quarta-feira, 1 de abril de 2009

8ª visita técnica do Diagnóstico de Campo Turístico-Ambiental de Nova Friburgo: Stucky - Santiago

No dia 14 de março de 2009 foi realizada a 8ª visita técnica do Projeto Diagnóstico de Campo Turístico-Ambiental de Nova Friburgo, realização do Centro de Estudos e Conservação da Natureza (CECNA) e Equipe de Turismo Receptivo de Nova Friburgo (ETR) com o apoio da Universidade Livre da Floresta Atlântica (UNIFLORA) e da Agenda 21 Local de Nova Friburgo. O trajeto percorrido, de 9,1 Km de extensão, foi a estrada de terra entre as localidades de Stucky e Santiago conhecida como Estrada Velha de Lumiar. O nome se deve ao fato de que um trecho do acesso à localidade de Lumiar se dava por esse caminho até a abertura e posterior asfaltamento da atual RJ-142, que segue paralelamente à primeira, conhecida como Estrada Serramar ou Estrada Mury-Lumiar no trecho que liga essa duas localidades.



Detalhes do trajeto (clique na imagem para ampliar).

Como pode-se verificar pelo mapa de vegetação, essa estrada corta uma mancha de floresta muito bem conservada, devido principalmente ao relevo bastante acidentado e de altitudes elevadas (acima de 1000 m de atitude em quase toda sua extensão). A primeira parte do percurso, de Stucky até a localidade de Alto do 50, são de subida, pois nele ainda se está na bacia do rio Bengalas, q à jusante corta o centro de Nova Friburgo. Quando se chega no Km 3,5 atinge-se o divisor de águas e começa a descida. Nesse momento, entra-se na bacia do rio Macaé e também na Área de Proteção Ambiental Estadual de Macaé de Cima, administrada pelo Instituto Estadual do Ambiente (INEA).

Início do percurso, em Stucky.



Em toda a estrada há uma ocupação humana esparsa, sobretudo por sítios de recreação e construções de padrão elevado. No entanto, há uma concentração urbana no início da localidade de Alto dos 50 com casas pequenas e simples, muitas sem acabamento em suas fachadas. Não foi verificado presença de serviços públicos como escola, posto de saúde, etc, e o único telefone público não estava funcionando. Também não foi avistado durante a visita nenhum transporte público, como ônibus ou vans. No entanto, o fluxo de veículos particulares foi pequeno mas constante, com carros de modelos novos e inclusive com placas de outros estados, comprovando o nível econômico relativamente elevado dos sitiantes locais.

Alto dos 50.

Próximo à localidade Parque das Cascatinhas.

A estrada é de terra em toda sua extensão, alguns trechos em bom estado mas como um todo encontra-se mal conservada, sobretudo no trecho final, o que deve explicar em parte a ausência de transporte público e de outros serviços. Foram verificados pouquíssimos deslizamentos de terra nas encostas, o que se deve ao bom estado de conservação da floresta e da pequena ocupação antrópica.

Quanto à vegetação, domina a formação floresta ombrófila densa em avançado estágio de regenaração. Apenas nas áreas mais planas próximas à estrada, dentro dos sítios de recreação, não se vê a mata densa devido aos gramados e terrenos “limpos”. Encontra-se alguns eucaliptais e poucas pastagens. A maior área de prática pecuária localiza-se quase no final do percurso e mesmo assim limita-se ao sopé de um morro, tendo o mesmo floresta em sua parte mais alta e no topo. Também há vários pontos onde está ocorrendo a regeneração da floresta.

O que chamou a atenção da equipe foram algumas placas indicando um projeto de manejo florestal em um dos sítios localizados no trajeto percorrido. Nelas citam-se algumas práticas adotadas no projeto como “supressão de vegetação exótica”, certamente se referindo ao eucaliptal que pode ser avistado dentro da propriedade. Certamente essa constitui-se em uma bela iniciativa, podendo incentivar outros projetos semelhantes na região.


Base de campo do projeto e o eucaliptal ao fundo.

Em relação à paisagem, não há muitos pontos de vista panorâmica, destacando-se dois mirantes nos Km 5,5 e 6,0 existentes apenas porque parte da estrada caiu e portanto abriu uma clareira que através da qual pode-se observar uma bela vista para um vale coberto pela Mata Atlântica. Não há rios volumosos e, portanto, locais para banho e cachoeiras de grande porte. Vale destacar a presença constante em todo o percurso de uma grande quantidade de borboletas, de várias espécies, entre as quais destaca-se uma espécie branca esverdeada e que, na clareira citada acima, pôde-se avistar centenas delas permeando e pontilhando de branco a floresta do outro lado do vale, configurando uma cena realmente espetacular e até mesmo emocionante.

Açude.


Espécie de borboleta predominante do trajeto.


Vista do mirante 1.

No Km 5,7 aproximadamente, há uma saibreira aparentemente abandonada, sendo um dos maiores impactos ambinetais presenciados no percurso e que proporciona um aspecto muito negativo ao potencial turístico do percurso.

Saibreira.

Vista do mirante 2.

Maior área de pastagem no percurso, no entanto, o topo do morro encontra-se conservado, com uma vegetação em estágio avançado de regeneração.


Grande propriedade, com várias casas e benfeitorias do final do percurso.

Final do trajeto, na bifurcação que leva ou para Santiago ou para Galdinópolis.

Concluindo, esse percurso, pela Estrada Velha de Lumiar, ou que bem pode ser chamado de Caminho das Borboletas, devido à intensa presença desse artrópode, tem um potencial muito grande para o turismo e o ecoturismo. É um percurso relativamente leve, de fácil acesso, com muitas belezas cênicas e muito bem conservado. Portanto, merece uma atenção especial do poder público para que o mesmo providencie a melhoria dos serviços prestados, sobretudo no que diz respeito ao saneamento das localidades, em especial no Alto dos 50, e ao transporte público, além de estruturas para o recebimentos dos visitantes, que podem contribuir muito para o crescimento econômico local aliado ao respeito ao meio ambiente.

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