sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

7ª visita técnica do Projeto Diagnóstico de Campo Turístico-Ambiental de Nova Friburgo, RJ: Macaé de Cima - Santiago

No dia 1º de fevereiro de 2009 foi realizada a 7ª visita técnica do Projeto Diagnóstico de Campo Turístico-Ambiental de Nova Friburgo, realização do Centro de Estudos e Conservação da Natureza (CECNA) e Equipe de Turismo Receptivo de Nova Friburgo (ETR) com o apoio da Universidade Livre da Floresta Atlântica (UNIFLORA) e da Agenda 21 Local de Nova Friburgo. O trajeto percorrido foi a estrada que liga a localidade de Macaé de Cima, no distrito de Mury, à localidade de Santiago, no distrito de Lumiar. Durante a visita o tempo esteve com céu aberto, com aumento de nuvens no meio tarde e alguns momentos de chuva leve, com temperatura entre 20° e 25°C. Para chegar ao início do percurso, num ponto de Macaé de Cima conhecido como Macaé “de Baixo”, onde se encontra uma casa de apoio da Sociedade de Macaé de Cima, foram percorridos cerca de 4,5 Km a partir do Hotel Garlipp, na localidade de Debossan, no asfalto da RJ-116.


Detalhes do projeto (clique na imagem para ampliar).
 
Como já verificado e relatado em visitas técnicas anteriores essa região é muito bem preservada, estando inserida em um grande contínuo remanescente de Mata Atlântica na área central do estado do Rio de Janeiro, dominada geomorfologicamente pela Serra dos Órgãos, denominação local desse trecho da Serra do Mar, formação que se estende por vários estados brasileiros. Devido sobretudo a esse relevo acidentado é que hoje podemos testemunhar as belas áreas florestadas presentes na região. Devido também a essa combinação de florestas de grande porte com relevo com grande variabilidade altimétrica e, consequentemente, climática, é que essa porção da Mata Atlântica é considerada a de maior biodiversidade do estado e uma das maiores do país, o que a faz prioritária para ações de conservação ambiental.

No entanto, apesar das condições gerais de conservação ambiental serem boas em relação a situação geral de uso desregulado e degradação no domínio do bioma Mata Atlântica como um todo, pode-se verificar a presença de muitos problemas localizados, merecedores de atenção por parte do pode público para que a situação não fuja do controle. Como se pode verificar pelo mapa de vegetação, a estrada acompanha em sua maior parte o leito do rio Macaé, o principal da bacia hidrográfica, a qual leva o seu nome. Devido à característica histórica de toda a região de a ocupação humana acompanhar os principais cursos d’água, a supressão da vegetação nativa se dá a partir das margens desses cursos e tende a se alargar de acordo com as possibilidades do relevo. No caso específico dessa estrada, nota-se que o uso do solo mais intenso se dá nas margens direitas do córrego Mirandela e do rio Macaé, com a presença de casas, sítios de recreação e pastagens. Um ponto interessante dessa visita é que foi avistada uma menor quantidade de eucaliptais em relação a outros pontos da bacia, apesar de se fazerem presentes durante praticamente todo o percurso.


Na paisagem dos morros há uma predominância de florestas em avançados estágios de regeneração e clímax e afloramentos rochosos, sobretudo no início do percurso, onde as encostas são mais íngremes.


À medida que se avança, a composição da paisagem torna-se mais mesclada, com manchas de capoeiras baixas e médias, pastagens e alguns bananais. Em poucos pontos onde as pastagens alcançam maior inclinação, há algumas cicatrizes de deslizamentos e solos relativamente expostos devido à presença dos degraus formados pelo pisoteio do gado. Na altura do Km 2,7 verifica-se uma grande área de pastagem pela qual passa o córrego Mirandela, citado anteriormente. Aí nota-se a ausência da mata ciliar, responsável pela proteção dos cursos d’água, evitando a erosão das margens e o assoreamento dos leitos.


Mais a frente também nota-se a ausência da mata ciliar do rio Macaé, mas principalmente devido ao fato de os moradores e proprietários dos sítios de recreação “limparem” suas respectivas cotas de margens de rio e plantarem gramados nestes.


No verão, estação do ano onde o volume de chuvas é maior, há o problema, que pôde ser testemunhado em vários pontos, de deslizamentos de terra nas encostas que beiram as estradas. Em regiões montanhosas, como a que está inserida o município de Nova Friburgo, há a necessidade de uma alteração muito intensa no relevo para abrigar o leito das estradas e isso ocasiona uma instabilidade do solo que se torna mais evidente nessa época, onde a massa movimentada pelo peso da água invade a estrada e causa transtornos devido à interrupção do fluxo de veículos e às vezes de pessoas, quando não ocorrem até mesmo acidentes e grandes prejuízos financeiros e de vidas.

Um outro problema verificado durante o percurso foi a quantidade de motocicletas percorrendo a grandes velocidades a estrada. De acordo com moradores locais em uma conversa durante a visita, os motociclistas por vezes entram em trilhas que não comportam esse tipo de trânsito, colocam em risco a vida de pessoas, sobretudo crianças, que utilizam a estrada e causam mal-estar aos moradores e também à fauna local devido ao alto e incômodo barulho das motos.Em relação ao potencial ecoturístico, o trajeto apresenta grandes atrativos, como mirantes (Km 6,5), trilhas e pontos de banho, especialmente ao longo do trecho da estrada que acompanha o rio Macaé, onde se destaca (no Km 8,6) a ponte Indiana Jones e a prainha.


Encontro do córrego Mirandela com o rio Macaé.
 

Rio Macaé.
 

Vista do Mirante do Km 6,5.
 

Ponte Indiana Jones.
 
Prainha.
 

Rio Macaé.
 
Concluí-se ser de suma importância a atenção do poder público para o cuidado com esse percurso, ainda bastante preservado e pouco conhecido, mas com alguns problemas que podem trazer prejuízos coletivos de maior amplitude no futuro caso não sejam combatidos.

2 comentários:

Anônimo disse...

Bom dia! Adorei o blogg. Vou tentar divulgá-lo p/ o maior nº de pessoas possível.Sou advogada, me especializando em Direito Ambiental. Gostaria de participar de qualquer assunto que envolvesse a defesa do meio ambiente. Caso necessitem de algo que eu possa ajudar, segue o email (labondezu@ig.com.br). Parabéns, pelas iniciativas. O meio ambiente
ecologicamente equilibrado, depende de conscientização! Vamos lutar!
Att,
Zuleica Labonde

Centro de Estudos e Conservação da Natureza disse...

obrigado pelos elogios! convido-a a participar de nossas reuniões todas as segundas feiras 18h em nossa sede.
abs!