quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

14ª visita técnica do Diagnóstico de Campo Turístico-Ambiental de Nova Friburgo, RJ: Rio Bonito de Cima – Sertão do Rio Bonito

No dia 23 de outubro de 2009 foi realizada a 14ª visita técnica do Projeto Diagnóstico de Campo Turístico-Ambiental de Nova Friburgo (DCTA-NF), realização do Centro de Estudos e Conservação da Natureza (CECNA) e Equipe de Turismo Receptivo de Nova Friburgo (ETR) com o apoio da Universidade Livre da Floresta Atlântica (UNIFLORA) e da Agenda 21 Local de Nova Friburgo. O trajeto percorrido, de 5,7 Km de extensão, foi entre a localidade de Rio Bonito de Cima e o local conhecido como Sertão do Rio Bonito.

Mapa 1: localização do estado do RJ e do município de Nova Friburgo.
 
Mapa 2: localização do percurso.

Mapa 3: cobertura vegetal de Nova Friburgo.

Mapa 4: Detalhes do trajeto (clique na imagem para ampliar).

A região visitada, como se pode constatar no mapa de vegetação acima, é uma das mais conservadas do município de Nova Friburgo. Há décadas atrás, o solo era muito utilizado por culturas agrícolas das mais variadas. No entanto, devido a uma série de fatores, como relevo acidentado, sucessivas crises econômicas e dificuldade de acesso, as atividades econômicas ligadas ao cultivo da terra foram abandonadas e isso permitiu que a floresta nativa se regenerasse a níveis avançados. A estrada do Sertão do Rio Bonito acompanha em grande parte o leito do Rio Bonito, o principal afluente do rio Macaé no município. As águas desse rio comprovam a alta qualidade ambiental dessa bacia hidrográfica, fato que pode ser verificado in loco pela equipe do DCTA-NF no dia da visita técnica, pois no dia anterior havia chovido bastante na região e continuava a chover naquele momento e mesmo assim a água do rio era cristalina, como o leitor poderá verificar nas fotos adiante. É de praxe quando chove muito em uma região degradada os rios apresentarem-se barrentos, devido à grande quantidade de terra carreada pelas águas da chuva através do escoamento superficial, provocado pela ausência de vegetação protetora do solo. No entanto, não foi o caso nessa ocasião.

Diferentemente da maioria do domínio do bioma Mata Atlântica no Brasil, a região visitada não apresenta praticamente nenhuma atividade agropecuária. A pecuária, em especial, apresenta-se como uma das atividades menos rentáveis e mais degradadoras do meio ambiente na atualidade. Devido à extensa área necessária ao trânsito do gado; à alta emissão de gás metano pelo sistema digestivo dos animais, o que contribui para o aquecimento global; à ausência de vegetação protetora do solo, dos rios e da fauna silvestre, além da desigual distribuição de terras, é praticamente impossível conciliar essa atividade com uma proposta de desenvolvimento sustentável de qualquer região. É por causa desses fatores que se torna imperiosa a necessidade de se evitar essa prática em Rio Bonito.

Apesar desse abandono histórico que acabou sendo benéfico para a biodiversidade local, na atualidade o crescimento demográfico e a valorização da terra para fins imobiliários devido à proximidade com a grande metrópole do Rio de Janeiro e à citada qualidade ambiental, tem feito com que pessoas procurem a região para lá se instalarem em busca de tranqüilidade e qualidade de vida. Essas pessoas, sitiantes como são chamados, trazem consigo novidades que podem tanto beneficiar como prejudicar a rica diversidade natural, dependendo de sua consciência e suas atitudes no que tange seu relacionamento com o meio ambiente. Pôde-se conferir algumas construções recentes na margem de cursos d'água, o que é proibido pela legislação ambiental vigente, e há casos reconhecidos de corte de vegetação nativa, caça de animais silvestres, queimadas, além de parcelamento do solo para instalação de loteamentos irregulares.

A beleza das paisagens, compostas por rios, florestas e montanhas, além da orquestra natural que pôde ser ouvida durante todo o percurso composta pelos cantos das mais variadas espécies de aves e outros animais, tornam o Sertão do Rio Bonito uma das localidades com maior potencial de desenvolvimento da atividade ecoturistica no município de Nova Friburgo. Os inúmeros pontos de banho do rio Bonito, como podem ser comprovados pelas fotos adiante, fazem com que a atividade ecoturística controlada possa se tornar uma das principais aliadas na conservação da natureza local, pois, ao contrário do senso comum, uma área desconhecida torna-se mais vulnerável a práticas prejudiciais à sua conservação.

As localidades de Rio Bonito de Cima e Sertão do Rio Bonito encontram-se dentro de áreas naturais teoricamente protegidas pelo governo estadual, como a Área de Proteção Ambiental Estadual de Macaé de Cimas e o Parque Estadual dos Três Picos. No entanto, para se passar da teoria para a prática na questão da conservação da natureza na região é necessário um esforço muito maior tanto por parte do governo quanto por parte da população local, em um trabalho conjunto, visando difundir práticas ecologicamente corretas. Somente essa união poderá garantir uma forma de desenvolvimento sustentável local que garanta a manutenção da floresta nativa e de toda a biodiversidade que ela contém coexistindo com a presença de seres humanos que podem se tornar seus protetores, esses usufruindo de todos os serviços ambientais oferecidos pela floresta.

Foto 1: Início do percurso, em frente à Pousada da Cabritinha.

Foto 2: algumas dezenas de metros à frente, uma propriedade antiga, na qual passa um afluente do rio Bonito.

Foto 3: a primeira de uma série de pontes sobre o rio Bonito que dão acesso à propriedades na outra margem do mesmo. Dessas pontes pode-se ter vistas privilegiadas do rio, servindo como pontos de referência do trajeto.


Foto 4: bela visão do rio Bonito.

 
Foto 5: local propício ao banho.

 
Foto 6: outro exemplo de ponto de banho.


Foto 7: um dos sítios de lazer na estrada do Sertão do Rio Bonito.

 Foto 8: aspecto da estrada.


Foto 9: amostra da floresta em estágio avançado de regeneração.
  
Foto 10: outro ponto de banho, segundo relatos de moradores, o local mais procurado pelos visitantes na estrada.

Foto 11: outra vista do local citado na foto anterior.


Foto 12: trecho mais acidentado do rio Bonito.


Foto 13: foto panorâmica de outro poço bastante visitado em dias quentes de verão.


Foto 14: mais uma vez uma amostra da pureza da água do rio Bonito.

Foto 15: trecho de mata ciliar do rio Bonito, mata essa que garante a proteção das margens do rio.

Foto 16: inspiração musical homenageada no nome de uma propriedade local.


Foto 17: aspecto de um dos sítios de veraneio que compõem a paisagem do Sertão do Rio Bonito.

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