sexta-feira, 19 de setembro de 2008

2ª visita-técnica do Diagnóstico de Campo Turistico-Ambiental de Nova Friburgo: Rio das Flores - Rio Bonito de Cima

No último sábado (13/09/2008) o CECNA e a Equipe de Turismo Receptivo (ETR), com o suporte logístico de campo da ONG Universidade Livre da Floresta Atlântica (UNIFLORA), deram continuidade ao projeto Diagnóstico de Campo Turístico-Ambiental de Nova Friburgo com a realização da segunda visita-técnica. Desta vez o percurso foi pela estrada que liga a localidade de Rio das Flores à localidade de Rio Bonito de Cima, nos distritos de Mury e Lumiar respectivamente. O trabalho teve início às 9h45 e terminou às 17h20.
 
Mapa do percurso.
 
Assim como na primeira visita-técnica, em Macaé de Cima, predomina um ambiente natural durante todo o percurso devido à extensa área de florestas em estágios avançados de regeneração. Porém, à medida que se aproxima de Rio Bonito de Cima começa a haver uma transição para um ambiente natural-rural. Isso se deve principalmente às pastagens existentes no entorno da estrada. Apenas algumas plantações de mandioca foram verificadas.
 
Mapa de vegetação.
 
Detalhes do trajeto (clique na imagem para ampliar).
 
 
Na primeira parte da visita, na estrada para Rio das Flores, pôde-se conferir uma característica raríssima na Mata Atlântica brasileira atual, a qual possui apenas 7% de sua cobertura original: florestas de grande porte em um relevo relativamente pouco acidentado, se comparado a áreas montanhosas próximas. Em muitos trechos a estrada é praticamente plana e a floresta chega bem perto dela.
 
Nessa estrada pôde-se conferir também a existência de muitos sítios de recreação, sendo que alguns deles de altíssimo nível, como a Fazenda Ouro Verde, no Km 5 do percurso. Esta fazenda , no entanto, destoa totalmente da paisagem, pois na estrada vêem-se seus muros altos, com arame farpado e câmeras de segurança, o que chama ainda mais atenção para as dimensões exageradas de sua sede.
 
Entrada da Fazenda Ouro Verde.
 
Logo após, no Km 5.6, encontrou-se um belo poço formado em um meandro do Rio das Flores. Certamente o melhor ponto de parada para banho do percurso.


Poço Rio das Flores.
 
Até o final do trajeto pela estrada de Rio das Flores basicamente os principais impactos ambientais verificados foram alguns pequenos e esparsos eucaliptais e plantações de pinus, bem próximos à estrada além de áreas de lazer gramadas nos sítios de recreação. Realmente, uma região muito conservada e belíssima.
 

Avançamos até o Km 7.1 do percurso. Depois disso a estrada segue, em subida, em direção ao limite dos municípios de Nova Friburgo e Silva Jardim, acompanhado à montante o Rio das Flores. Em determinado ponto inicia-se a trilha que dá acesso à famosa elevação denominada Pedra do Faraó, de 1719 m de altitude. A partir desse ponto (o Km 7.1, mais especificamente em uma pequena ponte em frente ao “Sítio do Bodoque”), retorna-se pelo mesmo caminho até a bifurcação dessa estrada com o início da estrada que leva a Rio Bonito de Cima. Até aí, o percurso completa 11.2 Km.

À direita o início da estrada para Rio Bonito de Cima.
 
Como dito antes, nessa estrada que dá acesso à localidade de Rio Bonito de Cima o ambiente começa a fazer a transição para o rural. Os impactos aumentam e diminui a quantidade de pontos de parada para atrativos naturais de apelo turístico. O que mais chama a atenção são algumas extensas áreas de pastagem no pé dos morros pelos quais a estrada passa. Muitas dessas áreas são legalmente denominadas APP’s (Áreas de Proteção Permanente), pois possuem uma inclinação de terreno de 45° ou mais ou estão muito próximas à cursos d’água. Nessas áreas não poderia haver qualquer tipo de atividade econômica que destruísse ou sequer utilizasse os recursos naturais presentes. O grande risco nessa situação é a adoção de técnicas ultrapassadas de “limpeza” do terreno utilizando-se o fogo. Com qualquer descuido pode-se perder o controle do fogo e este avançar para as áreas de floresta nas partes mais altas dos morros, podendo causar grande desastres, especialmente em época de estiagem na região (entre maio e setembro).
 

Ao final do percurso, de 18.9 Km, chega-se à localidade de Rio Bonito de Cima, a qual conta com algumas pousadas, restaurantes, mercearias e telefones.Apesar de tudo, a área de floresta é muito mais extensa, tornando a região de Rio Bonito de Cima uma região com grande potencial ecoturístico, necessitando “apenas” de um maior rigor na fiscalização de práticas ambientalmente ilegais, programas de recuperação ambiental e de apoio aos agricultores para adoção de alternativas agroecológicas e uma melhor infra-estrutura de transportes e de saneamento básico.

Um comentário:

Anônimo disse...

Gostaria de parabenizar o CECNA e ETR pela brilhante iniciativa e sugerir que eventuais informações sobre crimes ambientais que forem levantadas durante as visitas sejam repassadas aos órgãos ambientais, como SERLA, IEF, FEEMA e a própria Secretaria Municipal de Meio-Ambiente.
Mais uma vez, parabéns pelo excelente trabalho.
Alessandro Vianello
SERLA - 7AR