Em 2011, um estudo do Programa das Nações Unidas para o Meio
Ambiente (UNEP) estimou que o total de espécies na Terra é de 8,7 milhões, com
uma margem de erro de mais ou menos 1,3 milhões. Cerca de 6,5 milhões destas
espécies são encontradas na terra e 2,2 milhões nos oceanos. O relatório também
mostrou que 86% de todas as espécies terrestres e 91% das marinhas ainda não
foram descobertas, descritas ou catalogadas. Este censo é o mais recente e
seria o cálculo mais preciso já oferecido. Este é o atual panorama da
biodiversidade.
Biodiversidade ou diversidade biológica é o grau de variação
de vida. O termo pode ser entendido de várias formas, já que descreve ao mesmo
tempo a variedade e a riqueza de todas as espécies (diversidade de espécies), a
variedade dos genes contidos dentro de cada indivíduo de tais espécies
(diversidade genética) e também a variedade de ecossistemas dentro de uma área,
bioma ou do próprio planeta (diversidade de ecossistemas).
A expressão "diversidade biológica" começou a ser
usada no início dos anos 80, graças à publicações que discutiam as implicações
do crescimento populacional e econômico irrestritos sobre o meio ambiente. A
origem específica da palavra "biodiversidade", uma contração de
"diversidade biológica", é comumente atribuída ao botânico
estaduniense Walter G. Rosen, durante seu planejamento para o "Fórum
Nacional sobre a Biodiversidade", ocorrido no final de 1985. Os trabalhos
do fórum foram publicados três anos mais tarde pelo acadêmico E. O. Wilson no
livro "Biodiversidade", o que acabou por popularizar o termo.
Sua importância está no fato de que é ela que sustenta o
funcionamento dos ecossistemas e dos serviços ambientais que eles prestam. A
perda de biodiversidade tem aumentado de forma alarmante (cerca de 8.700
espécies desaparecem por ano) e esta perda ameaça o fornecimento de bens e
serviços dos quais a humanidade depende para a sua própria sobrevivência, uma
vez que não só a economia mundial, mas também as necessidades básicas dos
povos, dependem de recursos biológicos.
As principais ameaças à biodiversidade global são a
destruição de habitats, a introdução de espécies exóticas e espécies invasoras,
a poluição genética (técnicas de hibridização para aumentar o rendimento da
agricultura e da pecuária; cultivos transgênicos), a exploração insustentável
de recursos naturais (caça excessiva, desmatamento excessivo, má conservação do
solo na agricultura e o comércio ilegal de animais silvestres), as mudanças
climáticas (efeito estufa e aquecimento global) e a superpopulação humana.
Diante deste quadro, com vistas a atrair atenção ao tema e
promover ações de conservação, a Organização das Nações Unidas (ONU) declarou
os anos de 2011 a 2020, como a Década da Biodiversidade.
Outra característica da biodiversidade: ela não é
distribuída uniformemente pelo planeta. Ela depende de fatores como a
temperatura, precipitação, altitude, solos, geografia, presença de outras
espécies e história evolutiva. Existem regiões do globo onde há mais espécies
que em outras e estas regiões estão concentradas nos trópicos. Como a
disponibilidade energética (energia solar) é maior no equador que nos pólos,
quanto maior a latitude, menor é o número de espécies. Essa regra, no entanto,
só se aplica à biodiversidade terrestre visto que o mesmo não se verifica nos
ecossistemas aquáticos. Ainda há muito a se aprender sobre esses ecossistemas,
especialmente os marítimos.
Hot spots
Um ponto crítico ou hotspot ('ponto quente', em inglês) de
biodiversidade é uma região com um importante reservatório de biodiversidade
(alta incidência de espécies endêmicas), que está sob ameaça dos impactos
ambientais causados pela ação humana. A maioria deles se localiza nos trópicos.
Hotspots são um método para identificar as regiões do mundo
onde é preciso atenção para lidar com a perda de biodiversidade e para orientar
os investimentos em conservação. O conceito, criado pelo ambientalista inglês
Norman Myers em 1988, foi adotado pela organização Conservação Internacional
(CI) como um projeto institucional. A partir de 1989, a CI passou a conceder de
subsídios para organizações não-governamentais e do setor privado comprometidas
a ajudar a proteger hotspots de biodiversidade.
Hoje são reconhecidos 35 hotspots de biodiversidade. Estas
áreas já perderam pelo menos 70% de sua cobertura vegetal original. Neles estão
abrangidos um número elevado de espécies endêmicas, embora sua área total
corresponda a apenas 2,3% da superfície do planeta. Mais de 50% das espécies de
plantas do mundo e 42% de todas as espécies de vertebrados terrestres são
endêmicas destes hotspots que incluem locais como o Himalaia e o Caribe, as
regiões do Cerrado e da Mata Atlântica no Brasil, Madagascar, na África e as
montanhas do Cáucaso, na Eurasia.
Para se qualificar como um hotspot de biodiversidade, a
região deve atender a dois critérios: deve ter pelo menos 1.500 plantas
vasculares endêmicas, isto é, uma alta porcentagem de plantas não encontradas
outros lugares do planeta. E deve ter 30% ou menos de sua vegetação natural
original. Em outras palavras, deve ser considerada ameaçada.
Fonte: O Eco
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