No dia 14 de março de 2009 foi realizada a 8ª visita técnica do Projeto Diagnóstico de Campo Turístico-Ambiental de Nova Friburgo, realização do Centro de Estudos e Conservação da Natureza (CECNA) e Equipe de Turismo Receptivo de Nova Friburgo (ETR) com o apoio da Universidade Livre da Floresta Atlântica (UNIFLORA) e da Agenda 21 Local de Nova Friburgo. O trajeto percorrido, de 9,1 Km de extensão, foi a estrada de terra entre as localidades de Stucky e Santiago conhecida como Estrada Velha de Lumiar. O nome se deve ao fato de que um trecho do acesso à localidade de Lumiar se dava por esse caminho até a abertura e posterior asfaltamento da atual RJ-142, que segue paralelamente à primeira, conhecida como Estrada Serramar ou Estrada Mury-Lumiar no trecho que liga essa duas localidades.
Detalhes do trajeto (clique na imagem para ampliar).
Como pode-se verificar pelo mapa de vegetação, essa estrada corta uma mancha de floresta muito bem conservada, devido principalmente ao relevo bastante acidentado e de altitudes elevadas (acima de 1000 m de atitude em quase toda sua extensão). A primeira parte do percurso, de Stucky até a localidade de Alto do 50, são de subida, pois nele ainda se está na bacia do rio Bengalas, q à jusante corta o centro de Nova Friburgo. Quando se chega no Km 3,5 atinge-se o divisor de águas e começa a descida. Nesse momento, entra-se na bacia do rio Macaé e também na Área de Proteção Ambiental Estadual de Macaé de Cima, administrada pelo Instituto Estadual do Ambiente (INEA).
Em toda a estrada há uma ocupação humana esparsa, sobretudo por sítios de recreação e construções de padrão elevado. No entanto, há uma concentração urbana no início da localidade de Alto dos 50 com casas pequenas e simples, muitas sem acabamento em suas fachadas. Não foi verificado presença de serviços públicos como escola, posto de saúde, etc, e o único telefone público não estava funcionando. Também não foi avistado durante a visita nenhum transporte público, como ônibus ou vans. No entanto, o fluxo de veículos particulares foi pequeno mas constante, com carros de modelos novos e inclusive com placas de outros estados, comprovando o nível econômico relativamente elevado dos sitiantes locais.
A estrada é de terra em toda sua extensão, alguns trechos em bom estado mas como um todo encontra-se mal conservada, sobretudo no trecho final, o que deve explicar em parte a ausência de transporte público e de outros serviços. Foram verificados pouquíssimos deslizamentos de terra nas encostas, o que se deve ao bom estado de conservação da floresta e da pequena ocupação antrópica.
Quanto à vegetação, domina a formação floresta ombrófila densa em avançado estágio de regenaração. Apenas nas áreas mais planas próximas à estrada, dentro dos sítios de recreação, não se vê a mata densa devido aos gramados e terrenos “limpos”. Encontra-se alguns eucaliptais e poucas pastagens. A maior área de prática pecuária localiza-se quase no final do percurso e mesmo assim limita-se ao sopé de um morro, tendo o mesmo floresta em sua parte mais alta e no topo. Também há vários pontos onde está ocorrendo a regeneração da floresta.
O que chamou a atenção da equipe foram algumas placas indicando um projeto de manejo florestal em um dos sítios localizados no trajeto percorrido. Nelas citam-se algumas práticas adotadas no projeto como “supressão de vegetação exótica”, certamente se referindo ao eucaliptal que pode ser avistado dentro da propriedade. Certamente essa constitui-se em uma bela iniciativa, podendo incentivar outros projetos semelhantes na região.
Em relação à paisagem, não há muitos pontos de vista panorâmica, destacando-se dois mirantes nos Km 5,5 e 6,0 existentes apenas porque parte da estrada caiu e portanto abriu uma clareira que através da qual pode-se observar uma bela vista para um vale coberto pela Mata Atlântica. Não há rios volumosos e, portanto, locais para banho e cachoeiras de grande porte. Vale destacar a presença constante em todo o percurso de uma grande quantidade de borboletas, de várias espécies, entre as quais destaca-se uma espécie branca esverdeada e que, na clareira citada acima, pôde-se avistar centenas delas permeando e pontilhando de branco a floresta do outro lado do vale, configurando uma cena realmente espetacular e até mesmo emocionante.
No Km 5,7 aproximadamente, há uma saibreira aparentemente abandonada, sendo um dos maiores impactos ambinetais presenciados no percurso e que proporciona um aspecto muito negativo ao potencial turístico do percurso.
Maior área de pastagem no percurso, no entanto, o topo do morro encontra-se conservado, com uma vegetação em estágio avançado de regeneração.
Concluindo, esse percurso, pela Estrada Velha de Lumiar, ou que bem pode ser chamado de Caminho das Borboletas, devido à intensa presença desse artrópode, tem um potencial muito grande para o turismo e o ecoturismo. É um percurso relativamente leve, de fácil acesso, com muitas belezas cênicas e muito bem conservado. Portanto, merece uma atenção especial do poder público para que o mesmo providencie a melhoria dos serviços prestados, sobretudo no que diz respeito ao saneamento das localidades, em especial no Alto dos 50, e ao transporte público, além de estruturas para o recebimentos dos visitantes, que podem contribuir muito para o crescimento econômico local aliado ao respeito ao meio ambiente.
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