negociando para que se monte uma grande frente popular que faça frente a esse grupo do agronegócio.

Hoje você tem uma bancada ligada as negociatas, a esse Brasil feio, de mais de duzentos parlamentares. A gente tem que construir os outros duzentos. A gente tem que ter um preparo pro enfrentamento político também.

É onde eu tenho divergência com alguns companheiros militantes que eles querem abandonar as frentes de ação política. Eu acho que a frente de ação política é tão importante quanto a gente na rua, fazendo filme, debatendo.

Mas eu acho que a gente tem que construir, aumentar muito a bancada das pessoas que antagonizam com a bancada ruralista. A gente tem que quebrar esse monólito. A gente tem que fazer alianças, porque política é isso.

Se a gente conseguir roubar 12 deputados... não significa com isso que você vai abandonar as outras lutas, você vai continuar na rua lutando, falando o que você pensa, o que você quer.

Mas é preferível ter parlamentares que não são puro sangue mas estão aliados a gente, do que buscar a perfeição e não ter nada. É uma maneira reformista de pensar, mas que eu acho que tem sua razão de ser.

Por que você acha que existe este desânimo com a política institucional?

Eu acho que as pessoas que estão desanimadas tem sua razão de ser. A gente engoliu muito sapo estes tempos. A gente vem engolindo muitos sapos, e vai cansando. Se a gente tem que dar nome aos bois, as últimas coisas que vem acontecendo há um tempo já com o PT, elas provocam um certo desencantamento.

Eu que nunca fui petista estou desencantado, eu não era petista mas eles tinham um discurso da pureza, e eles também sujaram as mãos. Se bem que o Sartre sempre disse que em algum momento é importante sujar as mãos. Mas eles eram puristas, eles não votaram no Tancredo Neves, não assinaram a Constituição.

Eles sempre fizeram uma política purista e hoje você tá vendo o que tá virando essa pureza toda. Pureza virou pó. Isso provoca um desencantamento mesmo naqueles não tendo sido do PT, petistas, eles acreditavam que o PT apresentava um projeto diferente, e que se desse certo poderia ser um projeto de futuro pro país.

Agora o PT negocia também, é mais um partido a negociar, uma bancada infindável de partidos.

Mas eu acho que não é porque o PT virou isso que a gente vai abandonar a política. Vamos buscar outros vieses, outras alternativas, vamos buscar outras formas de fazer política e outras formas de agir dentro da política.

Você acha que podemos nos espelhar nos exemplos latino­americanos?

Ninguém tem respostas. Hoje ninguém tem respostas. A gente não deve se espelhar em modelo nenhum, acho que devemos construir o próprio modelo. Você hoje não tem mais modelo, tem ações. Não dá pra dizer que o Maduro é igual ao Chavéz. O Raul não é igual ao Fidel, o país hoje é outro.

O carisma de um e o de outro não é o mesmo. O Evo Morales não é igual a eles. O mais interessante deles todos é o Pepe Mujica. Agora também não é o modelo, Uruguai é um país pequenininho, é um país onde você resolve os problemas de outra forma.

A maior massa da população uruguaia sempre foi urbana, o campo sempre foi vazio. Quando se chegou lá nos anos 60 querendo fazer um foco guerrilheiro, perguntaram: com bois e vacas? Você não tem camponeses na quantidade que tinha em Cuba.

Você não imita o modelo, acho que a gente tem que procurar construir o nosso próprio modelo. Um modelo que tem que ser não só avançado como original. Você volta no velho Jango e vai ver que propõe reforma agrária, reforma urbana, controle da remessa de lucros. Foi um governo nacionalista. A reforma agrária do Jango não era estatizante, ela criava o pequeno proprietário rural, e é um bom modelo a seguir. É só o país retomar a rota.

Esse novo modelo necessariamente passa pela agroecologia?

Não tem sentido você construir uma economia baseada na destruição da natureza. Isso não é economia, isso é catástrofe. Você criar um modelo econômico perverso, isso não é o país que a gente está construindo, isso é a barbárie.

Então eu acho que a agroecologia é fundamental como forma de produção econômica, social e de desenvolvimento.

Eu tenho plena convicção que estamos fazendo o filme certo no caminho certo. Estamos no momento que a gente vai de alguma maneira poder colaborar com este debate, e estou muito feliz por isso.

Na abertura que no filme passado eram 20 entidades que assinavam e hoje você tem 80, é mostrar que há gente no Brasil preocupada com esse projeto, que nós não estamos sós, e um filme como esse é um filme agregador.

Nós estamos em um momento de descomemoração dos 50 anos do golpe, mas também estamos num momento de projeção dos próximos 50, 100 anos. E é isso que motiva esse movimento. O que nos interessa é discutir o passado pra não repeti­-lo. A gente fala do passado, mas está ancorado no futuro.

Por Renato Cosentino e Alan Tygel


Fonte: www.brasildefato.com.br

quinta-feira, 17 de abril de 2014

Urbanização é chave no controle de mudanças climáticas, diz ONU

Relatório diz que futuras cidades podem conter o movimento.

As áreas urbanas do mundo devem crescer em quase duas vezes o tamanho de Manhattan por dia até 2030, e os projetos de urbanização de futuras cidades da Ásia e da África será crucial para reduzir o aquecimento global, apontou um estudo da ONU divulgado na segunda-feira (14).

A expansão vertiginosa significa oportunidades de bilhões de dólares para as empresas, que vão desde a construção mais sustentável de casas e escritórios até a melhoria das redes ferroviária e rodoviária, de acordo com um relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática da ONU (IPCC).

Xangai, China

"Há uma janela de oportunidade" para se associar a arquitetura urbana com a redução do aquecimento global, disse Karen Seto, professora da Universidade de Yale, que participou da elaboração do relatório do IPCC de 2.000 páginas sobre o controle de mudanças climáticas.

Um resumo de 33 páginas com uma foto de Xangai na capa foi divulgado no domingo. O documento informa que cidades ainda a serem construídas podem ajudar o conter o aquecimento, mas a maioria dos detalhes está em um capítulo de 116 páginas obtido pela Reuters antes da publicação na terça-feira (15).

Em um cenário, a expansão urbana entre 2000 a 2030 irá adicionar 1,2 milhão de quilômetros quadrados para as cidades, principalmente na Ásia e na África.

Essa expansão significa 110 quilômetros quadrados todos os dias durante três décadas, quase duas vezes o tamanho de Manhattan ou 20 mil campos de futebol norte-americano.
"Vinte mil campos de futebol vão passar de fazendas para cidades, de florestas para as cidades, todos os dias", disse Seto à Reuters. As áreas urbanas representam entre 71 e 76 por cento das emissões de dióxido de carbono do mundo de energia.

Projetos de cidades mais compactas, que reduzem trajetos, aquecimento para poupar energia, transporte público melhor, ciclovias e áreas de pedestres podem reduzir as emissões, principalmente de combustíveis fósseis.

Os obstáculos incluem a falta de regulamentação para o planejamento, especialmente em países em desenvolvimento.


"A cada semana, a população urbana mundial aumenta em 1,3 milhão", informa o capítulo. Em 2050, a população urbana deve ser cerca de dois terços de todas as pessoas na Terra.

Fonte: G1

terça-feira, 15 de abril de 2014

Secretaria do Ambiente do RJ lança campanha contra soltura de balões

Estudo da SEA constatou que grande parte dos incêndios florestais acontece em razão da soltura de balões em locais de difícil acesso e atinge parte considerável da Mata Atlântica

A Secretaria de Estado do Ambiente do Rio de Janeiro lança amanhã, dia 15 de abril, uma campanha de conscientização sobre os perigos de soltar balões. A prática é crime (artigo 41 de Lei de Crimes Ambientais nº 9.605/98) e causa acidentes graves nas florestas e é um risco constante aos moradores do estado.


Apesar do monitoramento diário das unidades de conservação do Estado pelo Instituto Estadual do Ambiente (INEA), um estudo da SEA constatou que grande parte destes incêndios florestais acontece em locais de difícil acesso e atinge parte considerável da Mata Atlântica.

Outro dado que merece atenção diz respeito ao número de chamados que chegam ao Disque-Denúncia do Projeto Linha Verde. Em 2013 foram registradas 252 denúncias. A maioria das denúncias trata dos locais onde os balões são confeccionados e onde serão soltos. Deste total, a maior parte das incidências ocorre na Zona Oeste, nos bairros de Campo Grande e Jacarepaguá, Niterói e São Gonçalo.

Apesar dos registros de 2013 serem menores que os computados em 2012 (375 denúncias), comprovando que a campanha vem apresentando resultados positivos, há ainda muitos casos contabilizados entre os meses de abril e julho, período que inicia os preparativos em homenagem a São Jorge, comemorado dia 23 de abril, e também das festas juninas.

A campanha, lançada em 1999, visa conscientizar a população sobre os perigos da prática de soltar balões e desestimular os atos de baloeiros a partir de ações de prevenção e repressão, combatendo a confecção, comercialização, soltura e realização de festivais de balões. A 15ª edição da campanha vai abranger todo o estado e se estender até 15 de setembro.

Além da campanha, a Secretaria do Ambiente vai intensificar as operações de combate a este tipo de crime ambiental. Agentes da Cicca (Coordenadoria Integrada de Combate aos Crimes Ambientais), órgão da Secretaria de Estado do Ambiente, com apoio de técnicos do INEA, do Comando de Polícia Ambiental (Polícia Militar) e da Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente (Polícia Civil), irão percorrer o estado com megaoperações na tentativa de inibir a soltura de balões. As ações levam em conta, principalmente, as denúncias que chegam a central do Linha Verde.

O Disque-Denúncia tem no projeto Linha Verde o braço especializado no atendimento de informações sobre crimes ambientais. Quem fizer a denúncia tem a garantia de sua identidade preservada, do anonimato. Para fazer as denúncias sobre crimes ambientais é só ligar para 2253-1177, pessoas que estão no município do Rio de Janeiro. Já o número 0300 253-1177, que tem custo de uma ligação local, é para quem se encontra em outros municípios.

Vale lembrar que são oferecidas recompensas, com valores entre R$ 300,00 e R$ 2 mil, por informações feitas ao Disque-Denúncia Linha Verde que levem a apreensão de balões e/ou identificação e localização de baloeiros.

Fonte: SEA/RJ