A ONU declarou 2015 o Ano Internacional do Solo. O objetivo
é reduzir o número de pessoas que ainda passam fome no mundo, visto que o
aumento da erosão de solos reduz as terras férteis e, logo, a produção de
alimentos. O elemento comum na degradação do solo é o aumento do seu uso para
produção de alimentos ou urbanização.
O solo é um recurso essencial para a humanidade, porém visto
como um recurso renovável, cuja degradação pode ser revertida rápido. Ao
contrário, a formação dos solos é um processo lento,em escala de tempo
geológica,durante a qual se formam os minerais e as rochas se desagregam.
O solo depende de fatores como clima e organismos -- a
microflora e microfauna, vegetais, animais e o homem. Também é função do tipo
de rocha que o originou e o relevo em que se encontra.
De acordo com os fatores de formação, o solo pode apresentar
maior concentração de elementos orgânicos, de argila, de ferro, entre outros, o
que caracterizará o tipo de atividade para o qual é propício. Por exemplo, para
a construção de edificações o solo deve ser coeso, sem grande concentração de
areia, um material que se esfarela. Já para a atividade agrícola, deve conter
matéria orgânica e elementos essenciais para o crescimento das plantas.
Para a agricultura, sua fertilidade depende da presença de
nutrientes específicos, tais como cloro, boro, zinco, manganês, níquel,
cobalto, molibdênio, ferro, cobre, nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio,
enxofre e magnésio.
Erosão em área agrícola na Estrada Capelinha, município
de Itaperuna, Rio de Janeiro, 2008. Foto: Luana de Almeida Rangel
A FAO destaca que 33% dos solos mundiais estão degradados.
A atividade agrícola sem cuidados em áreas íngremespode
prejudicar o solo, assim como a mecanização inadequadapode compactá-lo. O arado
e a passagem de máquinas produzem erosão pela concentração de água da chuva em
pequenos sulcos. O processoerosivofavorece a perda de nutrientes para o
desenvolvimento das plantas, e pode provocar o empobrecimentoe a acidificação
do solo, principalmente quando ocorrem queimadas. A utilização exagerada de
fertilizantese plantio constante do mesmo tipo de cultura – que retira da terra
sempre os mesmos nutrientes – exaurem o solo.O resultado pode ser a queda da
sua produtividade para o cultivo.
Os processos de salinização e de encharcamento do solo são
responsáveis por aproximadamente 15% de perda de terras produtivas no mundo
(FAO, 2015).
Prática de queimada em área agrícola para
"limpar" os restos da produção anterior, no município de Paraty, Rio
de Janeiro, 2012. Foto: Luana de Almeida Rangel
O manejo hídrico mal realizado degrada terras agricultáveis,
pois a drenagem inadequada encharca o solo por provocar a subida do lençol
freático, ou salinizá-lo, o que ocorre quando a drenagem ineficiente produz
acumulação de sais na superfície e matam as plantas. Este processo é recorrente
em climas áridos ou semiáridos, onde a precipitação é escassa e os sais não são
lavados do solo, como em áreas do semiárido brasileiro.
A ONU estima que a atual taxa de desertificação sejapróxima
de 21 milhões de hectares por ano, área semelhante a do estado do Paraná.
Mudanças no clima são o principal fator por trás deste processo, que pode
ocorrer tanto por causas naturais, quanto pela intervenção humana. Entre as
últimas, intensificam a desertificação a emissão de poluentes, desmatamento e
asobre utilização dos recursos hídricos.
Se não adotarmos práticas de conservação perderemos a base
para a produção de alimentos. As florestas não se desenvolverão e, logo,
faltará água. Por isto, devemos usar 2015, ano Internacional do Solo, para dar
o alerta: sem cuidados vamos esgotar uma das bases para a sobrevivência humana.
Erosão acelerada em área de pastagem na bacia hidrográfica
do rio São Pedro, município de Macaé, estado do Rio de Janeiro. Foto: Hugo
Alves S. Loureiro, 2012
Luana Rangel é geógrafa e doutoranda em Geografia na UFRJ,
com ênfase na área de planejamento e gestão ambiental e degradação dos solos.
Fonte: O Eco
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