segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

15ª visita técnica do Diagnóstico de Campo Turístico-Ambiental de Nova Friburgo, RJ: Galdinópolis - Rio Bonito de Cima


No dia 29 de novembro de 2009 foi realizada a 15ª visita técnica do Projeto Diagnóstico de Campo Turístico-Ambiental de Nova Friburgo (DCTA-NF), realização do Centro de Estudos e Conservação da Natureza (CECNA) e Equipe de Turismo Receptivo de Nova Friburgo (ETR) com o apoio da Universidade Livre da Floresta Atlântica (UNIFLORA) e da Agenda 21 Local de Nova Friburgo. O trajeto percorrido, de 8,7 Km de extensão, foi entre a localidade de Galdinópolis e Rio Bonito de Cima.

Mapa 1: Localização do município de Nova Friburgo.

Mapa 2: localização do percurso.

Mapa 3: mapa de vegetação de Nova Friburgo.


Mapa 4: Detalhes do trajeto (clique na imagem para ampliar).

Esse percurso dá continuidade ao diagnóstico da região mais conservada da bacia hidrográfica do rio Macaé e de todo o município. Como pode-se observar no mapa de vegetação acima, a equipe atravessou parte de uma grande mancha de vegetação nativa em estágio avançado de regeneração e, provavelmente, até floresta clímax. Isso significa que as árvores encontradas na mata são árvores de grande porte, ou seja, árvores antigas e que possuem uma grande biomassa, contribuindo dessa forma para a proteção de uma rica biodiversidade e para a retenção do carbono na superfície terrestre. Quando florestas com essas características são destruídas, ocorre a liberação desse carbono retido para a atmosfera, contribuindo para a intensificação artificial do efeito estufa natural do planeta, o que ocasiona o aquecimento global.

Basicamente pode-se dividir esse trajeto em três partes. A primeira corresponde do Km 0 até o Km 4,7, onde percorre-se uma estrada de terra e avista-se uma cobertura do solo com algumas culturas, como mandioca, banana, feijão, entre outros, além de pastagens e sítios de lazer, mesclados com uma vegetação nativa em estágios médios de regeneração predominante na paisagem. Nesse trecho destacam-se três pontos identificados como mirantes naturais, que dão vista para vales e montanhas, com destaque para o pico da Sibéria.

A segunda parte vai do Km 4,7 até o Km 5,6, onde atravessa-se um magnífico remanescente de floresta nativa, provavelmente em estágio clímax, ou seja, máximo desenvolvimento, onde pode-se observar diversas espécies de grande porte que atingem o dossel superior da floresta, onde destaca-se, no Km 5,1, um exemplar de jequitibá–rosa (Cariniana legalis) de aproximadamente 30 metros de altura e provavelmente de 200 a 300 anos de idade, além inúmeros exemplares bastante desenvolvidos de palmeira Jussara que dominam o estrato inferior da mata e grande quantidade de lianas (cipós) e epífitas (orquídeas e bromélias).

Já a terceira e última parte tem início no Km 5,6, onde há uma grande pastagem, na qual a equipe quase perde o caminho, e após entra em uma trilha bastante íngreme onde, no Km 6,3, após passar pelo divisor de águas das microbacias do rio Macaé e Bonito tem-se um mirante natural que dá vista para a baixada litorânea, destacando-se na paisagem a lagoa de Juturnaíba, a qual constitui-se no represamento artificial do rio São João no município vizinho de Silva Jardim, limítrofe ao sul de Nova Friburgo. Nesse último trecho, há a predominância de floresta nativa em estágio médio de regeneração, dentro da qual pode-se observar uma menor diversidade de espécies vegetais em relação ao trecho anterior. Certamente a cobertura dessa área era composta por culturas agrícolas e/ou pastagens em um passado relativamente recente.

Essa realidade paisagística, composta predominantemente por cobertura florestal nativa na região, atesta a máxima importância de se incentivar práticas de utilização da terra sustentáveis, ou seja, que permitam que haja o desenvolvimento de atividades econômicas que garantam a manutenção e a expansão dessas florestas para áreas onde hoje se constituem em monoculturas, como o eucalipto, e pastagens principalmente, haja vista, como já foi dito anteriormente, ser a atividade pecuária extremamente nociva à biodiversidade local e aos serviços ambientais prestados, como a amenização do clima e a proteção dos cursos d'água principalmente. Essas atividades podem ser de diversas naturezas, como ecoturismo e o cultivo agroflorestal.

Há também a responsabilidade pública, traduzida na possibilidade do pagamento por parte do governo aos proprietários que conservem sua mata. Os proprietários podem também colaborar com o ordenamento territorial ambiental da região protegendo suas áreas de preservação permanente (APP's), áreas essas que contituem-se nos terrenos com inclinação maior que 45 graus, margens de nascentes, córregos e rios e topos de morros; tornando suas propriedades áreas legalmente protegidas através da criação de reservas particulares do patrimônio natural (as RPPN's); e averbando em cartório as suas reservas legais, conforme previsto no Código Florestal Brasileiro.

Foto 1: a ponte sobre o rio Macaé, no início do percurso, em Galdinópolis.

Foto 2: o próprio rio Macaé, visto da mesma ponte citada acima.

Foto 3: aqui vê-se uma pequena ilha no rio Macaé. Na parte de baixo da imagem, vê-se uma propriedade cuja mata ciliar encontra-se ausente, além de haver construções irregulares na margem do rio.
 
Foto 4: trecho da estrada. Na paisagem ao fundo, domínio de vegetação nativa com uma pastagem no sopé de um morro.

Foto 5: Mirante 1, no Km 1,2.

Foto 6: Mirante 2, no Km 2, com o pico da Sibéria ao fundo.

Foto 7: propriedade no Km 2,9, perto da qual há uma bifurcação para Macaé de Cima.

Foto 8: Mirante 3, no Km 3,3. Aqui já se tem uma vista para o sul, em direção à Rio Bonito de Cima.

Foto 9: nessa imagem pode-se observar basicamente três fisionomias de vegetação. Na faixa superior, vegetação nativa em estágio avançado de regeneração. Na faixa central, vegetação em estágio médio. Por fim, abaixo, vê-se vegetação herbácea e ate mesmo um pequeno trecho de solo exposto, em um terreno provavelmente sendo preparado para cultivo.

Foto 10: Casa velha, no Km 4,7, próxima ao início da trilha.


Foto 11: na mesma propriedade do Km 4,7 há um grande espelho d'água de um represamento de um curso d'água local.


Foto 12: já na trilha, nesse ponto visto na imagem, foi observado um clarão devido à queda natural de uma velha e grande árvore, o que inclusive dificultou a passagem da equipe pela trilha. Do ponto de vista ecológico, é esse o fenômeno que possibilita as mudas de árvores secundárias tardias e clímax obterem a luz necessária para o processo de fotossíntese que permitirá a elas crescerem e o ocupar o espaço que anteriormente pertencia à indivíduos arbóreos antigos. Na imagem, destacam-se grandes exemplares de palmeira Jussara, as quais pertencem ao dossel inferior, ou seja, que gostam de sombra e que por isso nunca chegarão ao dossel superior caso não haja nenhuma interferência antrópica. Essas palmeiras são muito procuradas pelos chamados "palmiteiros", que as cortam e vendem para atravessadores, configurando em uma atividade econômica proibida por lei, pois ela é uma espécie nativa da Mata Atlântica.


Foto 13: no Km 5,1 destaca-se um belíssimo exemplar de jequitibá-rosa, a maior espécie do bioma Mata Atlântica, comprovando a importância ecológica da floresta dessa região.


Foto 14: no Km 5,6 há uma grande pastagem de difícil acesso. Foram vistos aproximadamente 8 bovinos no local, sendo esse mais um exemplo de subutilização do solo em uma área que certamente poderia abrigar uma grande mancha florestal. Note os morros florestados ao fundo.

Foto 15: Mirante 4 no Km 6,3. Bela vista da baixada litorânea, com destaque para a lagoa de Juturnaíba, no município de Silva Jardim.


Foto 16: no final do percurso, o ponto no qual se chega à estrada de Rio Bonito de Cima.


Foto 17: um pouco mais a frente, o ponto final do percurso, onde um pequeno córrego se encontra com o rio Bonito, o qual, quilômetros à jusante, deságua no rio Macaé, na localidade conhecida como Encontro dos Rios, um dos principais pontos turísticos de Nova Friburgo.

2 comentários:

Anônimo disse...

Parabéns a vcs pelo ótimo trabalho publicado.

Elcio Mota disse...

Bom dia !! Excelente trabalho e muito bem elaborado. A natureza realmente agradece. Tenho casa em Galdinópolis e vejo hoje o descaso da manutenção de estrada e pontes pela Prefeitura que alega falta de verba mas é uma desculpa meio duvidosa. A ponte de madeira que aparece em uma de suas fotos hoje está em estado precário oferecendo risco de acidente para quem passa e este acesso leva a locais de suma importância para o turismo ecológico e sítios produtores.
Gostaria de saber como podemos recorrer para uma rápida recuperação desta ponte, os moradores pensam e fazer por conta própria mas acredito não ser permitido.
Agradeço em prol do distrito de Lumiar e Galdinópolis.