segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Cidades para bicicletas, cidades para pessoas


A campanha eleitoral está em pleno curso no Brasil e bicicleta é tema central nas grandes cidades. Os motivos são bastante óbvios. O colapso na circulação de pessoas e perda de qualidade de vida são temas que afetam diretamente a população e que estão no raio de ação de prefeitos e vereadores.

Com a chegada de setembro, virá logo mais o Dia Mundial Sem Carro, efeméride que esse ano será em um sábado. É de se antecipar grandes pedaladas, eventos de campanha e muito candidato cheio de promessas que não serão cumpridas ao longo dos próximos quatro anos.

Por agora, a imprensa repercute notícias sobre bicicletas e demonstra claramente que a questão cicloviária no Brasil ainda se move amparada por rodinhas. Em notícia recente no jornal Valor Econômico, a reportagem "Pedalar exige mais do que boas intenções" abordou a bicicleta nas eleições e ao mesmo misturou alhos com bugalhos.

Logo no primeiro parágrafo a reportagem fala na falta de regras para circulação e punição para bicicletas, para repetir um clichê tão comum que "pedalar pelas ruas não faz parte da cultura dos que vivem nos centros urbanos brasileiros" e falar sobre emplacamento de bicicletas, questão polêmica e inócua para um bom debate sobre cidades.


O entendimento sobre o que é uma bicicleta, por incrível que pareça, ainda não está claro para a população em geral e por conta dissopipocam reportagens com "especialistas" que demonstram claramente o desconhecimento de que a bicicleta é mais que veículo, é símbolo de transformação urbana.

Por hora os políticos em campanha parecem ter entendido a simbologia e tem usado as magrelas como bandeira. Cientes de que falar em bicicletas e em qualidade de vida é assunto que rende visibilidade e demonstram uma enorme dose de "bom mocismo".

Ainda assim, não existe um movimento forte o suficiente para definir um "voto ciclístico",como especula-se já haver em Londres. No entanto, iniciativas como a da Ciclocidade de debater uma plataforma para acidade de acordo com os interesses dos ciclistas são fundamentais.

A democracia brasileira ainda tem um longo caminho para se estabelecer e se consolidar. A bicicleta é um ator fundamental para o processo democrático.

Bicicleta nesse sentido é muito mais do que uma bandeira de aficionados pelas pedaladas ou por ativistas da sustentabilidade. Incluir a bicicleta nas cidades é necessariamente tornar o ambiente urbano mais amigável para as pessoas.

O discurso tem sido em favor do planejamento cicloviário, mas as palavras em tempo de campanha vão até um limite. A realidade dos próximos prefeitos é que a bicicleta ainda está encostada na ante-sala do poder, funciona como um símbolo a ser levantado como "pauta positiva", mas ainda não foi incorporada ao dia a dia e valorizada com planejamento e execução que efetivamente mude a realidade urbana das cidades brasileiras.

Por João Lacerda
Fonte: www.oeco.com.br

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