segunda-feira, 31 de agosto de 2009

12ª visita técnica do Diagnóstico de Campo Turístico-Ambiental de Nova Friburgo: Boa Esperança de Cima – Serra Queimada

No dia 16 de agosto de 2009 foi realizada a 12ª visita técnica do Projeto Diagnóstico de Campo Turístico-Ambiental de Nova Friburgo (DCTA-NF), realização do Centro de Estudos e Conservação da Natureza (CECNA) e Equipe de Turismo Receptivo de Nova Friburgo (ETR) com o apoio da Universidade Livre da Floresta Atlântica (UNIFLORA) e da Agenda 21 Local de Nova Friburgo. O trajeto percorrido, de 6,9 Km de extensão, foi entre a localidade de Boa Esperança de Cima e o local conhecido como Serra Queimada.
 
Essa visita técnica em seus dois terços finais percorreu uma trilha, e não uma estrada como tem sido via de regra. Todo o percurso está inserido no distrito friburguense de Lumiar e nos limites da Área de Proteção Ambiental Estadual de Macaé de Cima, administrada pelo Instituto Estadual do Ambiente, INEA, órgão vinculado à Secretaria de Estado do Ambiente do Rio de Janeiro.
 
Mapa 1: Localização do município de Nova Friburgo, RJ.

Mapa 2: trajeto percorrido em relação aos limites do município de Nova Friburgo.

 
Mapa 3: o trajeto do mapa de uso e cobertura do solo de Nova Friburgo.

Mapa 4: Detalhes do trajeto (clique na imagem para ampliar).
 
 
No relatório da visita anterior foi escrita de maneira geral a realidade de toda a região de Boa Esperança. Esse percurso apenas veio confirmar o que foi descrito lá: basicamente uma intensa utilização do solo por pastagens, eucaliptais, alguns cultivos e ocupação imobiliária, além de degradação da qualidade e do volume das águas.

O primeiro terço do percurso, até o Km 2,2, é marcado pela presença de três pontos de banho bastante conhecidos da região: cachoeira da Aventura (Km 1,1), cachoeira Indiana Jones (Km 1,5) e poço do Coronel (Km 2). A cachoeira Indiana Jones ficou marcada pela construção recente de um bar no local e estruturas de cimento ilegais (por serem em áreas de preservação permanente) que prejudicaram sobremaneira a beleza cênica do lugar. Já o poço do Coronel é de propriedade particular conforme informou um morador local, deixando entender que no verão o local deve ser muito visitado por turistas, situação que pode estar provocando conflitos destes com a comunidade do local, denominado Retiro Saudoso.

A partir do Km 2,2 inicia-se uma estrada que mais a frente leva ao início da trilha que leva ao local chamado Serra Queimada. Esse caminho também pode ser considerado um trecho de uma travessia que liga Boa Esperança à conhecida localidade do Sana, do município vizinho de Macaé, travessia essa muito conhecida e realizada por inúmeros "mochileiros", configurando-se em um grande atrativo turístico de toda a região Serrana do estado do RJ.

A trilha até Serra Queimada tem 3,6 Km de extensão e atravessa em sua maior parte uma floresta nativa em médio estágio de regeneração, em um relevo íngreme que culmina em 1.450 m de altitude no divisor de águas e limite entre os municípios de Nova Friburgo e Macaé. Nesse ponto descortina-se uma paisagem de grande beleza cênica, podendo-se avistar grande parte do litoral do estado do RJ, de Quissamã até Araruama, passando por Macaé, Rio das Ostras, Casimiro de Abreu, Búzios, Cabo Frio e Arraial do Cabo além de muitas formações rochosas símbolos de alguns desses municípios como o Pico do Frade e Peito de Pombo em Macaé e Morro de São João em Casimiro de Abreu, entre muitas outras.

Antes de chegar ao final do percurso, contudo, a equipe pôde presenciar outro espetáculo proporcionado pela natureza local: foram registrados doze espécimes dos chamados pingo d'ouro (Brachycephalus ephippium), com aproximadamente um centímetro de comprimento, de forte coloração laranja, objeto de estudos de cientistas internacionais na região e que contribuíram para que a mesma fosse considerada uma das mais importantes em termos de biodiversidade em toda a Mata Atlântica brasileira.
Foto 1: centro de Boa Esperança de Cima.

 
Foto 2: logo no início do percurso um bananal destaca-se na paisagem, composta no geral por um mosaico de manchas de pastagens, floresta nativa em diferentes estágios de regeneração e cultivos.
 
Foto 3: nesse trecho, a direita da imagem, destaca-se a utilização de fogo para limpeza de um terreno em área extremamente íngreme, caracterizada pela legislação ambiental brasileira como Área de Preservação Permanente (APP).


Foto 4: no Km 1,1 do trajeto encontra-se a belíssima cachoeira da Aventura.

Foto 5: logo após, no Km 1,7, chega-se à cachoeira Indiana Jones. Na imagem o início da trilha que leva ao local, à esquerda.

Foto 6: cachoeira Indiana Jones vista de cima.

Foto 7: aqui vê-se algumas das intervenções ocorridas na referida cachoeira, com a instalação de um bar no local e construções feitas nas margens do curso d'água, também caracterizadas como APP's.

Foto 8: trecho logo após à entrada da cachoeira Indiana Jones.

Foto 9: poço do Coronel, no Km 2,3 do trajeto.


Foto 10: na localidade de Retiro Saudoso, no Km 2,9, no início da estrada que leva à localidade de São José, pode-se avistar nas vertentes dos morros uma grande variedade de usos do solo, como cultivos de subsistência, eucaliptais, pastagens e também vegetação nativa em regeneração, sobretudo em estágios iniciais.

Foto 11: detalhe do eucaliptal no morro ao fundo em faixas de diferentes portes das árvores.

Foto 12: porteira no Km 3.2, um pouco antes do início da trilha que leva à Serra Queimada.

Foto 13: já na trilha referida acima, o belo aspecto da vegetação em estágio médio de regeneração.

Foto 14: aspecto da vegetação rasteira da trilha.

Foto 15: um dos doze exemplares, encontrados durante a trilha, do sapo conhecido como pingo d'ouro. Ele possui aproximadamente 1,5 cm de comprimento.

Foto 16: no final do percurso, tem-se uma magnífica visão de boa parte da planície costeira do estado do RJ, além de muitas formações rochosas da serra de Macaé, como o Pico do Frade e Peito do Pombo, além do Morro de São João em Casimiro de Abreu. Desse ponto percebe-se também o avanço das pastagens em áreas de florestas nativas em morros muito íngremes, quase sem gado, o que configura a inviabilidade de lucro dessa atividade econômica em uma região tão acidentada geograficamente somada ao prejuízo ambiental da perda da biodiversidade devido ao desaparecimento das florestas.

Foto 17: outro ângulo do platô da Serra Queimada.

Foto 18: aspecto de um trecho de vegetação em estágio avançado de regeneração.

Foto 19: a trilha vista nessa imagem leva à localidade de Sana, no município de Macaé, sendo uma travessia muito conhecida e utilizada pelos mochileiros da região. Ao fundo avista-se o afloramento rochoso conhecido como Peito-de-Pombo, símbolo da localidade citada.

Foto 20: detalhe mais aproximado do avanço das pastagens citado na Foto 13.
 
Foto 21: aspecto da trilha no sentido de volta à Boa Esperança de Cima.

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