No dia 19 de abril de 2009 foi realizada a 9ª visita técnica do Projeto Diagnóstico de Campo Turístico-Ambiental de Nova Friburgo (DCTA-NF), realização do Centro de Estudos e Conservação da Natureza (CECNA) e Equipe de Turismo Receptivo de Nova Friburgo (ETR) com o apoio da Universidade Livre da Floresta Atlântica (UNIFLORA) e da Agenda 21 Local de Nova Friburgo. O trajeto percorrido, de 10,9 Km de extensão, foi entre as localidades de Santiago e Galdinópolis. Esse trecho acompanha em sua maior parte o leito do rio Macaé, que dá o nome à bacia hidrográfica em estudo no momento pela equipe do DCTA-NF e que coincide com os limites da Área de Proteção Ambiental Estadual de Macaé de Cima, gerida pelo Instituto Estadual do Ambiente - INEA.
Em relação à média de distância e tempo esse percurso foi menor que os anteriores, no entanto, nada deixa a dever nas belas paisagens encontradas ao longo do caminho. A cobertura florestal predomina nas partes altas dos morros e montanhas que circundam o vale preenchido pelo leito do rio Macaé. A degradação ambiental ocorre mais nas proximidades das margens do rio, onde o relevo se aplaina facilitando o acesso e o uso do solo através de atividades agrícolas e pecuárias. Essas se dão com maior intensidade à medida que se aproxima de Galdinópolis, à jusante, como pode ser verificado pelo mapa de vegetação abaixo.
À montante, no ínicio do percurso, num ponto que não há uma definição muito clara se pertence à localidade de Santiago ou à de Macaé de Cima (nesse trabalho consideraremos Santiago), onde a floresta clímax e em avançado estágio de regeneração chega próxima ao leito do rio, há algumas pequenas pastagens onde não se verifica a presença de gado. Na estrada, de terra batida, avista-se alguns pequenos deslizamentos em encostas, sobretudo em trechos onde o leito da estrada foi alargado, causando uma alteração na base de sustentação da encosta suficiente para causar um movimento de massa. Em época de chuvas mais intensas, no verão, a recorrência desse tipo de evento deve ser maior, prejudicando o dia-a-dia das comunidades locais.
No Km 0,7, uma estrada secundária à direita da estrada principal chamou a atenção da equipe, pois encontrávamos muito próximos ao rio, podendo ouvir com bastante clareza o barulho das águas. Resolvemos segui-la e em dois minutos chegamos à uma ponte que conecta o caminho à uma estrada do outro lado do rio que, segundo um morador local, leva à Macaé de Cima, um atalho que não previmos no planejamento do percurso. A surpresa maior, contudo, foi a vista de um trecho belíssimo do rio Macaé, onde as águas se acalmam formando quase que uma piscina natural. O volume do rio estava baixo. Isso somado ao tempo sem nuvens e os raios do sol incidindo diretamente sobre a superfície da água tornavam o momento extremamente convidativo a um banho, não fosse a temperatura da água, que mesmo com a incidência solar direta no momento, que não foi suficiente para torná-la propícia a um contato direto com a pele.
O ponto negativo desse local, que um pouco mais a frente pudemos constatar ser um problema ambiental mais amplo na região, foi a presença de montes de areia retirada das margens do rio. Há poucos metros dali, uma casa aparentemente recém construída deve ter sido o destino de parte daquela areia. Da ponte, pôde-se verificar que a quantidade de material retirado é suficiente para iniciar um processo de erosão daquele ponto da margem do rio que certamente será agravado na época das chuvas. Por fim, testemunhou-se também que um caminho foi aberto pela mata ciliar por um veículo (uma caminhonete provavelmente) utilizado para transportar a areia para outro local.
Seguindo em frente pudemos observar sítios de recreação esparsos e algumas lavouras de banana, feijão, mandioca, entre outros, mesclados com áreas de pastagens. No Km 3 aproximadamente começa o trecho em que já é considerado Galdinópolis pelas comunidades, segundo um morador local. Dali já é possível contemplar um majestoso afloramento rochoso que depois soubermos ser a Pedra de Galdinópolis. É uma rocha abaulada, mas com uma vertente (a que fica voltada para a estrada) bastante íngreme, o que obviamente torna não-possível a formação de solo, daí ser um afloramento, e pontilhada de bromélias imperiais.
Um pouco mais adiante, no Km 4,1, num curto trecho plano do percurso, uma trilha à direita, de aproximadamente 50m, que corta a vegetação arbustiva e herbácea ciliar, dá acesso à uma pequena praia formada num meandro do rio Macaé. A paisagem é uma das mais belas encontradas até o momento pela equipe em todo o DCTA-NF, composta por uma praia, as águas verdes e incrivelmente calmas do rio, algumas corredeiras mais à frente, uma mata ciliar bem conservada na outra margem e a Pedra de Galdinópolis ao fundo, formando um cenário único e emocionante até. Mais uma vez o ponto negativo foi a constatação de retirada de areia para utilização em construção próximas.
Depois daí, a ocupação antrópica começa a se intensificar. As pastagens começam a subir mais alto nos morros e o despejo de esgoto no rio e a sua provável contaminação por fossas sépticas mal construídas se torna maior. Ainda assim, o rio tem uma grande capacidade de auto-depuração devido à oxigenação das águas proporcionada pelo encachoeiramento do curso devido ao relevo acidentado da região.
Outro problema grave e de difícil solução é a destruição da mata ciliar devido à substituição por gramados nos sítios de recreação pelos quais o curso do rio passa e por lavouras em sítios agrícolas. No Km 4,9, no Sítio Santa Clara, uma extensa área gramada nitidamente cobre onde outrora existiu uma mata ciliar. Muito provavelmente o proprietário utilizou de fogo para "limpar" o terreno e de "defensivos" agrícolas para controlar o crescimento de ervas "daninhas" e "pragas" no local, para poder mostrar o seu "belo" gramado verde para a "multidão" que ali passa todos os dias.
Até o Km 6,8, onde há a ponte de Galdinópolis, próxima ao centro da localidade de Galdinópolis, há pontes, nascentes e pontos de banho no rio Macaé, alem de pastagens, lavouras, poucos eucaliptais e sítios de recreação. Ao atravessar a ponte, entra-se na estrada que mais a frente dá acesso à localidade de Rio Bonito de Baixo. Mas bem antes, apenas uns 500m depois da ponte, tem-se acesso à pequena estrada que leva à Cachoeira Branca, um dos destinos turísticos mais procurados da região. Lá o proprietário mantém a visitação pública e cobra uma taxa de dois reais de entrada, mantendo alguns equipamentos como mesas, campo de futebol, churrasqueira e também alguns chalés para pernoite. É um bom trabalho de manutenção e limpeza do local, provando que é possível conservar um local e manter o acesso público ao mesmo tempo.
Da Cachoeira Branca, retorna-se a ponte e segue-se em direção ao centro de Galdinópolis, onde há bares, mercearias, telefone público e ponto de ônibus. Optamos por seguir em frente, a pé, até chegar ao asfalto da RJ-142. Nesse último trecho, avista-se lavouras, pastagens, fragmentos de floresta em diferentes estágios de regeneração e não há grandes atrativos naturais a não ser um mirante no Km 11,1 e a vista das montanhas de Lumiar e adjacências, incluindo o Pico da Sibéria, já bem próxima ao asfalto onde termina o trajeto, percorrido em aproximadamente 6 horas.
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